A Noite da Virada Filme

A Noite da Virada

As comédias nacionais realmente passam por um fase difícil. Alguns de seus piores e mais rasteiros exemplos acabam chegando ao topo das bilheterias mesmo sem a menor qualidade, o que leva muitaA Noite da Virada Poster gente a apostar no gênero para se sair bem. Noite da Virada é um desses que tenta seu lugar ao sol, mas o resultado é pior ainda.

O curioso é que esse esforço é feito a partir de uma série de detalhes que tinham tudo para se transformarem em um sucesso. Um roteiro interessante, um elenco incrível e um despojamento em tentar ser algo que não é. Uma comédia que aposta na sutileza, nos diálogos, um pouco no politicamente incorreto e deixa de lado qualquer necessidade mercadológica de humor pastelão ou escatológico. Só precisava com tudo isso em mãos ainda ter graça.

Noite da Virada então não provoca risos. Talvez um ou outro sorrisinho acanhado, mas aquela gargalhada que tomaria a sala de cinema, fica engasgada no escuro e não sai dali. E olha que o que não falta são oportunidades para ela acontecer, já que a todo momento o elenco estrai até a última gota de um roteiro frágil que não sabe desenvolver bem suas cenas diante do ponto de partida empolgante.

Nele, um casal (Júlia Rabello e Paulo Tiefenthaler) oferece uma festa de Ano Novo, mas poucas horas antes dela começar o marido acaba anunciando o fim do relacionamento. Uma trama que ainda ganha a presença do casal de vizinhos ricos (Luana Piovani e Marcos Palmeira), um outro casal de amigos que querem substituir as “sete ondinhas” por sexo (Luana Martau e João Vicente de Castro), a irmã desbocada da dona da festa (Martha Nowill) e, por fim, um traficante (Taumaturgo Ferreira).

Baseado em uma peça, parte do interesse da história acaba então vindo do esforço de colocar toda ação dentro dos banheiros da festa. Isolando os personagens e criando uma série de encontros e desencontros que seria a base cômica do filme. E ainda que faltem piadas… bom, simplesmente faltam piadas. E isso é uma pá de terra sobre o túmulo de qualquer comédia.

A Noite da Virada Crítica

Nowill e Júlia Rabello, funcionam na maior parte do tempo, se esforçam e extrapolam uma naturalidade incrível. Do mesmo jeito que Tiefenthaler, que poderia facilmente ser o melhor do filme. Mas em ambos os casos ninguém tem material nenhum com que trabalhar. O que acaba sendo pior ainda para Palmeira, perdido no meio de tudo isso, e Piovani, que até acaba sendo útil na hora de xingar e criar uma irônica presença barraqueira dentro de um mulherão. Mas nada disso salva qualquer momento do filme.

Pior ainda, no desespero de arrancar qualquer tipo de riso fácil, ainda saca de lugar algum uma subtrama envolvendo Rodrigo Sant´anna, vindo direto do Zorra Total (literalmente), preso em um banheiro químico e apostando única e exclusivamente na caricatura imbecilizada de seu personagem (que poderia facilmente ficar de fora da história sem fazer a menor falta).

Ainda falando de elenco, curiosamente o que poderiam ser dois momentos divertidos e inesperados com a presença de Tony Tornado e Alexandre Frota, são igualmente desperdiçados, como todo resto do filme.

Isso tudo na mão de um diretor enfraquecido (muito provavelmente) pelo próprio matéria que tem em mãos, já que simplesmente não consegue extrair nada do roteiro rasteiro. Pior ainda, derrapando feio em todos momentos que impõe, sem qualquer explicação, um punhado de câmeras lenta que poderiam ser deixados de lado. Quem sabe assim o filme terminasse alguns minutos antes, o que acabaria sendo um baita acerto da produção e um alívio para os espectadores que poderia sair mais cedo da sala de cinema.


idem (Bra, 2014), escrito por Cláudia Jouvin, Nina Crintz e Pedro Vicente, dirigido por Fábio Mendonça, com Luana Piovani, Marcos Palmeira, Júlia Rabello, Paulo Tiefenthaler e João Vicente de Castro, Taumaturgo Ferreiro, Luana Martau e Martha Nowill


Trailer – A Noite da Virada

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