Doentes de Amor Filme

Doentes de Amor | Uma comédia humana e apaixonante


Doentes de Amor não é dirigido nem escrito por Judd Apatow, que só aparece nos créditos como produtor, mas pode acreditar, essa comédia tem sim aquele selo que parece diferenciar todas produções em que Apatow está envolvido. Sim, um selo de qualidade, porém, mais do que isso, um selo que representa a coragem de fazer boas comédias.

Talvez ¿boas comédias¿ ou simplesmente ¿bons filmes¿, já que são sempre produções que entendem do gênero e sabem que quando alguém ri de tudo ele não está feliz, mas sim é um completo idiota. Apatow então, aos poucos, foi percebendo que a comédia está na emoção pontuada pelo humor. Como se percebesse que dentro de cada comédia há um drama e esse drama é quem move o filme.

Em 2009 Apatow dirigiu o esquisito Tá Rindo Do Que?, e foi nele que ele percebeu o potencial desse drama, mesmo que não tenha sabido muito bem o que fazer com isso, mas tanto Bem-vindo aos 40, quanto Descompensada, seus próximos trabalhos na direção, entendem perfeitamente esse equilíbrio. Por trás das câmeras e da direção, Apatow vem atrelando seu nome a dois exemplos de séries que sabem lidar perfeitamente com esses dois lados da mesma moeda, Love e Girls.

O que nos leva a Doentes de Amor, que não só capta perfeitamente bem esse clima, como ainda tem a oportunidade de levar para a tela uma incrível história de amor de verdade. E isso não é no figurativo, o filme é escrito por Emily V. Gordon e Kumail Najiani justamente porque (quase) tudo é a mais pura verdade.

Nanjiani (o mesmo dentro e fora do filme) é sim um paquistanês que foi para os Estados Unidos com 18 anos onde se formou na faculdade e foi tocar a vida como comediante de stand up, obviamente sem a família gostar muito. E é numa dessas apresentações que ele conhece Emily (no filme, Zoe Kazan). E o namora dos dois dá certo até que ela descobre que ele não contou de sua existência para a família dele, o que faz com que tudo acabe.

E não, não estamos nem perto do ¿Eu Te Amo¿ no aeroporto do terceiro ato, já que na sequência Emily entra em coma com uma doença misteriosa e, ainda apaixonado, o comediante parte para cuidar dela no hospital. Até que os pais de Emily chegam.

Exatamente, Doentes de Amor não é um romance entre dois jovens apaixonados, mas sim o nascimento de um relacionamento entre Kumail e seus ex-futuros sogros, vividos por Holly Hunter e Ray Romana (que caem como uma luva no filme). Ambos são o estereótipo do americano médio, assim como a família Nanjiani é uma típica família muçulmana. Duas visões que refletem uma imagem distorcida desses mundos e no meio disso tudo, Kumail precisa se encontrar.

Doentes de Amor Crítica

É essa descoberta de si próprio que move Doentes de Amor. Kumail então precisa vencer esses preconceitos e entender as necessidades de todos, mas só com muito esforço escutar aquilo que ele mesmo quer. Seu amor por Emily é tocante e marcante, forte o suficiente para que qualquer espectador imagine o que irá acontecer no final (não! Ela não morre, afinal escreveu o roteiro depois!), mas mesmo assim continue com ele velando esse único porto seguro. Esse único lugar onde ele imagina que tudo pode dar certo.

Dirigido por Michael Showalter, que muita gente deve conhecer de algumas comédias por ai, como Mais Um Verão Americano, no qual ele ainda escreveu, mas que não devem lembrar de nenhum de seus trabalhos como diretor, faz apenas aquilo que é necessário. E isso é muito mais do que muitos profissionais com muito mais experiência no gênero conseguem. Percebendo que tem em mãos uma história que fala por si só, Hunter e Romano tomando de assalto cada cena que têm em mãos e Kumail em toda sua simpatia meio bobinha, mas charmosa, Showalter se resume a saber para onde apontar sua câmera.

É lógico que isso só funciona ainda pelo roteiro ser realmente engraçado quando deve ser. Não que algum momento importante ou drama tenha sempre que ser cortado por uma piada, mas sim tudo parece permeado por um humor sutil que não quer uma gargalhada, mas sim que se contenta com um sorriso.

E quando você fica duas horas com um sorriso no canto da boca, acredite, você não é um idiota rindo de tudo, mas sim alguém que estará mais feliz ao final de Doentes de Amor. E talvez esse seja o objetivo de Apatow e seu selo de qualidade: te deixar feliz.


¿The Big Sick¿ (EUA, 2017), escrito por Emily V. Gordon e Kumail Najiani, dirigido por Michael Showalter, com Kumail Nanjiani, Zoe Kazan, Holly Hunter, Ray Romano, Anupam Kher, Zenobia Shroff e Adeel Akhtar.


Trailer ¿ Doentes de Amor

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