O mensageiro

O Mensageiro

“Algumas histórias são verdadeiras demais para serem contadas”, a frase vem do personagem vivido por Michael Sheen em certo momento de O Mensageiro, e talvez seja ela que mais resuma oO Mensageiro Poster ponto de partida e objetivo do filme de Michael Cuesta.

Nele, Gary Webb (Jeremy Renner) é um jornalista de um jornaleco qualquer da Califórnia, até que cai em seu colo uma história sobre um traficante de drogas da América Central e sua ligação com o Governo dos Estados Unidos. Um furo que se transforma em uma investigação que chega perto demais do alto escalão do país, o que o coloca na mira da CIA.

A história real é baseada nos livros escritos pelo próprio Webb e ainda por um outro de Nick Schou, e que dá nome à produção, “Kill the Messenger”. E talvez seja esse mesmo o título mais propício do filme, já que diante dessa “verdade demais”, o jornalista se vê às voltas com uma campanha que acaba enterrando não só sua carreira, como o mesmo. E isso não é um spoiler, já que o fato nem faz parte do filme, e por lá no Estados Unidos, ainda que encoberta ao máximo, tudo virou manchete. Em 2004 Webb foi encontrado morto com dois tiros na cabeça, a polícia local fechou o caso como suicídio.

E ainda que o roteiro de Peter Landsman não tente nem por um segundo forçar o peso do final da vida de Webb, amarra toda a trama de modo clássico, didático e preciso. O Mensageiro então é um daqueles filmes onde cada descoberta leva a uma outra, e cada diálogo entre o jornalista e algum envolvido carrega o roteiro a um outro local. Então o que não faltam são gente interessante cruzando o caminho do protagonista, e o filme faz isso com um baita estilo.

De Andy Garcia a Ray Liotta, Renner contracena com um elenco de apoio incrível e que eleva bastante o nível do filme. Tim Blake Nelson em uma pequena ponta conduz um julgamento dos mais agitados, assim como o sempre ótimo Michael Kenneth Williams (das séries The Wire e Boardwalk Empire) tem mais uma chance para mostrar o quanto está mais que preparado para brilhar no cinema. De resto, Michael Sheen ainda dá uma palhinha e Oliver Platt tem um espaço maior, o que é ótimo para o filme.

O Mensageiro Crítica

Em resumo, Jeremy Renner tem que se virar para não sumir, e o faz, principalmente por conseguir entender o quanto seu personagem precisa ser um cara comum, igual a milhões de outros jornalistas. Cuesta e Landsman ainda facilitam isso ao aproximar Webb à sua família, colocar seus pés no chão e pintar a todo custo um cara justo, com escrúpulos e uma vontade de contar a verdade custe o que custar. E custa.

E melhor que isso, por toda sua contemporaneidade, foca suas histórias em figuras e situações recentes (principalmente no EUA), e um desdobramento tão interessante e real que dá a toda trama uma importância social incrível quando resvala na real epidemia de crack que assolou o país nos anos 90.

O Mensageiro então é isso, um filme “verdadeiro demais para ser contado”, mas que o faz, e melhor ainda, por meio de um thriller de jornalismo tão oldschool como a mala puída do protagonista. Daqueles cheios de surpresas e da impressão de que nem sempre a verdade está ai para ser vista.


“Kill the Messenger” (EUA, 2014), escrito por  Peter Landesman, à partir dos livros de Gary Webb e Nick Schou, dirigido por Michael Cuesta, com Jeremy Renner, Rosemarie DeWitt, Mary Elizabeth Winstead, Barry Pepper, Tim Blake Nelson, Michael Kenneth Williams, Oliver Platt, Michael Sheen e Andy Garcia


Trailer – O Mensageiro

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