O Homem nas Trevas Filme

O Homem nas Trevas | Suspense tem todos ingredientes para se tornar um sucesso

Três jovens em busca de um jeito fácil de escapar de sua realidade. Uma pilha de milhares e milhares de dólares. Uma casa grande, velha e repleta de surpresas. Um senhor cego e veterano de guerra. Esses são os ingredientes para O Homem nas Trevas, um terror simples em sua estrutura, mas excelente ao construir tensão constante e sustos de prender a respiração.

Rocky (Jane Levy), Money (Daniel Zovatto) e Alex (Dylan Minnette) se aproveitam do fato de que o pai deste último trabalha em uma seguradora para descobrir senhas de alarmes e pegar as chaves de casas e, assim, realizar pequenos roubos. A regra é que eles não devem levar dinheiro vivo e nem roubar itens que somem um valor de mais de dez mil dólares, o que seria o bastante para colocá-los na prisão por um longo tempo.

Até que eles descobrem uma casa antiga em uma vizinhança abandonada, onde um velho veterano de guerra cego (Stephen Lang) mora sozinho. Sua filha morreu em um acidente de carro, pelo qual ele recebeu cem mil dólares de indenização. O trio pretende roubar esse dinheiro e usá-lo para ir embora definitivamente de Detroit — Rocky sonha em tirar a irmã mais nova da casa da mãe e mudar-se com a garota para a Califórnia.

Os jovens estudam a vizinhança, pesquisam o senhor na internet, levam os devidos equipamentos e se sentem preparados para o assalto. Inicialmente, tudo vai conforme o esperado. A situação, entretanto, muda totalmente de figura quando Money saca uma arma para abrir a porta que, supostamente, protege o dinheiro.

A partir daí, é melhor você ir ao cinema sem maiores detalhes, pois a tensão do filme praticamente não para de crescer a cada segundo e definitivamente não deixa o espectador ter um momento de sossego. O diretor Fede Alvarez (que assustou muita gente com ótimo remake de A Morte do Demônio), que assina o roteiro ao lado de Rodo Sayagues, constrói o suspense e o ritmo da narrativa com talento, fazendo com que nos assustemos com algum acontecimento mesmo quando sabemos que ele está por vir.

E para esse clime, o design de som de O Homem nas Trevas tem papel importante nisso: a música surge ou encerrar-se nos momentos certos, ajudando a estabelecer uma cena ou dando espaço para a ação. Cada passo, ranger e respiração são ouvidos claramente, ajudando não apenas a construir o espaço da casa como mostrando o quanto o trio tem que cuidar para não denunciar sua localização para os ouvidos apurados do homem. A câmera, por sua vez, explora o ambiente com cuidado, fazendo da casa quase que um tenebroso labirinto. A fotografia também acerta ao trabalhar bem as sombras do local e ao investir em uma câmera noturna durante uma importante cena.

O Homem nas Trevas Crítica

Alvarez mostra-se seguro e capaz durante quase todo o filme e, portanto, é uma pena que ele pareça não confiar justamente em seu início. Em vez de nos apresentar aos personagens de forma natural e a nos conduzir a partir disso rumo ao segundo e ao terceiro ato, ele prefere fazer isso apenas depois de iniciar o longa in media res (começando pelo meio da narrativa), com um plano que retornará na conclusão. Na introdução, porém, o momento não tem nada a acrescentar, estando ali apenas para iniciar o filme já com um momento de tensão e buscando criar expectativa. O efeito real, entretanto, é apenas o de revelar informações das quais o espectador ainda não precisa.

Jane Levy é carismática, mas os personagens são um ponto fraco do roteiro. Eles não são chatos ou irritantes, mas também não são pessoas com as quais nos importemos enquanto indivíduos. Humanizados o suficiente para que desejemos apenas que eles consigam escapar (mesmo sabendo que eles nem deveriam ter entrado na casa), vendo essa empatia nascer por sua situação, e não por quem são. Nesse sentido, o fato de que Alex recebe a mais do que batida trama de “garoto apaixonado pela amiga, mas ela nem faz ideia” e de que Money é construído como o típico jovem que se acha rebelde só pioram a situação. Ao menos, como protagonista, Rocky tem a oportunidade de demonstrar brevemente o carinho que sente pela irmã e de ter alguns (poucos) momentos heroicos.

Mas, para O Homem nas Trevas funcionar, é essencial que o homem cego fosse um vilão cativante — e ele é. Assustador, imprevisível e cruelmente insano, o velho é uma presença aterrorizante, e Stephen Lang acerta em cheio ao encarná-lo como um homem que acredita piamente que não está fazendo nada que não lhe é de direito. Entretanto, esta teria sido uma excelente oportunidade para que um ator realmente cego fosse escalado, em vez de recorrerem a lentes de contato para criar uma aparência realista para Lang.

O Homem nas Trevas tem um objetivo claro: deixar o espectador na ponta da cadeira. O filme acerta em cheio nisso, mesmo com falhas pontuais. A produção não chega a ficar lado a lado com obras fascinantes e originais do terror recente como A Bruxa, O Babadook ou Corrente do Mal, mas faz sua parte na hora de mostrar que ainda há muito talento envolvido no gênero.


Don’t Breathe (EUA, 2016), escrito por Fede Alvarez e Rodo Sayagues, dirigido por Fede Alvarez, com Jane Levy, Stephen Lang, Dylan Minnette e Daniel Zovatto.


Trailer – O Homem nas Trevas

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