Nasce Uma Estrela Filme

Nasce uma Estrela | Uma história que precisa sempre ser contada

Em certo momento do novo Nasce uma Estrela, Sam Elliot lembra que as histórias são como as músicas, elas se constroem através dessas doze notas e se repetem como em um refrão. É a quarta vez que Nasce Uma Estrela chega aos cinemas. É a quarta vez que essa história tem todas as razões para ser mostrada para uma nova geração.

Muito provavelmente, Nasce Uma Estrela está de mãos dadas com King Kong e Vampiros de Almas (ou “Invasores de Corpos”) como os filmes com mais remakes da história do cinema. Não de graça, ambos contam história universais em que não existem vilões e mocinhos, mas sim pessoas em situações extremas.

No caso de Nasce uma Estrela, quem vive nesse limite é Jackson Maine (Bradley Cooper), um cantor country que enche estádios, mas que parece movido por uma vida pessoal que se afunda em um poço interminável de dor. Dor de viver, de não entender o vazio dentro dele, mesmo diante de uma multidão que o transforma em uma força da natureza em cima do palco.

Uma energia que vai se esvaindo a cada gole de gim ou vodka, até que encontra Ally (Lady Gaga), uma cantora amadora que sonha com o estrelato. O que vem a seguir é um caminho em que ela se torna uma estrela e ele, cada vez mais, perde a pouca força que conseguia manter para que sua carreira existisse.

Não estamos falando de uma história de superação, mas sim um drama verdadeiro sobre a derrocada de um homem diante de seus vícios e do amor de uma mulher que ultrapassa qualquer barreira para garantir sua felicidade. Jack é uma peça quebrada, é Ally que consegue grudar tudo e lhe dar forma novamente. Mas as cicatrizes continuam surgindo e o fim trágico é apenas uma questão de tempo.

O caminho ascendente de Ally passa pelo afastamento das raízes nas quais Jack está grudado. A artista que ela se torna é um reflexo do quanto ele não cabe mais dentro daquele mundo. Um filme de amor verdadeiro e que sabe que nem todas as histórias acabam com um “felizes para sempre”.

E nas mãos de Bradley Cooper em seu primeiro trabalho como diretor, o resultado é um filme visceral. Sua câmera sabe exatamente onde estar. Desde a luta por encontrar um espaço no palco junto com Jackson Maine, até observando de longe essa Ally saindo de mais um relacionamento desastroso e subindo um beco cantando e com a única certeza de que a esperança é a sua única companheira.

Nasce Uma Estrela Crítica

Um jogo que se mantém por todo o filme e mostra um Cooper que “esconde” sua experiências com um leque enorme de recursos e possibilidades. Sua câmera nunca parece satisfeita na hora de acompanhar um personagem ou ir de um a outro com firmeza e sensibilidade. Não existe possibilidade de você não entender o que cada uma dessas pessoas está sentindo.

Seus planos fechados invadem as almas de seus personagens, seus planos abertos demonstram um controle de composição que não te permite nunca perder a sensação de entender o cenário geral. E quanto mais ele consegue misturar essas duas possibilidades, mais Nasce Uma Estrela se torna um daqueles exemplos de filmes diretos e objetivos. Um trabalho que se fosse assinado por um profissional com anos de carreira não seria nenhuma surpresa.

E não tenha dúvidas, o filme é de Cooper. A presença de Lady Gaga pode até ser uma surpresa tremendamente agradável, principalmente por entender as nuances da personagem, conseguindo ir da fragilidade à enorme potência com uma capacidade incrível. Sua Ally inicial é quase uma menina perdida no mundo, com o olhar perdido e receoso, mas que se torna uma potência quando sobe em um palco e é a prévia perfeita do que se pode esperar de suas mudanças no filme.

Mas como eu disse, Nasce Uma Estrela é de Cooper. Tanto nos momentos ruins, quanto nos bons, seu personagem ocupa toda a tela, seja tomado pelos vícios, ou amando a vida com um poder que conquistará qualquer espectador. Mas é a tragédia que toma seu olhos fora dos palcos que demonstra o quão seguro ele está de seu trabalho. O homem fora do palco é apenas um resquício triste daquele por trás do microfone, quando esse retalho passa a ocupar os palcos o que sobra é o resto cru de uma pessoa tomada por seus pecados.

Cooper cria esse personagem falho e apaixonante, mesmo trágico. Seu trabalho vocal cria uma rouquidão dos anos, seu corpo parece cansado e embriagado. Seu choro vem de dentro, da alma, envergonhado pelas mãos, mas que toma o personagem de culpa enquanto tenta voltar à sua vida. Talvez por saber que não é possível retornar. Para ele, apenas um ciclo, como um refrão, que irá ser cantado, mais cedo ou mais tarde.

Mas sobre tudo isso, uma história que pode ser sentida por todos, não necessariamente rockstars, mas todos que precisam entender o quanto é preciso pensar no próximo acorde. Como uma canção que precisa sempre ser cantada, Nasce Uma Estrela é uma história que necessita sempre ser contada.


“A Star is Born” (EUA, 2018), escrito por Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters, dirigido por Bradley Cooper, com Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliot, Andrew Dice Cla, Rafi Gavron e Anthony Ramos.


Trailer – Nasce Uma Estrela

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