Martyrs Filme

Martyrs | Refilmagem do terror francês mantém profundidade e gore

Martyrs, como todo terror que se preza, possui uma história bem simples. O que o torna envolvente é a sua forma de representar a insanidade humana, seja através da religião ou de uma ideologia qualquer que utilize o ser humano como objeto de sacrifício.

Nesse sentido, ele é bem universal, o que, pelo menos em teoria, descartaria a necessidade desse remake norte-americano. Não vi o original, mas me parece que o único motivo de refilmar a produção francesa é a velha alergia que os americanos têm de legenda.

Não existem grandes heróis ou heroínas no filme, mas apenas vítimas e vilões, o que é de se admirar. Vemos no início a jovem Lucie (Troian Bellisario, da série Pretty Little Liars) conseguir se livrar de amarras e sair correndo para longe de um lugar que parece ter sido seu cativeiro. Ela se torna, então, moradora de um orfanato, onde encontra sua melhor amiga, Anna (Bailey Noble). Lucie aos poucos se abre para a amiga, e revela que recebe a visita constante de monstros.

Dez anos se passam. As jovens cresceram, e a história dá início a uma reviravolta particularmente inspirada, onde a dúvida se estamos presenciando um filme sobre a loucura humana ou sobre o sobrenatural é o pêndulo que se torna particularmente interessante de ver em movimento, mesmo que intuitivamente já saibamos a resposta (ou pelo menos a resposta que melhor se encaixaria no contexto da história).

No entanto, a descoberta da ante-sala do inferno se torna o ponto alto do longa, onde a partir daí não há pudores na dor e sofrimento alheio. Muito parece gratuito e desnecessário, e o roteiro, embora bem construído, dá seus deslizes em saídas fáceis e explicações gratuitas (embora tente amarrar com alguma lógica).

Martyrs Crítica

Desinteressado em florear muito seus motivos, Martyrs simplesmente é o que é. Não há melhor conspiração que a sua ausência e não há pior maldade do que a possível em um mundo onde já vivemos. Os simbolismos envolvidos na explicação são ótimos por dispensarem qualquer ideia mirabolante ou gancho espiritual.

Sobre a direção dos irmãos Goetz, fica difícil não citar o uso de uma profundidade de campo reduzida, onde quase nada do cenário, ou personagens secundários, é possível ver. Esse artifício foi utilizado pelo vencedor do Oscar esse ano de filme estrangeiro, Filho de Saul, por motivos semelhantes, além de esconder o objeto do medo sem precisar colocá-lo atrás da porta. E funciona razoavelmente bem em conseguir esconder também parte do gore que é desnecessário, e só diretores como Eli Roth fariam questão de mostrar.

Mesmo assim, se você não é muito fã de violência gráfica extrema, haverá um ou dois momentos propícios para virar os olhos. Nada muito exagerado, mas é o psicológico de Martyrs que pega pesado. E, com um pouco de atenção, o filosófico também poderá pegar você de jeito.


“Martyrs” (USA, 2015), escrito por Pascal Laugier, Mark L. Smith, dirigido por Kevin Goetz, Michael Goetz, com Troian Bellisario, Bailey Noble, Kate Burton, Caitlin Carmichael, Melissa Tracy


Trailer – Martyrs

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