Carga Explosiva: O Legado Filme

Carga Explosiva: o Legado

Após a morte do meu pai, uns pouco menos de quatro anos atrás, se tornou mais fácil para mim detectar aquele sentimento que une um ser humano e seu rebento (isso pelo menos do lado do rebento). Há algo invisível beirando a comunicação entre esses dois seres. É impossível detectar de forma objetiva, mas ele existe. Talvez mais forte para alguns, e irrelevante para outros.

No caso do filme Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer, entre o personagem icônico de Bruce Willis, John McClane, e seu filho Jack (Jai Courtney), essa relação pai e filho não encontra espaço para se desenvolver por causa do velho, imortal e indestrutível McClane. Curiosamente Indiana Jones e A Última Cruzada, que contém um personagem mais icônico e fantástico ainda, consegue se estabelecer como um dos melhores filmes da franquia justamente por conta desse cordão umbilical imaginário entre “Junior” e seu pai, interpretado por Sean Connery.

Já em Carga Explosiva: O Legado, apesar da falta de seu “personagem carro-chefe” Jason Stahan – que protagonizou os três primeiros filmes da franquia – a série ganha uma dupla familiar no mínimo inusitada, pois flerta de leve com o exemplo em Indiana Jones e de longe (felizmente) com o último Duro de Matar, conseguindo no processo amarrar uma trama solta de maneira eficaz.

É assim que enxergo esse triângulo irregular desenhado pelos roteiristas em torno de três personagens principais, fracos, mas competentes o suficiente para manter uma história minimamente convincente que se desenvolve sempre de maneira regular. Na base desse triângulo temos Jack Pai (Ray Stevenson) e Jack Filho (Ed Skrein), dois “agentes especiais” (para não entrar em detalhes) que disputam verbalmente qual dos dois estilos de charme é o mais sedutor. Um está se aposentando, o outro está no auge físico. Já na ponta desse triângulo vemos a jovem Anna (Loan Chabanol), que bola um plano corajoso e bem sem sentido, guiado por uma vingança de 15 anos vivendo como uma escrava-prostituta de uma máfia russa operando na Riviera Francesa.

Carga Explosiva: O Legado Crítica

E no meio de tudo isso temos belas garotas e carros, além de um vilão (Radivoje Bukvic) perdido o suficiente para entendermos por que o plano das garotas está funcionando quase que sem falhas.

Apesar das virtudes narrativas e até das atuações que não atrapalham a experiência, a direção automática de Camille Delamarre mantém um ritmo morno do começo ao fim, mesmo nas cenas mais frenéticas. Até quando na sequência onde carro e avião compartilham da mesma pista, uma cena que é adrenalina pura, a falta de algo imprevisível parece incomodar.

O que é uma pena, pois isso gera a sensação de um filme menor empacotado em uma história que merecia mais detalhes que não fossem irrelevantes (como o detalhe dos golpes serem aplicados por três das quatro garotas principais). Uma experiência que sempre pende para um lado, mas se equilibra de outro, gerando a sensação de nunca ser muito bom ou muito ruim. O que pode ser decepcionante para uns, empolgante para outros.

De qualquer jeito, talvez os fãs de ação gostem desse O Legado, mas fiquem aguardando o momento em que ele fica realmente bom. Infelizmente, talvez este momento esteja num próximo filme.


“The Transporter Refueled” (Fra/Chi, 2015), escrito por Adam Cooper, Bill Collage e Luc Besson, dirigido por Camille Delamarre, com Ed Skrein, Ray Stevenson, Loan Chabanol, Gabriella Wright, Tatiana Pajkovic e Radivoje Bukvic.


Trailer – Carga Explosiva: O Legado

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