Desconhecido

por Vinicius Carlos Vieira em 04 de Março de 2011

Ainda que Liam Neeson seja um daqueles atores lembrados por momentos como “A Lista de Schindler”, “Michael Collins – O Preço da Liberdade” e “Kinsey – Vamos Falar de Sexo” (com o primeiro deles lhe rendendo uma indicação ao Oscar), esse mesmo ator irlandês de cinqüenta e nove anos também pode ser lembrado por sua ponta na aventura fantástica oitentista “Krull”, na tentativa trash de super-herói “Darkman – A Vingança sem Rosto” (de Sam Raimi) e, mais recentemente, de sua predileção por tipos “ninguém dá nada, mas na hora do vâmo-vê fica cercado de uma pilha de corpos” (como em “Esquadrão Classe A” e “Busca Implacável”). Por isso que não é surpresa nenhuma que seu nome aparece nesse pseudo thriller de espionagem “Desconhecido”, que, infelizmente para o ator, fica nesse segundo bolo que não será muito lembrado em sua carreira.

Na trama, Neeson é Martin Harris, um bioquímico que chega a Berlim com sua mulher (a fraquíssima January Jones) com a pompa de ter uma importante palestra para ministrar em um congresso mais pomposo ainda, o problema aparece quando ele esquece sua mala no aeroporto e, ao voltar para buscá-la, sofre um acidente e fica desacordado por alguns dias. Bem verdade o acidente é só a ponta desse iceberg, já que ao sair do coma descobre que alguém está usando seu nome e nem sua esposa acredita que ele é o verdadeiro Martin Harris.

O que a dupla de roteiristas Oliver Butcher e Stephen Cornwell faz (a partir do livro de Didier Van Cauwelaert), é olhar para essa história e dar a ela um certo tom de guerra fria, por se passar em Berlim, por depois apresentar um ex-agente alemão vivido pelo sempre mercante Bruno Ganz e descambar em seu desfecho para um atentado iminente contra uma personalidade internacional por fins capitalistas. Um conjunto de elementos que adoram prender a atenção de quem vai ao cinema pronto para uma ou duas surpresas. Mais ainda, eles acabam tendo o controle total dessa estrutura ao fingir ser uma trama previsível e quase impossível de se conter dentro de tanta sorte que ela precisasse para funcionar, mas guardam uma reviravolta eficaz que dá bastante sentido a esses, supostos, deslizes iniciais.

“Desconhecido” ganhará seu público, justamente, por se conter e deixar a história ter seu próprio ritmo, o que atrapalha um pouco é a vontade do diretor Jaume Collet-Serra (que comandou “A Casa de Cera”, de 2005, e até fez um trabalho interessante, mas depois não conseguiu segurar esse pique com os ruinzinhos “Gol II” e “A Órfã”) de ser um filme de ação, mas com uma mão pesada demais que não deixa suas sequencias correrem com naturalidade. Além de parecerem pontuais demais dentro da trama (culpa talvez do roteiro que não conseguiu mesclá-las melhor dentro do andamento), o diretor não faz nenhum esforço para que elas não sejam, cada uma ao seu tempo, a solução de seus conflitos, como se o filme tivesse a obrigação de ter uma sequencia longa para aumentar a adrenalina, quando, muito provavelmente (até pelo clima paranóico da idéia), algumas opções mais sucintas e cruas deixassem, provavelmente, o filme com muito mais personalidade.

Por sorte, Collet-Serra tem a sensibilidade de, antes de qualquer coisa, criar essa expectativa ao redor de onde tudo pode chegar, e, felizmente, quando chega nela não decepciona (talvez só não consiga ter a coragem de mudar a personalidade de seu protagonista enquanto a verdade vai aparecendo, coisa que SPOILER! já se mostrou funcional com o Bourne, que no fim das contas é farinha do mesmo saco SPOILER!).

Ainda bem que, mesmo com esses problemas, “Desconhecido” tem uma vontade imensa de ser um thriller de espionagem (com aquele pé na Guerra Fria), clássico, simples e mecanicamente empolgante (com altos e baixos que não deixam o espectador perder a atenção), que pode até ser taxado de óbvio, mas tem lá uma certa vivacidade que não o deixará decepcionar quem sentar no cinema com seu pacote de pipocas.

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Unknown (GB/Ale/Fra/Can/Jap/EUA, 2011), escrito Oliver Butcher e Stephen Cornwell, a partir do livro “Out of My Head” de Didier Van Cauwelaert,  dirigido por Jaume Collet-Serra, com Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Aindan Quinn, Bruno Ganz, Frank Langella e Sebastian Koch

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2 Comentários. Deixe novo

  • GUILHERME S.
    10/11/2011 12:23

    Filme chato, só não sei se é pior q “Busca Implacável”

  • cara, na boa, VAI TOMA NO CU
    esse é um baita filme e tu vem me escrever merda ainda

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