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Joy: O Nome do Sucesso | Coleciona estrelas mas não sabe o que fazer direito com elas


A grande e feia verdade é que David O. Russel é um diretor mediano com um momento incrível no começa da carreira em Três Reis e um sopro de genialidade em uma retomada na última década onde se tornou um dos ¿queridinhos do Oscar¿. O Vencedor e O Lado Bom da Vida estão sim acima da média, uma altura que o fez despencar ao se achar muito melhor que é no fraco Trapaça e que agora despenca de vez no raso e chato Joy: O Nome do Sonho.

Uma história que, por si só, poderia até se transformar em um filme interessante, mas que nas mãos de Russel acaba sendo um drama estabanado e tão empolgante quanto a ¿soup opera¿ que abre a história. E tirando um punhado mirrado de referências a tal novela nem bem precisaria estar ali, servindo muito mais de referência pop do que qualquer outra coisa. Um mal que acaba se estendendo para todo o resto do filme.

De Niro está lá como puro fetiche do diretor (que já o usou de modo pouco inspirado nos seus dois últimos filmes)e surge com os mesmo olhos semi cerrados, a boca meio torta e a cabeça tombada. Bradley Cooper aparece lá pro meio do filme com um papel mais interessante, mas depois de refrescar o clima e prometer algo melhor, simplesmente é jogado de lado. Sobra ainda para Isabella Rossellini, que tem a oportunidade de exagerar até não caber mais em seu personagem. Diane Ladd narra a história, mas pouco faz dentro dela, e Virginia Madsen e o ótimo Edgar Ramirez estão lá nos fundos das cenas. Tudo isso para Jennifer Lawrence.

A paixão de Russel por Lawrence é tanta que embriaga sua razão. Depois de escala-la para um ponta mal construída e histérica em ¿A Trapaça¿, agora o faz em uma personagem que poderia ter alguns bons anos a mais que ela. Só para se ter uma ideia, aquelas duas meninas meio-irmãs que crescem juntas durante um flashback, tem quase vinte anos de diferença quando adultas no papel de Lawrence e Elisabeth Rohm. E não que o cinema nunca tenha feito isso, o problema é que nem por um segundo sequer é possível acreditar que Lawrence com seus 25 anos é uma mãe de dois filhos, separada, que cuida da mãe, da casa, do pai, do ex-marido e ainda por cima está prestes a ter uma epifania que mudará sua vida.

Lawrence por sua vez até tenta fazer algo melhor e permite que sua personagem ¿cresça¿ e ganhe força durante a trama, mas mais uma vez Russel impede qualquer tipo de criação interessante. Em um momento ela é uma mulher determinada, depois se fragiliza demais quase na mesma cena. Mais para diante jogada em um sofá balbuciando ameaças para quem ¿se meter em seus negócios¿, mais parece um Michael Corleone, porém, duas cenas depois, chorando e rasgando papel enqunto desaba no chão, é ainda mais frágil que Fredo (e espero que ninguém me julgue por ter enfiado O Poderoso Chefão nessa história).

A tal da ¿epifania¿ é um esfregão. E é ai que Joy tem seu melhor momento, quando deixa de tentar empilhar estrelas de Hollywood em papeis rasteiros e começa a encarar esse sonho. Um lado lúdico que o filme promete desde o primeio momento, com plongee na neve, ¿era uma vez¿ e tudo o mais. É lógico que quebrar esse primeiro momento com a triste realidade daquela menina sonhadora quando cresce é eficiente para a trama, mas ao ficar tempo demais nessa depressão, tudo acaba se tornando chato.

Joy Crítica

Mas enfim a personagem de Lawrence passa a tentar alcançar seu sonho, cria seus esfregão, o filme ganha um baita ritmo legal, Cooper entra na trama em uma sequencia dentro de um estúdio de TV que mostra o que poderia ser o filme e então Russel lembra que queria fazer um filme melancólico e chato.

Tão anticlimático que seu roteiro (também de Russel) força uma situação em que ela é cercada de personagens incrivelmente detestáveis e falhos. Em certo ponto é difícil até entender se De Niro está criando um vilão, um babaca ou apenas um equivocado. Pior ainda, de modo destrambelhado, Russel esfrega na cara de seus espectadores todo e qualquer nuance que pretendia passar.

Sutil como uma marreta, o diretor precisa colocar a menina falando que ¿não precisa de príncipes em sua história¿ (isso e um feminismo mecânico que permeia a personagem de Lawrence, sem perceber que só a trama já faria o mesmo efeito), ou mostrar ¿caixa de papeis¿ da protagonista sendo destruída para todos vermos seus sonhos sendo rasgados pelos pais. Pior ainda, como se estivesse ¿inventando a roda¿, Russel ainda faz Lawerence passar a vergonha de cortar o cabelo (nem tão curto assim) para demonstrar o quanto está mudada e é uma mulher corajosa que usa óculos escuros e jaqueta de couro (ainda que isso seja só para uma cena).

Joy: O Nome do Sucesso é então um filme morno, lento, sem clímax e com menos surpresas ainda. Um daqueles momentos onde o diretor prefere deixar a inteligência de seu espectador de lado e se permitindo ser óbvio e bobinho em troca de um visual interessante e um cartaz repleto de nomes interessantes. Um filme muito menos útil que o esfregão inventado pela personagem, esse sim um sucesso.


“Joy” (EUA, 2015), escrito por David O. Russel e Annie Mumolo, dirigido por David O. Russel, com Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Edgar Ramirez, Diane Ladd, Virginia Madsen, Isabella Rossellini, Elisabeth Rohm e Dascha Polanco.


Trailer – Joy: O nome do Sonho

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1 Comentário. Deixe novo

  • Bruno Valdez
    07/11/2017 16:10

    Joy foi um excelente filme. Qual é o seu filme preferido do Edgar Ramírez? Eu te recomendo em [Link substituído pelo Editor. PS: HBO, se quiser fazer propaganda, procura nosso setor comercial] Hands of Stone , é uma história brilhante.Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Mãos de Pedra superou minhas expectativas. Adorei está história, por que além das cenas cheias de ação extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente.

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