Magic Mike XXL

Magic Mike XXL

O divertido Magic Mike, lançado em 2012 por Steven Soderbergh, surpreendeu com a forma natural e divertida com que tratava seu universo, o dos strippers masculinos. Além disso, porém, o filme tentou investir em batidos arcos dramáticos que, além de desacelerar o ritmo, eram centrados principalmente no personagem sem graça de Alex Pettyfer. Em Magic Mike XXL, diversão é a palavra-chave e, consequentemente, a dinâmica do grupo funciona muito melhor. Este é o filme que o longa original queria ser.

Três anos depois dos eventos do filme anterior, Mike (Channing Tatum) batalha para sustentar sua empresa de materiais sob medida. Quando ele descobre que os Reis de Tampa – agora sem Dallas (Matthew McConaughey) e Adam (Pettyfer) – estão de volta à cidade e rumo a uma convenção de strippers masculinos em Myrtle Beach, e Mike decide ir com eles. Os rapazes, então, passam por diversas cidades e, entre novas amizades e encontros com velhos conhecidos, redescobrem seus sonhos enquanto montam um espetáculo do jeito que eles sempre quiseram.

Enquanto o primeiro filme focava principalmente na diversão (e no poder) do grupo enquanto se apresentavam no palco, Magic Mike XXL é centrado na audiência principal dos strippers: as mulheres. São os desejos, vontades e sentimentos delas que sustentam as performances dos homens – o sucesso deles, afinal, depende se eles irão conseguir, ou não, arrancar um sorriso da mulher para a qual se apresentam. O maior “conflito” do filme, aliás, é se Richie (Joe Manganiello) conseguirá divertir a funcionária de uma loja com sua performance embalada pelos Backstreet Boys. Em uma sociedade que ignora e condena a sexualidade feminina, em que os homens esperam que suas parceiras estejam sempre disponíveis para o que eles querem enquanto ignoram os desejos e vontades femininos, é naqueles shows que as mulheres podem liberar suas fantasias e serem tratadas como rainhas – não é à toa que Mike chega a declarar que “my god is a she” (“meu deus é feminino”).

Funciona muito bem, pois o filme também abraça essa mensagem: Reid Carolin retorna como roteirista, mas quem assume a direção, agora, é Gregory Jacobs, assistente de direção habitual de Soderbergh – que trabalhou como montador, diretor de fotografia, operador de câmera e produtor executivo na sequência. A fotografia ajuda a embelezar ainda mais as mulheres que vemos em cena, e a sequência na casa governada por Rome (Jada Pinkett Smith) é particularmente bem-sucedida neste aspecto: frequentada majoritariamente por mulheres negras, o local é fotografado com luzes em tons de roxo e azul que parecem glorificá-las. Aliás, este é outro ponto de Magic Mike XXL que merece elogios: o longa é habitado por mulheres de todas as formas, tamanhos e etnias, e todas são belas e merecedoras de adoração – tanto por parte do filme quanto dos personagens.

Magic Mike XXL Crítica

Zoe (Amber Heard), por exemplo, vive o interesse amoroso de Mike mas, na verdade, a história dos dois tem mais a ver com dar a ela uma chance de encontrar diversão e alegria em meio aos problemas por que passa; enquanto isso, o destino dos rapazes na convenção depende das decisões tomadas por Rome e Paris (Elizabeth Banks). Além disso, é interessante – e importante – que a atuação de Rome como “M.C.” dos Reis de Tampa dê a uma mulher a oportunidade de falar a outras mulheres sobre os assuntos retratados no filme (falta de atenção dos parceiros, liberação dos desejos, vilanização da sexualidade feminina). E não é só a atenção dos dançarinos que permite isso: amizades entre mulheres permeiam o filme – a maioria, é claro, frequenta os shows ao lado de amigas -, e elas ajudam umas às outras no processo de encontrarem seu poder.

Enquanto isso, há sim discussões sobre os planos e ambições de Mike e seus amigos – é divertido (e adorável) ver como cada um empregou sua criatividade em seu número na convenção. Com exceção de Mike, assumindo o posto de protagonista definitivo, só agora parecemos conhecer de verdade Richie, Ken (Matt Bomer), Tito (Adam Rodriguez) e Tarzan (Kevin Nash), e a dinâmica do grupo flui com naturalidade.

Este é o filme que o primeiro não conseguiu ser; um espetáculo divertidíssimo na telona. É entretenimento puro, habitado por personagens carismáticos e que mostram que não é preciso forçar a barra no drama (e nos clichês) para fazermos nos importar com eles. Ao longo de todo o filme, torcemos para que os Reis de Tampa sejam bem-sucedidos no palco e que as mulheres da plateia gritem aos risos enquanto acompanham o show – e a felicidade de ambas as partes é contagiante.


“Magic Mike XXL” (EUA, 2015), escrito por Reid Carolin, dirigido por Gregory Jacobs, com Channing Tatum, Juan Piedrahita, Joe Manganiello, Kevin Nash, Matt Bomer e Adam Rodriguez, Jada Pinkett Smith, Elizabeth Banks e Amber Head.


Trailer – Magic Mike XXL

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1 Comentário. Deixe novo

  • Katia Greiffo
    31/07/2015 16:25

    Ótima análise sobre o filme. Vi o primeiro e o segundo e realmente veio pra arrasar. Amo esse universo e acredito que todas as mulheres sem exceção, deveriam experimentar pelo menos uma vez essa experiência única e ensinar aos seus parceiros como devemos ser tratadas e adoradas! Porque não se trata de feminismo. Assistimos ao espetáculo e voltamos pra casa querendo reproduzir tudo o que vimos. Ótima maneira de dar aquela apimentada no casamento.

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