por Vinicius Carlos Vieira em 16 de Março de 2011
A grande diferença, na verdade, nem é entre um filme e outro, mas, principalmente, entre suas platéias: se há trinta anos as salas de cinema ainda se enchiam com gente em busca de um pouco de exploitation, hoje, o público acaba recusando um material mais cru e sem preocupação em mastigar suas razões (assim como viraria a cara para uma protagonista predadora como a de 1978).
Tanto lá, quanto aqui, a história se resume a uma moça da cidade grande que resolve se enfurnar no meio do interior dos Estados Unidos (vide aqueles lugares onde 90% dos filmes de terror se passam) para começar a escrever seu próximo livro sossegada. Depois de esbarrar em alguns moradores locais (também conhecidos como rednecks e responsáveis por uma boa parcela dos mesmos filmes de terror, sendo que a outra é formada pelos filhos de resultados incestuosos deles), Jennifer acaba então sendo agredida e estuprada pelo grupo, mas, ao sobreviver, acaba tendo a força para se vingar deles do pior jeito possível.
Porém, o rumo dos dois pega caminhos totalmente diferentes não só quando ela volta para se vingar, mas sim, durante todo resto do tempo. Enquanto o original se satisfazia em ser um slasher às avessas (onde a vítima era o assassino, na verdade um estilo de filme que fez bastante sucesso durante os anos 70 nos Estados Unidos, dentro do próprio exploitation) o diretor Steven R. Monroe (que vem de uma lista de produções de terror B, tanto para o cinema quanto para a TV) opta, hoje, por um quase torture horror precedido por uma espécie de terror psicológico para assustar a protagonista no começo do filme (com uma câmera observando-a pela janela, por trás dos arbustos e um par de barulhos do lado de fora da casa, tudo assim mesmo, meio forçado e pouco natural).
E ainda que o roteiro, que é escrito pelo próprio Meir Zarchi (que dirigiu e escreveu o original) junto com o estreante Stuart Morse, por um momento até tentem inverter esse lado psicológico contra os próprios vilões (no original o caminho é muito mais reto e
Na frente de tudo isso, muito embora a desconhecida Sarah Butler, no papel de Jennifer, (ou até mesmo uma opção do diretor) acabe confundido a mudança psicológica da personagem com um olhar vidrado em lugar nenhum, uma frase de efeito para cada assassino e meia dúzia de gritinhos histéricos (além de um roteiro que desequilibra a presença dela na tela até em relação a personagens descartáveis como o amigo de caça do xerife e até o próprio, que acabam tendo espaço demais) Doce Vingança acaba sendo um filme que faz exatamente o que uma refilmagem tem que fazer (doa a quem doer): traz para os dias de hoje, em um contexto atual do gênero, uma história que funcionou em um momento bem diferente do cinema.
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I Spit on Your Grave (EUA, 2010), escrito Meir Zarchi e Stuart Morse, dirigido por Steven R. Monroe, com Sarah Butler, Jeff Branson, Andrew Howard, Daniel Franzese, Rodney Eastman Chad Lindberg e Tracey Walter.
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