Anjos da Lei

Assim como Ben Stiller fez em Starsky e Hutch (e que mais recentemente aconteceu também em O Besouro Verde), talvez o melhor jeito de adaptar uma série de sucesso da TV seja mesmo dar risada de todo período, e de como tudo mudou, antes de colocar a Anjos da Lei Filmeideia no papel. Anjos da Lei, mais ainda que os dois, acerta ao não se levar a sério e, ainda assim, homenagear a série que foi sucesso nos anos 80.

E se, logo de cara é difícil aceitar/engolir que a série policial que despontou Johnny Depp (que no filme faz uma divertida participação especial, junto com Peter DeLouise, dupla de protagonistas do original) se transforme, com tamanha facilidade, em uma comédia policial, por outro lado, é essa transição limpa e sincera que mais diverte na adaptação.

No filme, Jonah Hill (indicado ao Oscar por Moneyball – O Homem que Mudou o Jogo) e Channing Tatum (de GI Joe) são dois policiais que acabam entrando para uma força-tarefa da polícia que investiga crimes em colégios, nesse caso, o surgimento de uma droga sintética. Disfarçados de adolescentes, os dois tem então que se infiltrar nessa escola e, mais uma vez, viver os “terrores” do ensino médio (principalmente nas “high schools” americanas).

Mais uma vez, por que o filme dirigido pela dupla Phil Lord e Chris Miller (responsáveis pela animação Tá Chovendo Hambúrguer), começa, justamente, com a vida desses dois extremos ainda jovens em 2005, Hill como o nerd de aparelho no dente e cara de bobo e Tatum como o popular e bonitão, mas que acabam se tornando amigos quando se reencontram na Academia de Policia combinando perfeitamente o cérebro de um com os músculos do outro, mesmo que isso acabe prestando apenas para que ambos façam rondas de bicicleta em um parque onde não acontece nada.

Pois então, acaba sendo, exatamente, esse começo que mais ajuda o filme, já que, de modo objetivo, tanto a direção de Lord e Miller, quanto o divertido roteiro de Michael Bacall (que recentemente escreveu Projeto X) pintam essa dupla de completos idiotas, que perdem a prisão de suas vidas (e ápice de suas carreiras) por não terem recitado os “famosos” direitos do bandido (segundo o personagem de Tatum “pois na TV eles sempre cortam antes do final”). E é, exatamente, esse humor caótico e cheio de referências simples que mais diverte em Anjos da Lei.

Acostumado com isso, Michael Bacall (que também escreveu o texto do cheio de referências Scott Pilgrim Contra o Mundo) então parte para uma sátira pouco velada, não só das certezas da série original, como de todo gênero em geral. Por um lado, isso permite que o cinema de risada de clichês sendo esfregados em suas caras, como o “capitão negro e bem nervoso” vivido por Ice Cube (sem contar as perseguições de carros que não explodem), ou até a desculpa da força-tarefa, “já que tudo passa por uma falta de criatividade, então a única coisa que se pode fazer é copiar o que é velho”, nas palavras do próprio capitão, mas que ainda podem ser encaradas como uma crítica fácil a todo o momento de Hollywood correndo atrás de toda e qualquer série antiga para embalar um sucesso no cinema.

Anjos da Lei

Por outro lado, acaba perdendo um pouco desse ritmo do começo, e quando toda sátira (e a inversão dos papeis, já que Hill acaba se tornando o popular e Tatum o nerd) se enfraquece, o que resta é um filme policial mediano salpicado com algumas boas piadas (e um humor negro divertido que não decepciona) e só não afunda, pois a química entre os dois protagonistas (assim como na série) fazem valer cada cena em que contracenam.

Por tudo isso, Anjos da lei, mesmo caindo de ritmo, consegue sempre investir em uma piada ou uma referência fácil de ser captada e que logo faz o espectador voltar a se divertir. Um filme que se isenta de qualquer responsabilidade de uma ou outra lição (como a série se sentia obrigada a fazer) e não se importa de ser apenas um filme divertido que, mesmo se tornando um tanto quanto “bobo” em certos momentos, ainda assim provoca muito mais risadas do qualquer outra reação de seus espectadores que deve sair mais que satisfeito do cinema.


21 Jump Street(EUA, 2012) escrito por Michael Bacall, dirigido por Phill Lord e Chris Miller, com Jonah Hill, Channing Tatum, Dave Franco, Brie Larson, Rob Riggle e Ice Cube.


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