The Dirt: Confissões do Mötley Crüe | Divertido, barulhento, sujo, cheio de drogas e divertido


[dropcap]S[/dropcap]eria impossível, diante do enorme sucesso de Bohemian Rapshody, não lembrar dele ao assistir The Dirt: Confissões do Mötley Crüe e chegar a conclusão que a cinebiografia do Mötley Crüe é exatamente tudo aqui que a do Queen não é: divertido, barulhento, sujo, cheio de drogas e sobre uma banda inteira, não só sobre um cara.

O filme é baseado na biografia “The Dirt: Confessions of the World´s Most Notorious Rock Band” escrita pelos quatro componentes da banda em parceria com o jornalista Neil Strauss e não esconde nada sobre a banda que fez sucesso nos anos 80 e acabou entrando para história do rock não só pela qualidade de suas canções, mas também pela atitude completamente caótica e as inúmeras polêmicas envolvendo muita (mais muita mesmo!) droga, hotéis destruídos e uma atitude selvagem completamente maluca.

The Dirt ainda é a estreia de Jeff Tremaine por trás das câmeras não só em uma ficção, como também em um produto que não envolva qualquer relação com a série Jackass e Kohnny Knoxville. A mistura disso tudo resulta naquilo que o Mötley Crüe precisava para que suas vidas chegassem à tela de modo a tentar passar o mínimo daquilo que eles foram e representaram.

O roteiro de Amanda Adelson e a personalidade de Tremaine sabem que é preciso chegar ao limite do bom senso para que o público entenda o que foi o Mötley Crüe. E para isso, diferente do Bohemian Rapshody, The Dirt não lustra seus ídolos e vai a busca dos humanos por trás. E esses humanos são um bando de imbecis resultantes de famílias destruídas e vidas quebradas, mas que conseguiram muito dinheiro, o que para eles era sinônimo de drogas melhores e festas maiores.

Quando o roteiro acompanha esses quatro caras chegando ao fundo do poço, não desvia o olhar ou suaviza as seringas penduradas, acidentes de carro ou violência. The Dirt olha de frente para essas atrocidades e julga seus protagonistas, muda completamente o tom do filme em sua segunda metade e mostra o quanto isso poderia destruir a banda e seus componentes. Mas isso não acontece, eles são o Mötley Crüe e deixam as expectativas para trás.

Esse clima de caos ainda funciona muito bem enquanto quase todos os personagens do filmes têm seu espaço para contar a história através de sua visão. Não só Nikki Six, Tommy Lee, Vince Neil e Mick Mars, seu empresário Tom Zutaut e seu chefe de tour Doc McGhee (Christian Gehring e David Costabile) também dão o pitaco nessa história e não escondem o quanto estavam no limite dessa maluquice toda.

Mas o show mesmo são Six, Lee, Neil e Mars, não só por suas narrações divertidas e sinceras, mesmo nos momentos mais absurdos, como também pela recriação de suas personalidades, tanto na direção de arte, quanto na atitude. O Mötley Crüe de The Dirt parece ser o Mötley Crüe real, mesmo sem os atores serem lá muito parecidos com suas contrapartes reais. O que importa aqui não é a maquiagem, mas sim a construção dessa ideia, e isso todos os atores dão conta.

Por outro lado, The Dirt só não vai mais longe, porque erra no peso de alguma de suas decisões e, em muitas vezes, perde a oportunidade de ser um pouco mais inteligente. Alguns diálogos soam óbvios demais e apenas estão lá para ilustrar momentos que já estariam bem representados com o silêncio ou apenas com as imagens, como em quase tudo que rodeia a relação de Nikki Six com a mãe, melodramática e exagerada em cada linha de diálogo. Essa falta de sutiliza ainda acompanha um dramático momento envolvendo o vocalista Vince Neil e sua filha, que acaba sendo apenas uma desculpa para o vocalista ver a banda sem ele através de uma TV em um bar qualquer.

Mas esses momentos que mergulham fundo, quase sempre são logo evoluídos para aquilo que melhor representa a banda e deve ser o que mais irá agradar os fãs, esse esforço de juntar a maior quantidade possível de momentos completamente bizarros enquanto deixa o Mötley Crüe ser o Mötley Crüe.

Entre uma ejaculação feminina que abre o filme e Ozzy Osborne cheirando formigas (enquanto lambe urina), The Dirt não vai ganhar um Oscar por nenhuma interpretação e muito menos irá fazer sucesso nas redes sociais com videozinhos comparando o momento real com a recriação do filme. E nem quer isso.

The Dirt: Confissões do Mötley Crüe não é perfeito (nem tem dinheiro para isso), mas tem alma, ritmo, sujeira, muito rock e Mötley “Fucking” Crüe .


“The Dirt” (EUA, 2019), escrito por Amanda Adelson e Rich Wilkes, à partir do livro de Tommy Lee, Mick Mars, Vince Neil, Nikki Sixx e Neil Strauss, dirigido por Jeff Tremaine, com Douglas Booth, Colson “Machine Gun Kelly” Baker, Daniel Webber, Iwan Rheon, Pete Davidson e David Costabile


Trailer – The Dirt: Confissões do Mötley Crüe|

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