Tudo Vai Ficar Bem Filme

Tudo Vai Ficar Bem | Win Wenders aposta na sensibilidade de uma tragédia

O diretor Win Wenders (Pina) faz em Tudo Vai Ficar Bem um trabalho intimista e sutil em um ritmo que não deve agradar a muitos. Porém, é algo necessário para abordar essa espécie de thriller que evita cair no lugar-comum, pois está mais interessado em explorar seus personagens pela suas psiques do que pelas suas ações.

O tema se desenvolve a partir de um terrível acidente. O filme não tem pressa nenhuma de identificá-lo, assim como seu protagonista. A trilha de Alexandre Desplat incomoda, mas tem que ser assim mesmo. Apesar de tudo ser perfeitamente crível e normal, é necessário que alguém afirme que ainda assim, parece haver algo de errado a todo instante.

E o que está “errado” parece ser Tomas (James Franco), um escritor que atualmente vive uma situação conturbada com sua esposa – ele quer um livro, ela quer filhos – e que depois do acidente encontra o momento adequado para sua separação. Quatro meses depois, mais um acontecimento traumático. E um certo padrão parece tomar conta de sua vida. Não é simples de entender, mas é fácil de perceber que o rapaz tem problemas.

Mas a questão não é essa. Se fosse algo que o incomodasse, seria esse o drama. Porém, na posição de escritor, tudo que acontece em volta de Tomas é matéria-prima para seus livros. Como seu editor diz, o paradoxo de ser um escritor é que tudo o que o afeta acaba afetando sua forma de escrever.

Tudo Vai Ficar Bem Crítica

Seria fácil rotular o personagem de James Franco como autista, nem que seja em um grau quase que indistinguível. Porém, as pessoas em torno do universo de Tudo Vai Ficar Bem parecem não ajudar. O pai de Tomas (Patrick Bauchau) critica sua falecida esposa por ter sido entediante demais. A personagem de Charlotte Gainsbourg (elencada incorretamente) vive o inferno na terra criando seu único filho, mas cria uma espécie de simbiose literária com Tomas a partir de suas crenças sobrenaturais. E o jovem Christopher (Robert Naylor) se torna uma versão natural de Tomas, se relacionando com o mundo em que vive de uma maneira no mínimo estranha.

O que o roteiro de Bjørn Olaf Johannessen nos entrega não é nada fácil de acompanhar. O fato de Wenders transformar tudo em uma experiência que lembra um Swimming Pool (François Ozon, 2003) para adultos é o que o torna mais palatável, mesmo visualmente. Porém, ainda assim há um esgotamento mental em episódios que vão se espaçando em períodos de quatro anos, e o título nunca parece fazer jus à sua promessa. E são produções assim que fazem as pessoas não gostarem de “filmes de arte”, assim como o espectador mais atento, cansado da mesmice de todo final de semana, ficará fascinado pelas possibilidades que o Cinema traz; mesmo que ele não goste tanto assim do resultado final.


“Every Thing Will Be Fine” (Ale/Can/Fra/Sue/Nor, 2015), escrito por Bjørn Olaf Johannessen, dirigido por Wim Wenders, com Rachel McAdams, James Franco, Peter Stormare, Charlotte Gainsbourg, Julia Sarah Stone


Trailer – Tudo Vai Fica Bem

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