Caçadores de Emoção Filme

Caçadores de Emoção: Além do Limite

Em 1991 o cinema de ação foi surpreendido por Caçadores de Emoção. Keanu Reeves vinha da comédia Bill e Ted (que ainda não tinha virado cult… se é que virou) e seria o protagonista dessa trama onde enfrentava o canastrão Patrick Swayze, galã de filmes como Ghost, e Dirty Dacing estreando seu lado bad boy na tela grande. Na direção, Kathryn Bigelow, ainda esposa de James Cameron e quase duas décadas antes de seu Oscar em Guerra ao Terror, vinha de um filme esquisitão sobre vampiros.

A trama mostrava um agente do FBI, Johnny “Utah” (Reeves) que se infiltrava em uma gangue de surfistas lideradas por Bohdi (Swayze) , investigados por uma série de roubos a banco. No final das contas os dois se tornavam amigos e o agente tinha que escolher entre a amizade e a lei. Bigelow empacotava isso com um monte de cenas de ação bacanas, personagens tridimensionais e um final que parecia bem longe dos clichês vazios do gênero.

Já alguns anos depois um outro agente do FBI se infiltra em uma outra gangue e o sucesso foi igual ou maior. Velozes e Furiosos, mesmo sem muita gente perceber que se trata de uma refilmagem, conseguia reconstruir a ideia e continuar sendo igualmente divertido e movimentado, não à toa chegou ano passado a seu sétimo filme.

O que nos leva ao remake de Caçadores de Emoção – Além do Limite, que não por nada só surge em seu próprio texto no quarto parágrafo, e isso só acontece, pois seria melhor até que ele nem aparecesse. Não existe nada no filme que seja digno nem de ser discutido e muito menos de ser levado em conta. Infelizmente para vocês essa crítica ainda terá que ter mais algumas linhas, mas em geral, elas serão apenas a repetição da ideia de que essa refilmagem poderia ter ficado engavetada e escondida.

Para começo de conversa, o roteiro de Kurt Wimmer nem bem entende o que tinha de tão interessante do primeiro filme de 1991, e muito menos do que funcionou tão bem com Paul Walker e Vin Diesel. Num esforço enorme de suavizar os “cantos escuros” de seus personagens, apresenta um filme onde os vilões não fazem realmente nada que ofenda, pelo contrário até, são dignos de torcida.

Caçadores de Emoção Crítica

Bohdi (o ótimo Edgar Ramirez, mas que aqui não se salva como o resto do elenco) e seu grupo de esportistas radicais estão ai redistribuindo renda e destruindo o status quo dos “trilhardários” do mundo. E como o FBI se mete em tudo, o novo Johnny “Utah” (Luka Bracey, que é tão fraco que faz todos terem saudades do Reeves) é um agente e ex-esportista radical que se infiltra na gangue para ficar por ai tirando onda em busca de um tal de “Oito do Ozaki”.
Esse “Oito do Ozaki” são uma série de (obviamente) oito maluquices que devem ser praticadas para que se consiga chegar no “nirvana”. Wimmer e o diretor Ericson Core então fazem o favor de criarem “vilões” com motivações espirituais, políticas e sociais muito mais interessantes do que seus protagonistas. “Utah” então sacar sua arma e gritar “FBI, parados” o torna não só um “porco americano”, como ainda o deixa sozinho em um trama manipulado por todos os lados. E torcer por ele a essa altura da trama é impossível.

Mas não se preocupe isso ainda fica pior, já que Caçadores de Emoção acha realmente que o melhor jeito para acabar o filme de modo climático é colocar seus antagonistas em uma “movimentada” e “ágil” perseguição durante uma escalada. Sim uma “emocionante sequência” a menos de 2km/h. Curiosamente é o que sobra depois de motocross, snowboard, skydiving, paraquedismo e surfe.

E pior ainda, somente uma dessas categorias citadas é usada para uma sequencia de ação onde dois personagens tentam ir de um ponto “A” a um ponto “B” ou em uma perseguição ou em algo que resvale na trama. O resto do tempo é apenas um modo de esfregar na cara do Canal Off o quanto em 3D sua programação ficaria muito mais legal.

Enfim, Caçadores de Emoção – Além do Limite só presta para uma coisa, fazer todos no cinema terem saudades não só do Keanu Reeves e do Patrick Swayze, como até do Gary Busey. E fazer alguém ter saudade do Gary Busey pode até ser considerado um defeito maior que qualquer outro do filme.


“Point Break” (EUA, 2015), escrito por Kurt Wimmer e Rick King, dirigido por Ericson Core, com Edgar Ramirez, Luke Bracey e Ray Winstone


Trailer – Caçadores de Emoção: Além do Limite

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