Se Beber, Não Case! Parte III | O “wolfpack” acabou

 


[dropcap]O[/dropcap] “Wolfpack” acabou. Depois de acordarem com um tigre, um bebê e um noivo desaparecido em uma noitada em Las Vegas, assim como uma mais “perigosa” ainda perdida em Bangcoc, o “Wolfpack” acabou. Mas também não há dúvida que Se Beber, Não case! Parte III, poderia ter feito um pouco a mais por esses três caras que tanto se sacrificaram para esses dois outros filmes.

Não só isso, quem decidir ir em busca de mais um pouco daquele caos, pelo menos para uma última despedida, vai encontrar pouco daquilo que o fez tão querido. Para começo de conversa, não há casamentos, despedidas de solteiro e tampouco ressaca (que é o título original do filme, “The Hangover”). Mais uma vez dirigido por Todd Phillips o terceiro filme é linear, monótono e uma sombra perto de toda expectativa que os dois filmes criaram.

O engraçado disso é que grande parte desse problema vem, justamente, de uma vontade óbvia de tentar fazer algo diferente, como se aquilo tudo que tivesse dado tanto efeito pudesse ser simplesmente ignorado. Não poderia.

Durante todo tempo em que os três amigos acabam tendo que capturar o traficante chinês, Mr. Chow (Ken Jeong), à mando de um outro traficante, Marhsall (John Goodman), que sequestrou o quarto amigo, Doug (Justin Bartha), o espectador vai ficar esperando que os três apaguem e acordem na manhã seguinte, tatuados, sem dentes, currados ou simplesmente nus. Não importa, o que ninguém quer mesmo é ter que acompanhar essa aventura óbvia e careta.

O pior é que tudo até começa bem, com piadas envolvendo uma girafa decapitada e até a morte do pai de um dos protagonistas, um tom que parece ser aquele mesmo ultrajante e pouco preocupado com o “bom gosto”. “Matou a girafa… e quem se importa?” diz um dos personagens, quase prevendo toda falta de importância do que se vê no resto do filme.

Não há situações obscenas nem exageradas, nem ofensivas e quase nem engraçadas durante o que vem a seguir. Pior ainda, desperdiçando completamente o monte de possibilidades que uma passagem por Tijuana poderia ter, assim como uma volta à Las Vegas poderia proporcionar. Mas como se sentissem cansados das mesmas piadas e situações, essa Parte 3 acaba sendo uma comédia bobinha e física demais. Algo que, definitivamente não era o que ninguém que se divertiu com os dois primeiros estava à espera.

Se Bebr, Não Case ! Parte III

E nessa vontade de negar suas próprias origens, acabam ainda não percebendo que grande parte da identificação com os personagens vinha dessa relação próxima entre o espectador e o trio, já que tanto de um lado quanto do outro da tela tudo estava sendo descoberto e cada passo poderia levar a uma prostituta travesti tailandesa ou à casa de Mike Tyson e não a um plano para devolver alguns milhões em barras de ouro. Essa falta de identificação é tão grande que, mesmo sabendo que o personagem vivido por Bartha está nas mãos de um traficante violento ninguém no cinema temerá por sua saúde física nem por um segundo. E não só pelo vilão ser vivido pelo sempre simpático Goodman, mas por que o personagem simplesmente não abre a boca durante todo filme.

Entretanto, depois do fim do filme e de alguns créditos, Phillips mostra que, na verdade, toda diversão está é prestes a começar, com uma ressaca, uma moto na parede, implantes de seios em um cara e a impressão de que tudo poderia ficar muito mais legal se todos tivessem entrado no cinema só naquele momento e pudessem depois disso se divertir com tudo que viria a seguir. Mas talvez a ambição e o desafio de encher os bolsos de dólares sem nem ao menos parecer fazer parte da franquia deva ter sido grande demais para impedir que Se Beber, Não Case! Parte III fosse simplesmente Se Beber, Não Case! Parte III.


The Hangover Part III, escrito por Todd Phillip e Craig Mazin, dirigido por Todd Phillips , com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong e John Goodman


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