Funcionário do Mês Filme

O Funcionário do Mês | Comédia italiana teve maior bilheteria da história

Uma comédia de absurdos nunca será tão absurda quanto uma comédia italiana. E Funcionário do Mês é um exemplo clássico: é escrachado do começo ao fim, se valendo não só dessa fama italiana do funcionalismo público, do “jeitinho italiano” (ah, essa herança…), mas também do comodismo e do estereótipo da família (italiana, claro). Na verdade, é melhor ainda, pois ao criticar o mundo “incivilizado” que o italiano médio vive, o filme também escracha o lado “civilizado”, escancarando o diferente, o divergente, a multicultura. Sempre pelo exagero, claro! Eu comentei que essa é uma comédia italiana? Capisce?

O filme já começa com uma série de desventuras que colocam Checco Zalone (Checco Zalone), o herói da trama, explicando a história de sua vida para uma tribo africana, que não entende frases simples em italiano, mas entendem toda a narrativa dele.

Explicando que ser funcionário público está no seu sangue (seu pai que o influenciou a seguir o caminho da estabilidade, da vida fácil e do mecanismo infindável de privilégios), contando como sua vida era perfeita trabalhando em um escritório regional de caça e pesca, sendo mimado pelos seus pais, pela sua namorada e família. Tudo por ser funcionário público, uma conquista para a vida toda.

Seria para a vida toda se não fosse a reforma conduzida por um político que começa a profissionalizar os cabides de emprego e conduz Zalone para um jogo interminável de transferências pela Itália que acaba colocando-o no Polo Norte, na Noruega. Lá ele conhece Sironi, o clichê de ecologista/salvadora do mundo. Junto com ela, Zalone também descobre na Noruega a diversidade de ideias, do respeito mútuo, dos seis meses de dia e seis meses de noite, e do suicídio.

Funcionário do Mês Crítica

Sim, Funcionário do Mês não se priva em momento algum de fazer piada de qualquer coisa. Ele quase perde sua humanidade ao fazer joça do próprio protagonista, que é intenso em qualquer coisa que faça – seja buscar suas regalias públicas ou viver como um norueguês – mas graças ao surpreendente desempenho cômico de Checco Zalone e a sua versatilidade em nunca deixar de soar autêntico no que faz, somos levados a crer nesse universo, por mais absurdo que soe.

Zalone assina o roteiro junto do diretor Gennaro Nunziante, que aqui aplica um “truque” muito eficaz em comédias desse tipo: ao filmar cenas rápidas (que se tornam ainda mais rápidas na edição), o filme nunca nos dá nenhum tempo suficiente para reflexão; se torna uma enxurrada interminável de piadas, criativas e bem colocadas (além de estarem dentro do contexto da história). Essa é a clássica pornochanchada, mas com jeitinho ideológico, e há vários acontecimentos que se sucedem, sempre dando espaço para piadas espirituosas, ou no mínimo simpáticas sem soar repugnantes; até porque o povo italiano aprendeu a rir de si mesmo, o que comprova a eficácia de filmes como esse, que faz joça de uma nação inteira de acomodados.

E, por que não, de qualquer nação. A própria existência de países já comprova a inclinação do ser humano de buscar estabilidade na vida a qualquer custo. Nem que seja ao custo dos outros.

A grande piada, ironicamente, é que isso não parece nada civilizado.


“Quo vado?” (Italy, 2016), escrito por Gennaro Nunziante, Checco Zalone, dirigido por Gennaro Nunziante, com Checco Zalone, Eleonora Giovanardi, Sonia Bergamasco, Maurizio Micheli, Lino Banfi


Trailer – O Funcionário do Mês

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