Megatubarão

Megatubarão | Despretensiosamente divertido

Um gigantesco tubarão pré-histórico aterrorizando um grupo de pesquisadores e uma praia lotada – esse é definitivamente o principal atrativo de Megatubarão, e o filme sabe muito bem disso. Portanto, apesar de tender para diálogos expositivos repetitivos e de frequentemente perder o ritmo quando a criatura-título não está em cena, o resultado final é uma produção despretensiosa e moderadamente divertida.

Depois de um incidente em que foi forçado a deixar parte de sua tripulação para trás, Jonas Taylor (Jason Statham), especialista em resgates em grandes profundidades, abandona a profissão e jura nunca mais mergulhar. Os sobreviventes culpam Taylor pela morte dos colegas, enquanto ele insiste que era impossível salvá-los por causa da imensa criatura que circundava o submarino da tripulação – mas, como apenas o protagonista viu esse “monstro”, ele é descartado como um maluco em negação pelo que fez.

Enquanto isso, em um moderno laboratório subaquático, uma equipe acompanha uma missão que inclui Lori (Jessica McNamee), ex-esposa de Taylor, e que está atrás de um lugar ainda mais profundo do que a Fossa das Marianas, onde podem se esconder formas de vida jamais vistas. O que Lori e seus companheiros Toshi (Masi Oka) e Muralha (Ólafur Darri Ólafsson) encontram por lá? O megalodonte, tubarão pré histórico de mais de 20 m de comprimento e que também foi o responsável pelo ataque ao submarino de Taylor. Ele, então, é relutantemente chamado para a missão de resgate e para capturar o “mega”.

As “regras” do universo de Megatubarão e os objetivos e resgates de cada integrante da equipe oferecem a oportunidade perfeita para que os roteiristas Dean Georgaris, Jon Hoeber e Erich Hoeber (que escrevem com base no livro Meg, de Steve Alten, o primeiro de uma série centrada em Taylor e no mega) entreguem-se a inúmeros e repetitivos diálogos expositivos que praticamente obrigam o espectador a simplesmente acenar com a cabeça e aceitar o que eles estão falando, pois nada faz lá muito sentido. Mais eficientes são as provocações e piadinhas trocadas entre os personagens e que, apesar de também não serem lá tão originais, funcionam para estabelecer a dinâmica e o companheirismo entre eles. Há tempo também para uma ou outra frase motivacional ou de efeito declamado com dramaticidade – e artificialidade.

Mais interessante é a forma com que o diretor Jon Turteltaub respeita o trauma sofrido pelo protagonista e o peso da perda dos personagens que não sobrevivem ao mega – mesmo que o longa tenha pouco tempo para esses momentos mais emocionais, o luto por eles e a dificuldade de retornar àquela situação estão lá.

Nesse sentido, funciona também a integração entre a equipe, que faz um trabalho eficiente em construir seus personagens (a partir, é claro, de indicações módicas de personalidade). Statham não força a barra na “rabugice” de Taylor e força uma boa parceria com seu interesse romântico em potencial, Suyin (Bingbing Li); o filme felizmente evita o caminho mais óbvio de colocá-lo em conflito com sua ex-esposa. Aliás, o fato de ser uma co-produção entre Estados Unidos e China significa que Megatubarão apresenta um elenco diversificado (assim como o recente Arranha-Céu: Coragem Sem Limite), algo natural considerando que sua ambientação principal é uma estação internacional de pesquisa.

Megatubarão Crítica

Enquanto isso, a produção junta-se a Rampage: Destruição Total no grupo de “blockbusters envolvendo animais gigantescos e que incluem mensagens ambientalistas em meio a toda a destruição”, refletindo a preocupação crescente com o modo com que tratamos o planeta e os animais que nele habitam.

Assim, a certa altura, Taylor declara que “a Mãe Natureza sabe o que está fazendo” e que, portanto, a recente ascensão do mega não é coincidência – e, quando o tubarão gigante ataca a tribulação de um navio que caça tubarões apenas para arrancar suas barbatanas e jogá-los de volta ao mar, mortos, é porque o mega estava “acertando as contas”.

Finalmente, o antagonista humano da história fica por conta do personagem de Rainn Wilson, um empresário babaca (e que rende alguns dos piores momentos do longa) que se preocupa apenas com o impacto que a situação vai ter em sua reputação e investimento.

Mas vamos ao que interessa: o mega. Os efeitos especiais têm a qualidade esperada para um filme com um orçamento de 150 milhões de dólares, mas o tubarão jamais deixa de impressionar. Surgindo realista e ameaçador sempre que aparece em tela, o mega é utilizado com eficiência por Turteltaub, que toma o cuidado de fazer com que ele surja no momento certo para criar mais tensão no espectador. Além disso, como a maioria das cenas de ação se passa debaixo d’água, elas também representam momentos de dinamismo e agilidade. Já a sequência na praia se estende um pouco além do necessário, mas rende algumas ótimas imagens, como a de um pequeno yorkshire nadando despreocupadamente no mar apenas para dar meia-volta ao deparar-se com o mega.

O que temos aqui é uma megaprodução que acerta justamente no ponto mais importante e, nos demais, comete deslizes bastante pontuais. Afinal, Megatubarão é, definitivamente, um filme que sabe o que o público espera dele e o que é capaz (ou não) de entregar.


“The Meg” (EUA/Chi, 2018), escrito por Dean Georgaris, Jon Hoeber e Erich Hoeber a partir do liro “Meg” de Steve Alten, dirigido por Jon Turteltaub, com Jason Statham, Bingbing Li, Cliff Curtis, Winston Chao, Page Kennedy, Robert Taylor, Ruby Rose, Rainn Wilson, Jessica McNamee, Masi Oka e Ólafur Darri Ólafsson.


Trailer – Megatubarão

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