[REC]²

idem (Esp, 2009) escrito e dirigido por Jaume Balaguero e Paco Plaza, co-roteirizado por Manu Díez, com Jonathan Mellor, Manuela Velasco, Óscar Zafra, Ariel Casas, Alejandro Casaseca, Pablo Rosso, Andrea Ros, Àlex Batllori e Pau Poch

 por Vinicius Carlos Vieira

“[REC] 2” é sem dúvida um filme cheio de acertos, um terror até eficiente, que vai deixar o espectador colado na poltrona até os últimos segundos, mas sobre tudo isso, acaba deixando pairar sobre ele uma névoa que o torna desnecessário, tanto como trama quanto como produção.

Essa sequencia imediata do sucesso de 2007 parece ter vida muito mais para a satisfação da dupla de diretores, e de alguns fãs, do que pela necessidade de existir. Nela, agora, um grupo de policiais precisa entrar no prédio contaminado e ir atrás de uma cura para a doença antes que ela possa se espalhar. Bem verdade a trama até funciona, e sabe onde quer chegar, mas não faz absolutamente nada mais do que isso, se arrastando pelas certezas narrativas do primeiro e esquecendo um pouco do que lhe permitiu ser um sucesso.

Se logo de cara toda história corre para posicionar os personagens dentro daquele cenário, acaba não dando a oportunidade do espectador de entrar naquele clima. Dentro do carro, os quatro policiais testam suas câmeras, conhecem seu responsável e logo depois estão dentro do prédio. E por mais que durante um tempo o terror em si não dê as caras, apenas a chegada deles já prepara o espectador, que sabe tudo que aconteceu ali anteriormente.

Ainda que os diretores/roteiristas pareçam preocupados em fazer algo novo, tentando fugir tanto do esquema quanto da idéia do primeiro, acabam, com isso, não dando a mesa importância do primeiro para seus personagens. Fica difícil torcer por qualquer um deles já que você quase não os reconhece. E mesmo no meio do filme, quando a trama da uma guinada e muda para um outro trio de “narradores”, você acaba nem sentindo falta dos predecessores, posteriormente, nem desses novos.

Talvez essa falta de identificação acabe sendo resultado de uma preocupação exacerbada com uma certa “hoolywoodização” de toda trama, já que agora eles estão lá para chegar a um objetivo, melodramaticamente muito mais importante que os personagens. A situação pior ainda mais quando tudo tende a velhos vícios, como sangue do paciente zero, possessão demoníaca e mudança de voz à la Regan. De um momento para o outro decide se apegar muito mais no “Exorcista” do que no próprio “[REC]”.

Não que a trama inteira não faça sentido, na verdade ela acaba sendo tremendamente concisa em suas idéias, já que grande parte dela já tinha sido contada e explorada no final do primeiro, mas, a partir do momento que ela ganha vida na boca dos personagens, perde força no imaginário do espectador, que se sente muito menos confortável tendo que viver com a dúvida em sua cabeça do que com tudo explicado, e essa é exatamente a idéia de “[REC]” e de qualquer outro de terror em primeira pessoa: tirar seus espectadores de sua zona de conforto. E não só tecnicamente falando.

Balaguero e Plaza conseguem pelo menos, muito provavelmente diante do sucesso do primeiro e do dinheiro que isso trouxe, expandir esse desconforto, tecnicamente falando, não só por possibilitarem uma criativa montagem, com as câmeras nos capacetes e uma segunda câmera quando o trio de jovens entra no prédio, dando uma nova visão dos acontecimentos, que infelizmente é pouco explorada e não mostra nada de novo, mas sim por parecerem mais a vontade com a idéia, e mesmo que um pouco mais embolados em seus enquadramentos, deixam claro um maior apelo visual , que lógico, só acontece graças a uma melhoria clara nos efeitos digitais e na maquiagem.

No final das contas, “[REC]2” acaba funcionando, com seus sustos, seus “zumbis” e mais um monte de olhos vermelhos, mas acaba, sem sombra de dúvida, se mostrando aquém do primeiro (talvez como uma sequencia de terror deva ser?), optando muito mais por ser um filme comum dentro do gênero, com objetivos claros, inimigos maiores quanto mais perto do final e uma reviravolta surpresa, do que pela experiência de sobrevivência que fez o sucesso de 2007 entrar no top 10 de muita gente.

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