Loucas Pra Casar Filme

Loucas Pra Casar

Seja até a mais rasteira das comédias, é só um filme ter algo a dizer que, quase sempre, ele se torna imperdível. Loucas Pra Casar é um desses casos. É então uma pena que isso aconteça justamente agora,Loucas Pra Casar Poster às voltas com uma pequena crise criativa que assola o gênero pelo Brasil e acaba prejudicando o novo filme de Roberto Santucci.

Um cinema que se consolida pelo pouco esforço criativo, mas que encontrou nas bilheterias a desculpa perfeita para continuar repetindo e repetindo os mesmo erros. Santucci dirigiu os dois De Pernas Pro Ar, o primeiro e o segundo Até Que a Sorte nos Separe”, o mais recente O Candidato Honesto e ainda o igualmente fraco Odeio o Dia dos Namorados, em outras palavras: um midas das bilheterias, ao mesmo tempo que um dos grandes responsáveis pela situação atual.

E não que esse monte de dinheiro nos cofres do cinema nacional seja um problema (não é!), o problema é mais o quanto esse desespero monetário prejudica filmes como Loucas Pra Casar. De modo sistemático, sem a imposição de ultrapassar barreiras de bilheterias, esse novo filme estrelado por Ingrid Guimarães teria tudo para ser uma das comédias mais interessantes dos últimos tempos. Mas o público precisa rir de um monte de piadas rasteiras e uma vontade de disseminar uma série de preconceitos que imbecilizam boam parte da plateia.

O roteiro escrito por Marcelo Saback (que assinou os textos de SOS: Mulheres ao Mar e os próprios De Perna Pro Ar) e Júlia Spadaccini (Qualquer Gato Vira-lata) tem então o necessário para divertir, provocar alguns risos, surpreender e ainda por cima deixar soar uma lição de vida que só acrescentaria ao resultado final. Mas tudo acaba um tanto quanto soterrado por gags óbvias, situações estendidas demais e a falta de percepção de que o filme já ganharia o espectador com a reviravolta final. Mesmo sem qualquer esforço popularesco de piada rasa.

Nele, Guimarães é Malu, uma quarentona no controle de sua vida, mas que carrega consigo o desgosto de não ter arrumado alguém pra casar, até que vê na sua relação com seu chefe, Samuel (Márcio Garcia), o futuro no altar. Mas essa calmaria acaba quando ela se vê desconfiando que ele tem uma amante, o que a faz ir atrás dela e acabar descobrindo que, na verdade, ele não tem uma, mais duas amantes.

Loucas Pra Casar então é essa comédia de situação um pouco longa demais com um punhado (pequeno) de piadas que funcionam, um final que coloca tudo que veio antes de ponta cabeça e a pouco sensibilidade para perceber que faz mais mal do que bem para o cenário atual (do cinema e do mundo).

Loucas Pra Casar Crítica

As piadas, na maioria, funcionam justamente enquanto Guimarães contracena com as duas outras amantes vividas por Suzana Pires e Tata Werneck. E ainda que a última se destaque como essa espécie de carola com síndrome de Tourette, a dinâmica entre o trio quase sempre dá bons frutos. Já os tropeços ocorrem justamente com esse roteiro que parece confortável sob uma monte de paradigmas que já poderiam ter sido deixados de lado.

Loucas Pra Casar toma então o caminho mais preguiçoso e aposta em uma personagem antiquada que prefere ser a “mulher perfeita para aquele homem” do que ser ela mesma. Uma protagonista tão dependente que dentro de sua vida perfeita e controlada, todas peças só poderiam estar no lugar se ao lado dela estivesse um homem para escolher o jogo do Flamengo ao Teatro. Um homem que quer uma selvagem na cama, mesmo que pra isso ela tenha que se transformar em alguém que não é. Uma mulher frágil e insegura com seu corpo, com sua idade, com seu sucesso e com a felicidade das amigas. Uma mulher que prefere disputar “seu homem” com as amantes do que simplesmente largá-lo e partir para outra.

É lógico que de dentro do escuro do cinema o espectador até irá sair do fim do filme sem essa impressão, já que a tal reviravolta final “coloca panos quentes” em grande parte das situações anteriores. Mas ainda assim a personagem é quem mais se prejudica, já que tomou todos as decisões erradas.

Mas verdade seja dita, isso só acontece graças a um roteiro hábil que costura muito bem todas situações e possibilidades, deixando poucos buracos (ou nenhum). E ainda que faça até uma aposta que pende para o pesado e para o drama, finaliza bem a história e faz o espectador ir embora do cinema com a (boa) impressão de ter visto esse misto de Mulheres ao Ataque com Clube da Luta e Amor é Cego. E sim, isso foi um spoiler!


Louca pra Casar (Bra, 2015), escrito por Marcelo Saback e Júlia Spadaccini, dirigido por Roberto Santucci, com Ingrid Guimarães, Márcio Garcia, Tatá Werneck, Suzana Pires e Fabiana Karla.


Trailer – Loucas Pra Casar

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