Entrando Numa Roubada Filme

Entrando Numa Roubada

Entrando Numa Roubada é uma comédia mista, cuja criatividade consegue protagonizar pelo menos um momento icônico (no deserto), está cheio de galhofas pretensiosas envolvendo filmes de faroeste “Sergio Leoleanos” espalhadas em uma história que diverte pelo seu elenco, mas falha lamentavelmente no drama que procura mesclar e substituir o humor.

A história, que se finge de complexa, mas que acaba se revelando boba e sem qualquer reviravolta que preste, gira em torno de quatro amigos que passaram por revezes em suas vidas após a estréia do filme onde todos trabalharam. Descoberto que a falta de dinheiro foi menos pelo sucesso do filme e mais pelo golpe aplicado pelo produtor – que mudou de vida para virar um empreendedor… quer dizer, padre de sucesso – um dos atores monta uma trama que pretende envolver seus amigos e inúmeras pessoas que ele parece conhecer de forma onisciente ou sobrenatural.

O problema nesse formato 2 Coelhos é que a história parece ter sida encerrada pela metade e o filme termina sem qualquer cerimônia, descartando uma longa e complexa introdução que parece existir mais para colocar pulgas atrás da orelha do espectador. Toda a trama montada acaba se resumindo em um plano de vingança simples, bobo e ultrapassado há muito tempo.

Depois de Assalto ao Banco Central ter “imitado” o “jovem clássico” do anos noventa,  Os Suspeitos,  Entrando em Uma Roubada aumenta a impressão que alguns brasileiros parecem viver pelo menos duas décadas atrasados no formato do gênero, insistindo em fórmulas batidas que não irão causar qualquer reação em um público já instruído por inúmeras obras semelhantes, e muitas vezes melhor articuladas.

Entrando Numa Roubada Crítica

Dito isto, é preciso dar os créditos merecidos aos aspectos técnicos do filme, já que direção, fotografia e, principalmente, a montagem, fazem uma espécie de milagre para manter todas as variáveis de um roteiro confuso e sem recompensa alguma, em algo esquemático, empolgante e sempre em movimento. Se beneficiando de um elenco de luxo para uma história aquém das expectativas, as ideias por trás de inventar a produção de um novo filme em que os personagens saem pela estrada roubando lojas de conveniência quando de fato estão fazendo realmente isso com o conhecimento apenas do diretor e roteirista tinha tudo para criar uma obra enigmática, ambígua e poderosa. No entanto, o estilo globochanchada das comédias hoje em dia parece afetar até os filmes com um apelo mais diferente como esse.

Na área de humor talvez alguns digam que foi uma boa ideia ter um personagem com alucinações que sonha com um menino que o atormentou em uma festa de criança. Como ideia, poderia até ser, mas a cena inicial que apresenta o pequeno pimpolho é idiota o suficiente para não causar a comoção necessária que justifique as inúmeras cenas em que o menino aparece. Mesmo a criativa brincadeira da “dualidade” Coringa vs Batman merecia um filme melhor para ser explorado, apesar de esta ser mais uma das ideias batidas da história.

Ao mesmo tempo, apresentar o ator Marcos Veras como um vilão vendo-o apenas ensinar dois funcionários como fazer para arrancar o máximo possível dos fiéis de sua igreja é chover no molhado, com o cinema nacional já tendo melhores vilões baseados em pastores corruptos – e olhe que usar pastor como o vilão é um clichê brasileiro que continua sendo uma ótima ideia. Veras se limita entãa a chamar seus colegas de idiotas, um comportamento quase sem sal quanto o Loki (Os Vingadores) abrir os braços e mostrar os seus dentes.

Em resumo, esqueça a história por trás de tudo. Ela é tão fictícia quanto o plano resumido pelo título. Foque-se nas pernas de Debora Secco – que continua uma bela atriz – e se divirta com as brincadeiras pseudo-sérias de uma novela que está estreando no Vale a Pena Ver de Novo.

PS: A Ancine, que é citada de forma exagerada nos crédito iniciais e finais, está de parabéns em cumprir seu papel inglório mais uma vez ao tirar o dinheiro das pessoas e produzir filmes que tentam imitar Hollywood de duas décadas atrás com pouco orçamento. De certa forma enriquece a obra ao dar um duplo sentido ao título. Meio metalinguístico, não?


“Entrando Numa Roubada” (Bra, 2015), escrito e dirigido por André Moraes, com Débora Secco, Lúcio Mauro Filho, Júlio Andrade, Bruno Torres, Marcos Veras, Thogun e Tonico Pereira.


Trailer – Entrando Numa Roubada

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