Shrek para Sempre

Shrek para Sempre

 

Bem verdade a terceira aventura do ogro Shrek já não tinha sido lá essas coisas, mas ainda assim conseguia ali requentar um mesmo prato só que com um ou outro tempero diferenciado. Já Shrek para Sempre não parece se esforçar nem para isso.

Talvez seja a direção de Mike Mitchell (com uma predileção por desastres como Gigolô por Acidente, Sobrevivendo ao Natal e Escola de Super-Herois), ou apenas uma pressa com que a Dreanworks lança essa continuação, já que ninguém no cinema entrará para a sessão com “saudades” de seus personagens. Ainda mais quando a ideia acaba sendo essa mesma: ir atrás (mais uma vez) de suas gêneses.

Na trama, Shrek já está cansado da mesmice que sua vida se transformou, casado, cheio de ogrinhos e amigos, seu pântano nunca foi tão feliz e sua imagem ameaçadora deu lugar a de um ídolo pop que salvou Muito Muito Distante. Mas para ter sua vida de volta, pelo menos por um dia, acaba assinando um contrato com o duende Rumpelstiltskin, só que acaba descobrindo que caiu em uma armadilha do duende, que nessa nova realidade passa a governar o reino.

É em meio a mais um monte de referências deliciosas, como do acampamento das bruxas do começo, ou até as perucas do duende, que Shrek para Sempre não consegue segurar o ritmo de seus predecessores e acaba apenas se arrastando por um conflito simplista e sem graça, que se resume a encontrar sua amada Fiona em um beijo apaixonado antes do final do dia. É lógico que nesse meio tempo ele ganhará a presença de seus fieis escudeiros Burro e Gato de Botas, mas mesmo assim acaba optando por se tornar um pastiche sem graça.

Entre infindáveis números musicais o que Mitchell ainda faz é esquecer do mundo que cerca Shrek e focar sua trama quase que única e exclusivamente em seus personagens centrais. E se nos poucos relances de “novas versões” de seus antigos coadjuvantes o acerto é iminente, no resto do tempo é exatamente isso que mais faz falta, como se aquela terra de conto de fadas fosse habitada apenas por ogros e bruxas.

Fiona agora se transformou em uma líder da resistência ogra, com isso um batalhão de personagens verdes dão as caras no filme, piorando mais ainda a imagem do protagonista, já que ele deixa de ser uma novidade, pior ainda, pois no fim das contas parece até meio abobalhado no meio de seu similares. A grande pena disso tudo é o desperdício do vilão Rumpelstiltskin, entrando para a galeria do primeiro vilão da série, atarracados, mandões, egocêntricos e adoravelmente maus. Além de, no caso do duende, sendo ainda a única coisa realmente interessante do filme, mas que é pouco perto do que se poderia ter.

Shrek para Sempre acaba sendo uma repetição desgastada de uma idéia que ainda estava quente demais na memória do espectador, afundando por não ter o timming que sua rival Pixar tem na hora de lançar seus filmes, mas, muito mais do que isso, sendo  uma tentativa desastrosa de fazer um filme interessante, que acaba não tendo absolutamente nada daquilo que o fez um sucesso. Que parece achar necessário cair apenas em uma liçãozinho de moral piegas (acompanhada por seu tema musical, repetido demais durante o filme) que, para piorar, precisar ser dita em voz alta pelo herói esverdeado, não deixando nem seu espectador pensar, um mal que a Dreanworks tem (e que, também, deveria ser aprendido com a Pixar, que prima por fazer realmente o contrário).

Talvez Shrek para Sempre seja o último da franquia, e nesse caminho, nada que vá deixar saudades.


Shrek Forever After(EUA, 2010), escrito por Josh Klausnere Darren Lemke, dirigido por Mike Mitchell, com as vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderase Walt Dohrn


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