Não Olhe Para Trás

Não Olhe Para Trás

Se levarmos em consideração os últimos anos de carreira de Al Pacino, seria difícil acreditar que um filme pequeno (e com jeitão daqueles que passam despercebidos pelo circuíto) como Nao Olhe Para Não Olhe Para Trás PosterTrás pudesse ser algo tão interessante. Mais ainda, é uma prova de que o ator ainda continua sendo uma das melhores coisas que Hollywood “criou”.

De modo breve, o filme de estreia de Dan Fogelman na direção é quase um estudo de personagem tão preciso quanto seus primeiros minutos. Neles, você é apresentado a um jovem cantor, seu primeiro disco e o medo de ter que lidar com o sucesso. O filme passa para algumas décadas no futuro e um cantor enchendo uma arena com suas mesmas músicas e uma ausência daquele medo do passado.

Al Pacino então é Danny Collyns, e Fogelman (que também escreve o roteiro, e nisso já tem experiência, principalmente em animações, como Carros e Enrolados) cria esse cara que completa uma segunda dose de Whisky, cheira cocaína, retoca o cabelo para esconder a idade enquanto o enche de laquê, mas caminha pelos bastidores de seu show como uma lenda. O diretor resume isso a uma série de planos detalhes curtos e descartáveis.

“Descartáveis”, pois são apenas uma lembrança esquecida e irreal desse mito. Um amontoado de detalhes que escondem sua verdeira e melancólica personalidade, gasta e puída, apenas o que sobra desse cara com seus 70 e pouco anos, mas que ainda sobe ao palco para cantar as mesmas músicas noites e noites seguidas.

O olhar de medo do jovem Collyns então vai de encontro ao resto de um artista que fica jogado em seu camarim após o show, e isso resume a carreira desse astro. Uma carreira que então sofre um revés quando Collyns recebe de seu empresário (o igualmente incrível Christopher Plummer) um presente: uma carta escrita por John Lennon para aquele jovem Collyns em começo de carreira. Na verdade uma epifania para que o cantor então decida largar tudo, se mudar para New Jersey, voltar a compor suas músicas e tentar “reatar” o contato com um filho que, na verdade, nunca teve contato.

Mas, ainda que Fogelman faça um ótimo trabalho em um roteiro que não se deixa levar por clichês (talvez só se permita o lugar comum para buscar inspiração para o fim do segundo ato), e com isso acabe surpreendendo a todos com uma história sensível, real e tocante, Não Olhe Para Trás é de Al Pacino.

Não Olhe Para Trás Crítica

Em pouco minutos de filme, Pacino faz mais pelo cinema do que 90% dos atores atuais. E o que vem depois é a transformação em um personagem que equilibra carisma com um quantidade enorme de camadas a serem descobertas. Seu Danny Collins é delicioso, é triste, é engraçado, é encantador e galanteador, mas melancólico e perdido numa vida que não sabe o que fazer com ela.

E Fogelman sabe o que tem em mãos, tanto é que somente um par de cenas no filme inteiro, lá para o terceiro ato, não conta, com a presença de Pacino (tirando a abertura). Sobra então para o ator novaiorquino dar mais um show, principalmente da sensibilidade com que ele capta a necessidade de que seu personagem: tremendamente expansivo na maioria do tempo, mas se escondendo em na sutileza de certos, como quando parece se esforçar para passar despercebido pela raiva do filho, tudo para assim apaziguar seu sentimento e permitir que ele (filho, vivido por Bobby Cannavale, que mais uma vez aproveita cada segundo de cena)aceite-o em sua vida.

No final da contas Não Olhe Para Trás então é sobre isso, sobre essa aceitação. Sobre tentar que seus pecados do passado sejam perdoados e permitam um novo passado. Tanto com o filho, quanto em sua própria carreira musical, já que é a luta por criar um novo Danny Collins que o leva até ali, mas é também o descobrimento de que talvez aquele velho Danny Collins não esteja completamente errado é que permite que ele possa pensar em um futuro onde o melhor de cada mundo agora possa viver em harmonia.

Talvez uma lembrança de que mesmo que se olhe para o passado mais próximo e ele não seja essa maravilha, talvez ainda assim ele sirva de combustível para que o futuro volte a trazer aquilo que se mais lutou no início. E se você percebe o quanto isso é um resumo perfeito da carreira de Al Pacino, talvez ai seja fácil perceber mais uma razão porque ele é tão perfeito para o papel.


“Danny Collins” (EUA, 2015), escrito e dirigido por Dan Fogelman, com Al Pacino, Annette Bening, Jennifer Garner, Josh Peck, Bobby Cannavale e Christopher Plummer


Trailer – Não Olher Para Trás

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