Fúria Sobre Rodas

Fúria sobre rodas

Talvez seja realmente demais pedir que todos levem Fúria Sobre Rodas como uma enorme brincadeira, assim como fica difícil acreditar que a idéia do diretor Patrick Lussier (que, é preciso recordar, foi um dos primeiros a se divertir com o 3D nessa nova onda com seu “Dia dos Namorados Macabro”) seja alguma senão brincar com essa espécie de filme de “vingança exploitation demoníaco”.

Assim como Lussier, logo de cara começa seu Fúria Sobre Rodas, de modo passageiro, explicando como funciona o inferno, logo ele começa com uma espécie de perseguição de carro onde, assim que possível, surge Nicolas Cage (com um novo corte de cabelo) apontando sua espingarda calibre 12 pela janela do passageiro (devidamente na direção dos óculos 3D da platéia do cinema) enquanto dá um cavalo de pau e faz o carro perseguido voar pelos ares. Desse modo, se depois disso você ainda levar a sério isso tudo, azar o seu.

A impressão que fica é que Fúria Sobre Rodas é uma desculpa divertida para costurar um monte de referências, que não tenta ser nada mais do que, simplesmente, é. Bem verdade, pode até ser taxado de raso, mas o exagero narrativo é tão óbvio que fica difícil achar que aquilo tudo é sério.

Nele, Cage é Milton, um casca-grossa misterioso em busca de vingança contra uma seita de satanistas que matou sua filha e seqüestrou sua neta, nesse caminho, acaba ganhando a companhia da loira de shorts jeans, dona de um Dodge Charger 1969 e cheia de atitude, Pipper (vivida por Amber Heard, de Quebrando Regras). O terceiro lado desse triangulo é vivido por Willian Fitchner (do seriando Prison Break) que aparece, mais misteriosamente ainda que o protagonista, perseguindo o próprio e respondendo sob a alcunha de Contador. A parte “infernal” de toda trama vai aparecendo aos poucos, mas nada que todos não descubram logo de cara.

Na verdade Fúria Sobre Rodas vem para acimentar ainda mais esse tipo de “exploitation em três dimensões” (que deve deixar o Sr. James Cameron com calafrios de decepção), um estilo que promete aos seus espectadores apenas a cara de pau de esfregar/jogar/arremessar/cutucar suas caras com o maior número de objetos possíveis (de preferência em slow motion). Coisa que também deve afastar aqueles que permanecem a espera do tão sonhado “3D intelectual”, que se agarra ao filme e tenta mudar sua linguagem, ainda que isso não pareça tão perto de acontecer (já que os grandes diretores ainda têm um certo receio de colocar seus dramas em 3D), mas isso é um assunto para outro momento, até por que, o que o filme de Lussier parece tentar demonstrar é, justamente, que, embora tomado por essa simplicidade, sua maior vontade e de, simplesmente, divertir quem pagou mais caro pela entrada de seu filme.cenas do filme fúria sobre rodas

E já que Fúria Sobre Rodas tem aonde chegar, quando chegar, uma motivação e um monte de cenas de ação, Nicolas Cage cai como uma luva nesse contexto, já que, por mais incrível que seja, quando ele quer, sua inexpressividade chega a alturas pouco conhecidas, e isso parece estar melhorando (ou piorando) a cada personagem desses que ele tem em mãos. Se seria impossível levar a sério uma cena em que o herói (de óculos escuros e vestido, já que “nunca tira a roupa antes de um tiroteio”) faz sexo com uma garçonete, enquanto dá conta de um monte de vilões com sua pistola em uma mão (arma mesmo, revolver, sem conotação sexual), uma garrafa de whisky na outro e um charuto na boca, quando é Nicolas Cage quem faz isso tudo com “cara de paisagem” (ah, e em slow motion!), é impossível não dar risada desse exagero que comanda o filme, e diverte que só.

Por isso tudo que, Fúria Sobre Rodas está bem longe de ser uma experiência marcante, mas um certo cinismo é tão presente, que deixa mais impossível ainda não se divertir com toda essa grande brincadeira.


Drive Angry (EUA, 2011), escrito por Nicolas Farmer e Patrick Lussier, dirigido por Patrick Lussier, com Nicolas Cage, Amber Heard, Willian Fichtner, Billy Burke e David Morse.


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1 Comentário. Deixe novo

  • Paulo Alves
    22/08/2017 21:51

    O filme consegue ser divertido apesar de ser um grande besteirol! A loira do filme é um espetáculo e vale o ingresso! E Nícolas só ele para personificar tais personagens! O filme lembra um pouco os Roadmovies dos anos 70 mas com uma violência exacerbada e descerebrada própria dos filmes atuais. Nota 7, para este filme.

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