Rainha e País

Se você não sabe quem é John Boorman, talvez conheça o épico Excalibur, o cult tenso e pesado Amargo Pesadelo ou pelo menos o assustador O Exorcista II – O Herege, todos dirigidosposts pelo inglês. Mas também não deve lembrar que o resto de sua carreira não é tão empolgante assim, e seu novo filme, Rainha e País segue esse rumo mediano.

A curiosidade é que Rainha e País é na verdade a sequencia de um outro filme seu, Esperança e Glória, de 1987, que por sua vez sempre foi observado como uma pequena autobiografia do diretor e sua infância durante a Segunda Guerra Mundial. O novo filme deixa dez anos passar e mostra agora o protagonista, Bill Rohan (agora Callum Turner), aos 18 anos e prestes a ser chamado para o serviço militar enquanto a Inglaterra se prepara para a Guerra da Coreia.Queen and Country Poster

O tom autobiográfico continua presente, e uma das primeiras impressões que fica é do já nascimento de um amor pelo cinema. Mas as curiosidades interessantes sobre o filme ficam por ai, se é que essa é uma delas. Ainda que seja a partir dela que o espectador é convidado a seguir o verdadeiro mote do filme: uma busca por uma segunda chance e a possibilidade de errar, assim como o cinema tem a segunda ou terceira tomada de cada cena.

E ainda que isso fique extremamente sutil dentro do roteiro, com o protagonista apenas enfrentando isso quando acaba descobrindo que pode errar diante de uma paixão, o resto do filme é apenas um misto de seus dias dentro do quartel com pitadas de uma paixão que pela primeira vez ele tem coragem de encarar. Mas não se enganem, mesmo tremendamente ligados, a única parte empolgante do filme é sob o braço do exército.

É lá que o filme ganha a pouca força que tem, com suas pequenas e pontuais indisciplinas e seu comportamente ácido e politicamente contrário ao cenário da época que mais de uma vez o colocam diante de problemas. É verdade também que Bill funciona muito melhor diante da completa insanidade de seu melhor amigo Percy (Caleb Landry Jones, de X-Men: A Primeira Classe), mas infelizmente em menos momentos do que poderiam fazer o filme valer a pena por conta só disso.

Queen and Country Crítica

Dentro do elenco, destaque apenas para David Thewillis (de Harry Potter) como uma espécie de antagonistas da dupla principal. Mas ainda assim nada que possa empolgar, mesmo diante o exagero de Landry Jones (ou talvez perfeição caso o personagem fosse assim, o que o tornaria um cara irritante) e a falta de emoção de Turner.

De qualquer modo Rainha e País se esforça para passar rápido e ser simpático, Além de contar com uma direção correta de Boorman, que não é um gênio mas quase sempre erra muito pouco. Mas sobre tudo isso ainda deixa a impressão de um esforço sutil de preencher um filme com cara de descartável, com uma mensagem anti-bélica e uma vontade mais sutil ainda de colocar em pauta o status quo de todo sistema inglês, seus dogmas e o quanto algumas pessoas dão importância para um relógio.

E ainda que Rainha e País não venha a ser lembrado como um dos clássicos do diretor, deve pelo menos ficar na prateleira junto de seus bons filmes.


“Queen and Country” (RU, 2014), escrito e dirigido por John Boorman, com Callum Turner, Caleb Landry Jones, Pat Shortt, David Thewlis, Richard E. Grant, Vanessa Kirby, Tamsin Egerton, Aimee-Ffion Edwards e Brian F. O’Byrne


Trailer – Rainha e País

*CinemAqui foi convidado pelo Cine Roxy para cobrir a Itinerância
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