Vingança a Sangue-Frio Filme

Vingança a Sangue-Frio | Remake mantém o interesse “pra inglês ver”


Americano não gosta de legenda. Vingança a Sangue-Frio é mais uma prova disso. O filme norueguês original foi lançado em 2014, chegou por aqui com o título de O Cidadão do Ano e é assinado pelo mesmo Hans Petter Moland na direção. Isso quer dizer que, pelo menos, o material original é respeitado.

Talvez respeitado demais. Mesmo com todas mudanças étnicas (saem os sérvios, entram os índigenas) Vingança a Sangue-Frio é uma copia de O Cidadão do Ano. Com isso, o que se mantém é o mesmo clima caótico, esquisitamente bem humorado e violento.

O filme conta a história de Nels Coxman (Liam Neeson), um cara perfeito, com uma família perfeita e com um trabalho perfeito: limpar as estradas carregadas de neve e permitir que a cidade inteira saia para trabalhar. Não demora muito e tudo isso vai pelo ralo, já que seu filho é encontrado morto e, sem acreditar na explicação de overdose, parte em uma vingança amadoramente divertida.

Uma coisa leva a outra e, em pouco tempo, um chefão da máfia, “Viking” (Tom Bateman), acaba entrando em conflito com o outro líder do tráfico, o indígena “White Bull” (Tom Jackson). Em pouco tempo os corpos vão se empilhando e tudo ruma para um clímax onde a única solução é um massacre.

Mas não espere mais um filme de vingança estrelado por Liam Neeson, o objetivo aqui é muito mais se esbaldar no exagero. Vilões caricatos e mortes desmedidas, tudo com um ritmo que mistura uma agilidade moderna com uma calma quase europeia que se permite curtir momentos deliciosos como o de capangas conversando no carro sobre notas de 20 dólares e arrumadeiras em pequenos hotéis.

Vingança a Sangue-Frio Filme

Do mesmo jeito que a contagem de corpos com devidos momentos de silêncio e pequenas homenagens são um toque divertido que complementa o clima amalucado de Vingança a Sangue-Frio. E quando em alguns momentos o diretor usa isso à favor de uma narrativa diferenciada e surpreendente (como, por exemplo, quando anuncia uma morte sem parecer que ela vai acontecer), demonstra claramente que o espectador não está diante de um filme de ação sem cérebro que atira antes de perguntar.

Frank Baldwin reescreve o texto original de Kim Fupz Aakeson e, mesmo escorregando diante de alguns buracos, cria uma história simples e objetiva, mesmo cheia de personagens e situações que se amontoam e se espremem diante de um final inevitável. Os escorregões surgem enquanto tenta criar a personalidade de alguns capangas, única e exclusivamente, para mata-los na sequência, o que soa óbvio e poderia muito bem ser melhor distribuído.

Um problema que não atrapalha em nada o andamento de Vingança a Sangue-Frio, mas que poderia acrescentar ainda mais camadas nessa experiência já suficientemente inesperada e divertida.

E é lógico que os detratores dos remakes “só pra americano não ler” irão reclamar que não seria necessário fazer um filme americano tão próximo do original, mas pense bem, se não fosse por isso, por Liam Neeson no topo do cartaz e alguns milhões de dólares a mais, você, muito provavelmente não teria conhecido essa história violentamente divertida e nem estaríamos aqui falando sobre ela.

Portanto, o melhor a fazer é relaxar e aproveitar essa oportunidade de encarar um filme de ação que foge do comum e apresenta algo realmente novo, mesmo sendo copiado. E muito bem copiado.


“Cold Pursuit” (UK/Nor/Can/EUA/Fra, 2019), escrito por Frank Baldwin e Kim Fupz Aakeson, dirigido por Hans Petter Moland, com Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, Michael Eklund, Bradley Stryker, Wesley MacInnes, Tom Bateman, Domenick Lombardozzi, John Doman e Emmu Rossum.


Trailer do Filme – Vingança a Sangue-Frio

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