Cowboys e Aliens

Cowboys e Aliens

Não existe, significado, metáfora, leitura ou semiótica suficiente para que um filme chamado Cowboys e Aliens possa ser mais que… bom, um filme com Cowboys e Aliens. Assim como não existiria possibilidade que essa mistura se tornasse, no mínimo, Cowboys e Aliens Posterdivertida.

Adaptado de uma HQ lançada pela Platinum Studios (uma empresa americana especializada em procurar potencial em histórias em quadrinhos e explorá-los em outras mídias), Cowboys e Aliens chega então aos cinemas sob a batuta de nomes de peso como Steven Spielberg na produção e Jon Favreau (dos dois Homem de Ferro) na direção, além de, é claro, um título que afasta de vez qualquer um que procure algo no cinema distante do que ele parece se propor.

A impressão dessa opção (e que não parece ter feito muito sucesso no EUA) é que, sem sombra de dúvida Cowboys e Aliens é uma grande brincadeira dentro de um gênero, que se leva pouco à sério e diverte sem pretensão.

Aqui é interessante parar para pensar em um suposto fracasso de dois filmes que contam com o nome de Spielberg na produção: esse e o interessante e divertido Super 8. Ambos com uma tremenda veia despojada, ambos à procura de um público carente de uma diversão quase escapista que não tem vergonha de ser “só uma aventura” e ambos com diretores em franca ascensão (bom, os dois envolvem aliens, mas isso pouco vem ao caso). A impressão que fica é que a cada dia o espectador, repleto de “pretensas experiências intelectuais” nos cinemas está, aos poucos vai se esquecendo como é apenas entrar no cinema, com um grande pacote de pipoca e se divertir com uma história que funciona de modo simples e não ofende seus “intelectos”.

Mas voltando a Cowboys e Aliens, o que ele faz é realmente isso: esvazia seu pacote de pipoca com tremenda propriedade, e sem o menor peso de consciência. Bem verdade, talvez só não vá mais longe graças a roteiro que, ao mesmo tempo em que se diverte com todo tom do filme, não consegue fugir de um punhado de diálogos tremendamente prejudicados por uma aparente preguiça narrativa e uma dificuldade imensa em criar motivações para seus personagens que não pareçam tiradas de algum exemplar ruim de aventura acéfala (talvez resultado na quantidade enorme de nomes ligados ao roteiro, o que nunca é bom no cinema).

Na história, Daniel Craig é um personagem misterioso que acorda no meio do deserto sem saber quem é e como foi parar ali, além de um ferimento na barriga e um bracelete para lá de esquisito, momentos depois ele já deu cabo de três figuras típicas do velho oeste, com suas barbas sujas seu sotaque sulista e uma vontade de Jon Favreau de criar esse anti-herói casca-grossa por excelência, que anda em direção ao horizonte, com um novo melhor amigo (um cão) e o nome do filme à suas costas.

Cowboys e Aliens então conta a história dessa pequena cidadezinha clássica de nove entre dez faroestes de Hollywood, com um vaqueiro ricaço que comanda toda população, um pastor, um “Doc” e um xerife “oldschool”. Favreau então, depois de criar toda essa dinâmica que explode com a descoberta da verdadeira identidade do protagonista e uma confusão com o filho do vaqueiro, deixa que essa cidadezinha seja atacada por estranhas espaçonaves (de modo interessante, acabam sendo taxadas como demônios), que acabam raptando boa parte de seus habitantes e mostrando que o tal bracelete do personagem de Craig é mais que um simples adorno. É então que surge uma comitiva que vai à procura de seus entes queridos (ai entra a preguiça, já que, de modo quase egoísta cada habitante da cidade só se junta a esse grupo por ter uma filha, esposa, pai, ou avô abduzido) e acabam dando de cara com os tais aliens do título (entendeu? cowboys e aliens, simples assim).

Cowboys e Aliens Filme

Mas Cowboys e Aliens acaba ganhando a simpatia do espectador por, justamente, entregar para seu espectador o pacote “encomendado”, talvez até um pouco melhorado, já que Favreau é um diretor que se encaixa bem na ideia do filme e, ainda por cima, ganha a companhia de um elenco interessante que só enriquece a experiência.

E se Craig parece então ser uma opção mais que interessante para esse pistoleiro clássico do cinema, bruto, com poucas palavras e o semblante parecendo talhado em mármore, acaba ganhando a companhia de Harrison Ford na pele do ricaço Dollarhyde, que fica com o cargo de uma espécie de “semi-vilão”, que, como toda obviedade do filme o obriga, aos poucos ganha a confiança de todos e acaba lutando bravamente com os mocinhos. Ford é magnético, usa um chapéu como poucos e é a própria personificação de Hollywood de herói ranzinza e cheio de charme, que nesse caso acaba criando uma química interessante com Craig, o que move o filme de forma suave e indolor.

Por outro lado, ainda que pareça demorar um pouco para engrenar depois do começo, se deixando levar por um pouco de explanações demais, Cowboys e Aliens não decepciona quando chega à ação, ainda mais, pois Favreau não tem a mínima vergonha de ser esse diretor simples e direto, pronto para uma grande explosão, alguns ETs que acabam ganhando a atenção por se parecerem pouco com o que se vê no cinema e, ainda por cima, dar lugar para seu filme se recheado desse monte de clichês fáceis de engolir e que servem como desculpa perfeita para muita aventura.

É lógico que, no final das contas, Cowboys e Aliens é sobre a redenção desse fora-da-lei que pode dar a volta por cima e ajudar a todos, mas é, acima de tudo, um filme sobre uma invasão alienígena (que na verdade ganha uma divertida desculpa que faz com que a famosa “corrida ao ouro” dê um passo “mais cósmico”) em um cenário completamente diferente, contra uma humanidade muito mais inofensiva (prestem atenção no como o ruído dos tiros são sobrepujados pelos das armas dos ETs), mas que, sempre que dá as caras, conquista o cinema com seus chapéus e revolveres (sem esquecer alguns penachos indígenas). Um filme de aventura, de certo modo descartável e simplista, mas que diverte bastante, e como não está escrito em nenhum lugar que “só divertir” não “pode” ser uma qualidade, Cowboys e Aliens se esbalda nessa possibilidade.

confira o trailer de Cowboys e Aliens


Cowboys & Aliens (EUA, 2011), escrito por Roberto Orci, Alex Kurtzman, Damon Lindlof, Mark Fergus, Hawky Ostby e Steve Oedekerk a partir da HQ de Scott Mitchell Rosenberg, dirigido por Jon Favreau, com Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Clancy Brown, Sam Rockwell, Paul Dano e Keith Carradine


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3 Comentários. Deixe novo

  • A impressão que fica é que a cada dia o espectador, repleto de “pretensas experiências intelectuais” nos cinemas está, aos poucos vai se esquecendo como é apenas entrar no cinema, com um grande pacote de pipoca e se divertir com uma história que funciona de modo simples e não ofende seus “intelectos”.

    Experiencias intelectuais para o publico?Tipo Transformers?Piratas do Caribe?Devo tá por fora da atual realidade do publico, pois pensava que ele tava cada vez mais burro.Ledo engano.O filme é chato.Pronto, falei.

  • vou assistir daqui a pouco. depois eu volto e opino. fui

  • antoniel
    16/09/2011 22:23

    bom de fato pode se dizer que o filme nao é tao interessante o quanto se mostra no seu trailer, é simplismente um filme, que vc pode assistir quando nao tiver nada pra fazer, pois o tempo que tu gasta assistindo ele não vale apena se vc tiver alguma coisa, mesmo que seja qualquer coisa pra fazer, não fez sucesso no EUA e também não vai fazer sucesso no BRASIL. Bom so posso dizer que é um filme sem noção assim como: Aliens vs Pradador, Que por sua vez ainda é um pouco melhorzinho..

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