O Filme do Bruno Aleixo | Simpático e divertido, mesmo que você não saiba quem é esse Bruno Aleixo


[dropcap]U[/dropcap]ma das coisas que mais gosto da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e de festivais em geral, é a possibilidade de me aventurar por obras que, de outra forma, eu provavelmente sequer ficaria conhecendo. Os resultados finais podem variar, mas as experiências acabam se tornando fascinantes por si só. Uma dessas agradáveis surpresas do festival, para mim, foi O Filme do Bruno Aleixo — figura cuja existência era completamente desconhecida por mim até seu filme começar.

O título do longa-metragem indicava que seria uma comédia, mas eu não fazia ideia de quem era Bruno Aleixo, ou se ele seria alguém fictício ou real. O que eu certamente não imaginava era que Bruno Aleixo seria um ser animado parecido com um Ewok e que teria como amigos um busto de Napoleão Bonaparte (muito apropriadamente batizado de Busto), uma personificação do Monstro da Lagoa Negra e entusiasta de música eletrônica (Renato) e um homem quase pré-histórico chamado de Homem do Bussaco. Bruno Aleixo é, depois descobri, um popular personagem português de humor, criado por João Moreira e Pedro Santo.

Em O Filme do Bruno Aleixo, ele é chamado por um produtor de cinema a escrever um roteiro baseado em sua vida e carreira. Ele não sabe muito bem por onde começar e, então, chama Busto, Renato e o Homem do Bussaco para ajudá-lo a pensar em uma ideia para “o filme do Bruno Aleixo”.

Bruno prefere fazer um filme semibiográfico — “Ninguém tem nada a ver com o que eu faço ou deixo de fazer”, anuncia ele —, mas nenhum deles entende alguma coisa de cinema ou consegue pensar em algo interessante da vida de Bruno para contar em um filme. O longa, assim, diverte com as ideias estapafúrdias e clichês do grupo, que vão desde colocar Bruno como um papa que investiga crimes durante a noite até uma história digna da franquia Busca Implacável em que o irmão de Bruno é sequestrado por um vilão genérico.

Os amigos também discordam sobre aspectos como quantidade de violência que o filme pode ter, quem deveria interpretá-los, se a obra deve ser dublada ou não — Bruno acha que é uma boa ideia, pois o público brasileiro gosta. É divertido ver esses personagens bizarros discorrendo sobre cinema e tentando criar um filme interessante sem ter a menor ideia de como fazer isso, e o longa conta com momentos verdadeiramente hilários — como aquele envolvendo um esfregão e um secador de mão, a referência a O Poderoso Chefão ou um personagem cumprimentando os convidados de uma festa.

Porém, os enxutos 90 minutos de duração de O Filme do Bruno Aleixo se mostram além do que o filme consegue preencher com sucesso, fazendo com que várias piadas e cenas estendam-se para além do que funciona. De qualquer forma, trata-se de uma obra simpática e divertida, mesmo para quem, como eu, sequer sabia da existência de Bruno Aleixo.


“O Filme do Bruno Aleixo” (Por, 2019), escrito e dirigido por João Moreira e Pedro Santos, com Fernando Alvim, Fernando Cham Cordeiro, João Lagarto e Adriano Luz.


Trailer do Filme – O Filme do Bruno Aleixo

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