Crítica do filme Kingsman: Serviço Secreto

Kingsman: Serviço Secreto | Os filmes de espionagem nunca mais serão os mesmos


Depois de não se levar a sério com Kick-Ass: Quebrando Tudo, Matthew Vaugh recobra sua ¿parceria¿ com o escritor de HQs Mark Millar em Kingsman: Serviço Secreto. Outra vez sem se levar a sério, e mais uma vez tentando chegar ao limite de um humor que muita gente não vai entender.

Para quem não está habituado com os quadrinhos, Millar é um escritor escocês que há um bom tempo vem fazendo alguns trabalhos que não só marcaram época, como são um dos principais ¿culpados¿ dessa leva de adaptações para os cinemas. Muito embora na DC venha com um currículo cheio de momentos incríveis (como o genial Superman: A Foice e o Martelo), na Marvel (e em seu selo Icon) é que Millar chacoalhou tudo. Primeiro foi repensando os Vingadores em Ultimates, que mais que obviamente serviu de ponto de partida para o filme da Marvel, ao mesmo tempo que remodelou o Quarteto fantástico (na mesma série Ultimate Marvel) e, muito provavelmente, vai ver muito de seu material usado no filme que ainda estreia esse ano. Por fim, ainda falando em super-heróis, é Millar quem assina a série Guerra Civil, aquela mesma que também batizará o terceiro filme do Capitão América.

Fora da Marvel, Millar escreveu a série Procurado, que acabou ganhando uma adaptação séria demais e deixou de lado o escracho dos gibis, que tratava de uma Sociedade Secreta de super vilões e um protagonista completamente imoral. Mas voltando à Marvel e indo para o selo Icon, é lá que o escritor, com uma mesma liberdade criativa de Procurado, teve a oportunidade de destilar seu humor ácido e violento. O ¿herói real¿ Kick Ass saiu de lá, assim como a série com Serviço Secreto.

Isso mesmo, nada de ¿Kingsman¿, o que mostra que o próprio Vaugh e sua parceira no roteiro Jane Goldman, não estão muito interessados em levar para o cinema a série de quadrinhos na maioria de seus detalhes (e tampouco personagens), ainda que o ¿espírito¿ de Millar esteja lá, do começo ao fim das mais de duas horas de filme.

Desse modo, Kingsman é quase uma paródia sobre os gênero de espionagem, assim como Kick-Ass brincava com o Homem-Aranha e seus amigos poderosos. De Millar vem essa vontade de não levar a sério o material e não se importar em agradar quem não entender que está vendo uma comédia de ação. Kingsman então é um exercício violentamente divertido e despretensioso, e quem não embarcar nisso, vai sair do cinema xingando.

Kingsman: Serviço Secreto Crítica

Nele, um rapaz qualquer, daqueles meio sem futuro, e com um nome horrível, Eggsy (Taron Egerton), ganha a possibilidade de ingressar em uma agência secreta (os tais Kingsman) enquanto um ¿megalomaníaco exuberante¿ que se veste como um adolescente idiota e tem lingua preza, Valentine (Samuel L. Jackson), coloca em andamento um plano qualquer para dominar o mundo (ou nesse caso, fazer uma faxina geral).

Durante a maioria do tempo então, Kingsman usa essa sociedade secreta e um de seus agentes, Galahad (Colin Firth em um papel ironicamente incrível, já que ninguém apostaria nele para o papel de um assassino tão habilidoso), para encher o cinema de referências dentro do gênero e contar uma história deliciosamente exagerada. Enquanto isso, Vaugh faz o ¿feijão com arroz¿ na maioria do tempo só à espera das incríveis cenas de ação, que são, com toda certeza, o melhor do filme e fazem valer o cada Real do ingresso e até a última pipoca do pacote.

Vaugh então faz um trabalho incrível quando o assunto são sequências de luta e tiroteios. Claras, divertidas e sempre valorizadas por planos longos e efeitos especiais responsáveis pelo exagero e pelo caricato, o diretor ainda leva vantagem quando o assunto é a violência. Mesmo se mantendo dentro de ¿certa censura¿ pela quase ausência de sangue (do contrário o filme teria o líquido vermelho escorrendo pela tela e pingando no chão das salas de cinema), Vaugh consegue tornar épico, por exemplo, um massacre em uma capela onde Galahad extermina mais de quarenta (digamos assim) ¿vítimas¿, usando o maior número de armas diferentes possíveis e garantindo a empolgação dos amantes do gênero.

E essa ausência de sangue (que também é clichê quando o assunto são os filmes de espionagem) ainda é usada a seu favor em um derradeiro momento em que uma quantidade nunca pensada de cabeças explodem em um arco-íris acompanhado de um trilha clássica. E se mesmo assim alguém ainda levar o filme a sério, bom… talvez esse não seja o público alvo de Vaugh, e muito menos de Millar. Afinal, ¿os filmes de espião de hoje estão sérios demais¿ e nada melhor do que de quebrar um pouco esse status quo, já que Kingsman, definitivamente ¿não é um desses filmes¿.


“Kingsman: The Secret Service” (EUA, 2014), escrito por MattheW Vaugh e Jane Goldman, a partir da HQ de Mark Millar e Dave Gibbons, dirigido por Matthew Vaughn, com Colin Firth, Mark Strong, Jack Davenport, Samuel L. Jackson, Michael Caine e Taron Egerton


Trailer do filme Kingsman: Serviço Secreto

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1 Comentário. Deixe novo

  • Breno Mazieiro
    29/05/2015 13:24

    Ótimo filme , estava aguardando muito tempo,! Filme de espionagens tem que se trabalhar com muito cuidado, Vi kingsman 2 vezes e realmente é impecável, o melhor filme que vi este ano, o trabalho do Matthew Vaughn que é talento puro! Começando por Colin Firth que é um ator magnifico um dos melhores atualmente dando um show de atuação e o que foi aquilo na igreja ,OMG, Samuel L. Jackson consegue fazer vilões incriveis, no Django Livre agr no Kingsman.UM filme impecavel no que é proposto, bem estilo HQ como foi baseada a obra, se eu fosse dar nota daria 7/10

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