Mortal Kombat | Para trás, para frente e qualquer botão


Talvez exista por trás de Mortal Kombat uma espécie de ciclo. A primeira adaptação do game chegou aos cinemas em 1995 e foi uma das seminais grandes tentativas de fazer com que os jogos eletrônicos se tornassem uma inspiração para Hollywood. O filme ainda tem fãs até hoje, mas a qualidade dele nunca deixou de ser duvidosa. Vinte e seis anos depois, o novo Mortal Kombat criou expectativas, o resultando também deixa a desejar. Quem sabe em 2047 eles acertem.

Mas se o resultado é uma bobagem sem sentido, o começo promete algo bem longe disso. Caprichado, cheio de personagens interessantes, uma mitologia bacana e um pontapé inicial que enche os jogadores do game de esperança. Para os fãs, ver os futuros Scorpion (Hiroyuki Sanada) e Sub-Zero (Joe Taslim) lutando pela honra de suas linhagens e já referenciando os personagens clássicos dos games, é um deleite. Mas isso acaba sendo apenas um prólogo.

O que vem depois é um grande exercício de frustração. O tal Mortal Kombat é um campeonato onde a “nossa realidade” manda seus campeões para enfrentar os lutadores do tal do “Outerworld”, um reino que se ganhar o décimo torneio irá então poder assimilar o outro mundo (o nosso). Mas esqueça isso, porque você não verá esse torneio, já que o plano do Shang Tsung (Chin Han) é ser o único a disputar o título, para isso, envia para a Terra seus melhores capangas para matar os seus adversários antes mesmo deles se preparem para as lutas.

Felizmente para a Terra, seu maior campeão ainda não sabe de seu poder, Cole Young (Lewis Tan), um lutador de MMA meio fracassado que vem da linhagem de outros campeões e irá precisar descobrir seu movimento especial no joystick enquanto treina com outros heróis. Aqui um adendo, o “felizmente” foi irônico, já que o personagem não presta para nada.

Já sobre a descoberta dos movimentos no joystick, nunca uma adaptação conseguiu levar para os cinemas essa sensação, até agora. Durante boa parte do tempo do filme os campeões da Terra ficam por aí apertando um monte de botões quanto apontam o direcional para todos os lados esperando que uma bola de fogo, ou laser ou um combo funcionem. No final, todos conseguem, mas é impossível não se chatear com toda chatice posterior.

A direção de Simon McQuoid, pelo menos, consegue mostrar tudo com uma clareza interessante, enquanto as cenas de luta funcionam. Até essa ideia de vários cenários para lutas diferentes recorre aos games e é um esforço estético divertido, mas a impressão de que nada ali faz sentindo e as motivações são um fiapo de história são muito mais fortes.

A história escrita por Greg Russo, Dave Callaham e Uren Uziel não parece interessada em aprofundar qualquer ideia que não seja colocar esses personagens conhecidos pelos fãs frente a frente para muita porradaria. Mas é impossível se deixar levar por essa bobagem (que poderia ser divertida), principalmente quando o roteiro começa a se levar a sério demais, isso enquanto não encontra a necessidade de enfiar na tela um “Fatallity” ou gritar um “Flawless Victory” mesmo enquanto estava se respeitando como obra firme e séria.

Mortal Kombat não sabe em que lugar quer estar e o resultado é o fã tendo a certeza de que iria preferir estar jogando o game do que acompanhando essa história capenga, que até funciona com um visual interessante, mas esquece de contar uma história que seja minimamente cativante.


“Mortal Kombat” (EUA, 2021); escrito por Oren Uziel, Greg Russo e Dave Callaham; dirigido por Simon McQuoid; com Lewis Tan, Jessica McNamee, Josh Lawson, Mehcad Brooks, Tadanobu Asano, Hiroyuki Sanada, Chin Han, Ludi Lin, Max Huang e Sis Stringer


Trailer do Flme – Mortal Kombat

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