Jonah Hex

por Vinicius Carlos Vieira em 24 de Novembro de 2010

É para se pensar o que a Warner Bros. queria realmente dando a adaptação de Jonah Hex nas mãos de Jimmy Hayward, um cara que vinha trabalhando como animador de filmes de Pixar, mas que largou esse emprego só para dirigir a animação “Norton e o Mundo dos Quem!” (da Fox), não que não se deva dar uma chance para novos nomes, mas nesse caso, era óbvio que um dos personagens de faroeste mais famoso e casca-grossa dos quadrinhos merecia uma direção a fim de fazer um bom e velho filme de cowboy, e não essa aventura sem graça nem personalidade.

E tudo talvez fique pior ainda quando entram em cena os nomes da dupla Neveldine & Taylor, responsáveis pela aventura divertida, porém disléxica, “Adrenalina” (assim como sua sequencia), que parecem mais ainda sem saber o que fazer com o personagem. Seu Jonah Hex é um veterano da Guerra da Secessão, que anda por ai com seu uniforme de Confederado e a metade do rosto queimada, atrás de recompensas, até ai, o mesmo cara mau dos gibis, todo resto é que faz ser difícil entender por que mudar algo que está pronto.

Desde a cicatriz símbolo, até seus conflitos nada é o mesmo, não para o bem do filme, mas sim como uma tentativa desesperada de tirar o personagem de seu mundo e colocá-lo em um outro “moderninho” demais para um faroeste sujo e ríspido como seria a proposta do personagem. Não que “qualquer mudança seja proibida”, bem longe disso, aliás, o problema é não conseguir olhar para o que tem em mãos e fazer besteira, ou você acha que o Homem-Aranha se pendurando por Miami teria o mesmo peso narrativo?

Hayward, Neveldine & Taylor perdem a oportunidade de fazerem um faroeste marrento e preferem colocar seu Jonah Hex em uma espécie de “Wild Wild West” (aquele com o Will Smith). Cavalos com metralhadoras giratórias, balas sendo desviadas, um revolver atirador de dinamites e, por cima de tudo isso, uma grande “Arma de Destruição em Massa” que faria o Saddan Hussein ter morrido de inveja. No meio dessa lambança, cabe a Hex, simplesmente, salvar Washington de uma espécie de terrorista que quer acabar com a democracia durante o centenário de independência dos Estados Unidos. Hex ainda ganha o poder de falar com os mortos (literalmente), mas isso é fichinha perto do resto, mesmo absurdo.

Um outro culpado desse desastre, ainda é Mitchell Amudsen e seu desequilíbrio luminoso.  Enquanto a idéia é mostrar as sequencias de ação (que incrivelmente pouco parecem saídas de um faroeste) sua escuridão parece não ter fim (talvez até para encobrir uma direção de arte pífia), em total contrapartida aos seus personagens iluminados à lá novela das oito, com suas três fontes de iluminação mais que claras e sem graça. O que fica tremendamente esquisito já que tira todo incômodo da enorme queimadura do protagonista, que perde o peso ao ser mostrado incansavelmente (ainda dá uma cara “borrachenta” para a maquiagem), só não sendo pior do que a tentativa de dar a Megan Fox uma iluminação de “diva”, coisa que funcionava há meio século, mas hoje, fora de contexto, fica com toda cara de erro.

E por falar em Megan Fox, que aqui interpreta uma prostituta meio namorada de Hex, é bom lembrar que, sem aqueles olhos azuis e o corpão, essa nova “diva” do cinema, não passaria nem perto de um set de filmagem, ou melhor, nem no bairro onde se estivesse fazendo o filme. A prostituta de Fox é a mesma mocinha de “Transformers” e, por pouco, quase a mesma “Garota Infernal” se seu outro filme. O resto do elenco só não faz pior por uma boa quantidade de caras famosas que parecem estar preocupados em pagarem suas contas.

Josh Brolin como o anti-herói e John Malkovich como o vilão Turnbull (o terrorista do começo do texto), são a verdadeira cara do desperdício de Jonah Hex, dois atores extraordinários sem absolutamente nada para fazer à favor do filme, deixando aquela impressão que, nas mãos certas, o personagem da DC Comics renderia um baita de um faroeste casca-grossa, mas aqui fica resumido a essa tentativa desnecessária de tentar embarcar nessa onda de adaptações dos quadrinhos, mas que (como eu disse acima) apenas desperdiçam mais um herói que, talvez, estivesse pronto para ganhar a fama.

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idem (EUA, 2010), escrito por Neveldine & Taylor, a partir do personagem criado por John Albano e Tony Dezuniga dirigido por Jimmy Hayward, com Josh Brolin, John Malkovich, Megan Fox, Michael Fassbender, Wes Bentley e Will Arnett

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