Substitutos Filme

Substitutos | Filme ruim esconde uma ficção científica pior ainda

É verdade que você vai conseguir ficar interessado pelos primeiros cinco minutos de Substitutos e é mais verdade ainda que, depois de metade do filme, você vai ficar completamente irritado com o que está vendo. Não a ponto de levantar da sala e ir embora, mas o suficiente para reclamar dele no bolo de pessoas em direção à saída.

Adaptado de uma série de quadrinhos da Top Shelf (editora menor dos EUA) e dirigido por Jonathan Mostow (aquele mesmo que fez o péssimo U-571 e o pior ainda Exterminador do Futuro 3), o filme mostra um futuro não muito distante (olha ele aí de novo) onde a humanidade conta com uma espécie de avatares robóticos (totalmente na moda também), conhecidos como Substitutos, pelos quais todos passam a viver através deles enquanto permanecem seguros em suas casas. Bruce Willis e Rhada Mitchell são dois investigadores do FBI que vão de cara com uma trama que envolve um assassinato e, logicamente, uma trama que poderá mudar a história da humanidade.

Se visto assim por alto, ainda mais com a presença de Willis, Substitutos não esconde ser uma ficção científica de ação cheia de explosões, e é exatamente aí quando o espectador percebe o quanto demoram para elas acontecerem, além de o quão decepcionantes elas são, que desiste do filme. É como se Mostow resolvesse fazer um filme de ação sem a própria, substituindo-a por linhas e mais linhas de um roteiro que não consegue resolver nada visualmente, dependendo demais dos diálogos para escorar sua trama.

Essa mesma trama ainda se mostra mais frágil ainda quando aponta para um único lugar e vai até seu final, como se não tentasse nem ao mínimo desviar o olhar do espectador para as grande surpresas que o filme guarda. É como se você no fundo de sua mente ouvisse aquele “voz” que fica o tempo todo tentando adivinhar o final e acertasse em todos momentos. “Substitutos” não parece sentir vontade nenhuma de ser improvável.

Uma falta de novidades que ainda atinge todas, poucas, cenas de ação que na verdade se resumem a perseguições e corridas contra o tempo, com aquela boa e velha montagem paralela, sem muitos efeitos especiais e com finais pouco climáticos. Ainda que bem compostas pela direção de Mostow, mas que, em contrapartida, fora delas, ainda cria uma espécie de “expressionismo alemão meio bêbado”, entortando a câmera um pouco demais enquanto alguns personagens conversam em ângulos abertos, mais parecendo em um capítulo daquele série de TV do Batman.

Mas talvez se diante de tudo isso, a dupla de protagonistas se esforçasse um pouco mais, o que obviamente não acontece, talvez Substitutos não se tornasse o total desastre. Enquanto Willis, burocraticamente, parece criar um versão pseudo futurística de se John McClane (Duro de Matar) sem o bom humor, ao seu lado Rhada Mitchell é talvez a única pessoa em todo filme que interpreta o Substituto como se fosse um robô, dando um passo um pouco longo demais na direção da falta de emoção da maquina. Ou ela está certa e todos outros estão errados ou vice-versa, nenhuma das duas opções muito agradável de ser ver.

É preciso ainda dar o braço a torcer para os efeitos digitais que transforma o substituto de Willis em algum parente próximo do “Ken” (ou do “Bob”, nunca sei qual o loiro) e provavelmente extrapolam todo orçamento do filme, já que todo resto parece normal demais para se encontrar em um futuro tão tecnologicamente avançado quando o do filme. Ênfase para a arma que acaba se tornando o ponto central do filme: grande demais, feia e sem o mínimo apelo, resultando em um raiozinho saído de algum filme B.

É lógico que Substitutos pode ser encarado como uma ficção que parece mais preocupada em discutir a profundidade dos seres-humanos se esconderem por trás de avatares, e até da mortalidade se uma sociedade que só se preocupa com seu exterior, além de mais um monte de pertinências que poderiam ser discutidas (mas que não são feitas durante o filme, é preciso lembrar), mas a verdade é que, as vezes, você entra no cinema para ver um filme de ação, e quer ver simplesmente isso, não ficar prestando atenção nos nomes dos personagens pois eles serão citados no climax, mas sim explosões, tiros, socos, efeitos especiais e, ainda nesse caso, uma ou outra bugiganga futurística (nada do que é visto durante o filme, é preciso também lembrar).


Surrogates (EUA, 2009) direção: Jonathan Mostow com: Bruce Willis, Rhada Mitchell, James Cromwell, Ving Rhames


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2 Comentários. Deixe novo

  • corporalidades
    02/12/2009 20:15

    Cara, achei o filme realmente fraco em termos de enredo, atuação e efeitos. Porém achei muito interessante a premissa do filme, seres humanos interagindo com o mundo através de avatares robóticos. Como você já sabe fiz um breve comentário sobre isso aqui http://corporalidades.wordpress.com/2009/11/24/the-surrogates-sera-o-futuro-das-redes-sociais-online/#more-161. Porém concordo que mesmo tal premissa é mal explorada pelo filme, e o razoavelmente bom elenco é desperdiçado nas mãos do fraco diretor.
    Aprecei sua crítica e espero manter contato!
    Abs

  • Lucienne Condé
    13/11/2009 16:17

    Oi Vinicius! Acabei de ver seu comentário e vim conhecer seu blog. Adorei os filmes! To muito curiosa pra ver Distrito 9, e pelo jeito vc gostou. Apareça sempre, apareço tb. biejos!

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