Partida | Um filme “pré-boteco”

*o filme faz parte da cobertura da 43° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


[dropcap]E[/dropcap]is que me preparo para mais uma sessão da 43° Mostra de São Paulo e chega um homem de microfone na frente da tela, junto de mais meia-dúzia de pessoas. Ele comenta que se chamar toda a equipe para descer até ele o cinema vai esvaziar. São 13:30 e das 200 poltronas da sala umas 40, no máximo, estão ocupadas. Ele se apresenta e apresenta o projeto: essa trupe de colegas e amigos após as eleições do ano passado fretou um ônibus e foram se encontrar com o ex-presidente do Uruguai, o Mojica. E eis que 6 dias depois (tirando a pós-produção, claro) surge Partida, um filme pré-boteco, daqueles que você vê para depois ir pro bar começar uma discussão política.

Muitas horas foram filmadas pelos dois cinegrafistas do projeto, e Caco Ciocler realizou o trabalho mais difícil: editar todo o marasmo de uma viagem dessas para os momentos mais interessantes. E esses momentos giram em torno das conversas de duas pessoas com visões políticas opostas. Uma delas é Georgette Fadel, auto-denominada no filme de comunista. Vou considerar que ela estava montando um personagem.

Através de estereótipos que todos nós conhecemos a respeito de “esquerdistas” e “direitistas” (ou talvez não, podem ser pessoas reais), Partida nos leva para um road-movie (ou “road-doc”) que a diversão é observar como era divertido acompanhar discussões políticas entre os amigos no bar. “Era” divertido. Há muito tempo que as amizades foram desfeitas.

Este é um documentário necessário? Com toda certeza que não. Mas ele é ruim? Nem um pouco. É uma história até que coesa, e que tem Georgette, que é uma diversão à parte. Ela é o tipo de mulher inteligente, enérgica, que possui opiniões fortes, mas que não deixa de ser uma pessoa interessante para bater um papo no bar. Era o que eu faria se não tivesse uma próxima sessão assim que o filme acabou. Bom, fica pra outra vez. Bar e jogar conversa fora são duas riquezas que não faltam em solo brasileiro.


“Partida” (Bra, 2018), dirigido por Caco Ciocler, com Georgette Fadel, Léo Steinbruch, Paula Cesari, Sarah Lessa, Vasco Pimentel.


Continue navegando no CinemAqui:

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu