Paddington 2 Filme

Paddington 2 | Com certeza o filme mais carismático do ano


Vai ser difícil ver um filme mais carismático do que Paddington 2 nos cinemas este ano. Este é o exemplo perfeito do quanto o cinema pode atuar como escapismo (é ótimo esquecer do mundo lá fora por duas horas enquanto acompanhamos as aventuras do ursinho), mas, também, de que filme nenhum precisa exigir que o espectador “desligue o cérebro” para ser entretido.

Mais do que tudo isso, ainda, o jovem Paddington nos apresenta a um mundo utópico em que um sanduíche de marmelada pode salvar o dia. O resultado final? É impossível não se encantar com o longa ou sair da sala de cinema sem um sorriso enorme no rosto.

Depois dos acontecimentos de As Aventuras de Paddington, o ursinho peruano encontra-se devidamente instalado na casa da família Brown, em Londres, e tornou-se um valioso e querido membro da comunidade local. Seu maior dilema, no momento, é encontrar o presente perfeito para o aniversário de 100 anos de sua tia Lucy ¿ até que Paddington se depara com um magnífico livro pop-up que retrata os principais cenários de Londres em três dimensões.

O livro, por sua vez, possui apenas uma cópia, foi feito à mão e vale uma pequena fortuna. Determinado a adquirir este que seria o presente perfeito para Lucy, que sempre sonhou em ver Londres, Paddington decide trabalhar para poder comprar o livro. Certa noite, ao passar na frente da loja de antiquidades do Sr. Gruber (Jim Broadbent), onde a obra está, Paddington testemunha o roubo do livro e tenta impedir o ladrão, mas sem sucesso ¿ o homem misterioso consegue fazer a polícia acreditar que o verdadeiro culpado é o ursinho, que acaba indo parar na prisão. Enquanto isso, descobrimos que o ladrão é Phoenix Buchanan (Hugh Grant), um ator que mora na rua dos Brown e cujo ego gigantesco não o permitiu aceitar que o auge de sua carreira ficou muito para trás.

A partir daí, acompanhamos as tentativas dos Brown de desvendar o mistério por trás do roubo do livro pop-up e, paralelamente, as desventuras de Paddington na cadeia ¿ que, como você pode imaginar, rendem momentos memoráveis e absolutamente hilários.

Para começar, a prisão e seus presidiários parecem saídos de um filme de Wes Anderson, algo que torna-se mais verdadeiro conforme a influência de Paddington mostra-se mais forte ali dentro ¿ e tudo começa com uma meia vermelha que mistura-se aos uniformes listrados de branco enquanto o urso lavava roupa e, é claro, deixa tudo em tons de rosa. Para tentar redimir-se, Paddington aceita a missão de convencer o ameaçador Knuckles McGinty (Brendan Gleeson), responsável pela cozinha da prisão, a mudar o cardápio. Ele aceita, mas só depois de provar o sanduíche de marmelada que o ursinho sempre carrega em seu chapéu, para o caso de uma emergência. Os dois viram amigos e, logo, Paddington conquista a prisão inteira ¿ que torna-se, então, um lugar como algo jamais visto. E isso tudo por que Paddington seguiu o que sua tia sempre dizia a ele: “Se você procurar o lado bom das pessoas, vai achar.”

Há outra frase “que tia Lucy sempre diz” e que resume bem as temáticas de Paddington 2: “Se formos gentis e educados, o mundo será melhor”. Pode ser uma ideia ingênua, mas não seria tão bom se a praticássemos um pouco mais? O diretor Paul King, que também assina o roteiro ao lado de Simon Farnaby (baseados, mais uma vez, no personagem criado por Michael Bond), jamais deixa de acreditar na bondade e na perseverança de Paddington e dos ursos que ensinaram tudo isso a ele. Mesmo assim, King mostra-se esperto o bastante ao não tentar fingir que todo mundo pode ser “curado” pelo poder da empatia, já que, enquanto os presidiários tornam-se grandes amigos de Paddington, o próprio Phoenix Buchanan logo demonstra não ter chance ou intenção alguma de redenção.

Paddington 2 Crítica

O design de produção, novamente comandado por Gary Williamson, continua deslumbrante. Os tons fantasiosos de Paddington 2 trazem nova vida a Londres e imprimem o longa de magia, algo presente também na forma com que King abraça diferentes formas de contar histórias em seu longa, desde os filmes caseiros que estabelecem o passado dos personagens até uma versão “casinha de bonecas” da prisão, passando, é claro, pelo livro pop-up que torna-se parte fundamental da trama ¿ e que rende uma sequência incrível em que Paddington e Lucy passeiam pelas páginas tridimensionais embalados pela tocante trilha sonora composta por Dario Marianelli.

O senso de humor do filme também permanece certeiro, sendo divertido o bastante para fazer o público de todas as idades rir e, ainda, acrescentando algumas piadas só para os adultos, como uma ótima inversão da famosa rubrica de Shakespeare “Sai, perseguido por um urso”. Enquanto isso, o longa estabelece a importância de um simples gesto de bondade ou atenção ao ilustrar a falta que Paddington faz na vizinhança, ou ao continuar investindo no tom fabulesco da história ao, por exemplo, permitir que os presidiários criem para eles mesmos um cardápio baseado unicamente em doces.

Agora já devidamente estabelecidos enquanto personagens, os Brown podem dedicar-se a arcos dramáticos um pouco mais complexos ¿ e o longa dá a cada um deles a chance de brilhar. Sally Hawkins (que, curiosamente, protagoniza aqui sua segunda cena subaquática de 2018), que trabalha ilustrando livros de aventuras, decide ir em busca de sua própria adrenalina e prepare-se para ir nadando até a França. Hugh Bonneville, por sua vez, aprende a deixar sua preocupação de lado e a conectar-se mais com o jovem inconsequente que era, ao passo em Samuel Joslin, por ainda estar na adolescência, continua batalhando entre quem ele é e a imagem que deseja passar aos outros ¿ lição já aprendida por sua irmã mais velha, vivida por Madeleine Harris, que decidiu reinaugurar sozinha o jornal de sua escola.

No papel do antagonista, Hugh Grant rouba suas cenas e diverte-se imensamente no papel de um ator esquecido que insiste em correr atrás do holofote, e que usa os personagens que interpretou no passado para criar disfarces com os quais pode colocar em prática seu plano de roubar a fortuna escondida pela autora do livro pop-up, que acrescentou, na obra, as pistas para encontrar suas joias perdidas.

Dessa forma, Paddington 2 revela-se uma continuação tão encantadora quanto o longa original e, em diversos aspectos, até mais ambiciosa. Portanto, que venham mais filmes protagonizados pelo ursinho ¿ e mais lembranças de que precisamos ser mais bondosos uns com os outros, lição que este filme compartilha com o recente Extraordinário e que, pelo visto, ainda precisamos ouvir muitas vezes.


“Paddington 2” (RU/Fra/EUA, 2017), escrito por Paul King e Simon Farnaby a partir do personagem criado por Michael Bond, dirigido por Paul King, com Sally Hawkins, Hugh Bonneville, Hugh Grant, Madeleine Harris, Samuel Joslin, Julie Walters, Marie-France Alvarez, Sanjeev Bhaskar, Ben Miller, Jessica Hynes, Robbie Gee, Jim Broadbent, Peter Capaldi Brendan Gleeson, Noah Taylor, Kobna Holdbrook-Smith e as vozes de Ben Whishaw, Imelda Staunton e Michael Gambon.


Trailer – Paddington 2

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