Especial Oscar – Melhor Diretor

É bem capaz mesmo que a Academia tenha esnobado nome como Katrhyn Bigelow, Quentin Tarantino e Ben Afleck, e não seria a primeira nem a última vez que ela fez (e fará) isso. Pode ser também que os novos métodos de votação e o novo “deadline” do envio dos votos (agora via internet e antes dos resultados de todas outras premiações importantes) tenha influenciado no resultado final, já que ninguém acredita, realmente, que esse Oscar tem um lugar que não seja a prateleira de Steven Spielberg.

E aqui um ponto bem importante, não vi ainda A Hora Mais Escura e tampouco Django Livre (assim como a maioria todos outros filmes lembrados no Oscar e que ainda não chegaram por aqui), vi Argo e, e Affleck sim merecia estar no lugar de algum dos cinco indicados. No lugar de qual? Ai não é problema meu.

Kathryn Bigelow, de "A Hora Mais Escura"

“Pelo menos os três então indicados a Melhor Filme”, diria meu incauto leitor (no singular mesmo), e eu lhe responderia: seria melhor que não estivessem. E isso não é despeito, é um simples fato. Desde que a Academia voltou a indicar mais de cinco filmes na categoria principal (uma solução claramente mercadológica, já que mais gente colocaria em seu pôster “Indicado ao Oscar de Melhor Filme!”), a impressão que fica é que cada vez, menos e menos filmes tem chance de ganhar o prêmio mais cobiçado do cinema mundial.

Por isso, não se enganem, Bigelow, Tarantino e Affleck não estão entre os melhores diretores, pois seria difícil acreditar que alguém que não Lincoln sai sem a estatueta. Quase como se estivessem resguardando o diretor. Porém, isso cria um cenário que pode ser no mínimo curioso, já que a cinebiografia pode sair perdendo em todos outros principais prêmios do ano (a começar pelo próprio Globo de Ouro de ontem, que já saiu só com “Melhor Ator”) e ainda assim não ter ninguém com quem competir no Oscar.

Daniel Day-Lewis e Steven Spielberg

É lógico que estamos falando de categorias diferentes, e nem sempre o Melhor diretor vai para o mesmo pacote do Melhor Filme, mas nesse caso é difícil não acreditar que a Academia consagre outros senão a “turma” de Lincoln: Steven Spielberg, contando a história do presidente mais popular dos Estados Unidos, libertando os escravos do país, interpretado por Daniel Day-Lewis e ainda “elevado aos céus” pela música de John Willians, é imbatível demais.

Mas como eu disse, Argo ou A Hora Mais Escura podem ficar com o Globo de Ouro, assim como Bigelow e Affleck podem sair ganhadores das premiações do Sindicato dos Diretores, dos Roteiristas e até dos Produtores e, ainda assim, não teriam chance alguma de subirem no palco no final da noite do Oscar. Na verdade, por sorte, só vão aparecer por lá, pois produzem ou roterizam os próprios filmes e, como também foram indicados, acabam ganhando assentos especiais no Kodak Theater.

Na verdade, com 12 indicações ao Oscar, Lincoln ainda teria chances reais de sair da premiação amargando estatuetas suficientes para serem carregadas por uma pessoa só. O que não o desmerece em nada, mas deixa a impressão de que talvez desse com a cara na parede se a Academia não estivesse com tanto medo de dar mais um Oscar para Bigelow (e sim, ela ser mulher deve ter influenciado o voto de muita gente), consagrar a carreira de Affleck como diretor (que já tem seu Oscar como roteirista de Gênio Indomável, poderia ter sido indicado em 2011 pelo ótimo Atração Perigosa, mas vai sempre ser o canastrão amigo de Kevin Smith e estrela do horroroso Contato de Risco) ou, enfim, presentear Tarantino com seu merecido Oscar de Melhor Filme (que nunca irá acontecer enquanto o diretor não perder essa deliciosa mania de batizar seus filmes com banhos de sangue e diálogos politicamente incorretos).

Ben Affleck

Por outro lado, talvez Spielberg seja o maior cineasta de sua geração, pelo menos o de maior sucesso sem sombra de dúvida, o que conta a seu favor, e com essa indicação, coloca em seu currículo seis ao Oscar como Melhor Diretor (com duas vitórias) e nove como Melhor Filme (contando apenas os que dirigiu), sendo que, talvez, seja mesmo essa a oportunidade da Academia premiar o diretor, que desde 1989 não consegue fazer nada com cara de Oscar o suficiente para, pelo menos, ter chances nas bolsas de apostas (Munique era violento demais e Cavalo de Guerra só pode ter sido indicado graças a algum erro de apuração dos votos). Ainda mais quando estão nos planos do diretor a ficção Robopocalypse (que não deve negar o nome com jeitão de filme B) e ainda a volta de “Indiana Jones” aos cinemas (que se seguir O Reino da Caveira de Cristal, seria melhor que ficasse engavetado pela agora dona dos direitos, Disney).

Mas enfim, pelo lado bom, Michael Haneke, mais que merecidamente (provavelmente, muito mais até que todos ali) dará as caras junto com o desconhecido da vez Benh Zeitlin, o sensível (e com um ótimo trabalho em As Aventuras de Pi) Ang Lee e ainda o simpático David O. Russel (que, provavelmente, deve se tornar nome comum entre os Oscars daqui para frente, mas nunca receber prêmio nenhum). Todos, com muito mais chances de serem candidatos a Melhor Coadjuvante de Steven Spielberg do que, realmente, com chances de agradecer alguém em frente a algum microfone.

(Portanto) Melhor DiretorSteven Spielberg (Lincoln)

Confira também a primeira parte do Especial Oscar com uma análise da categoria de Melhor Curta em Animação e Melhor Atriz/Ator

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