Amor e Monstros | Despretensioso e divertido


O mundo acabou, o que sobrou foram uns rabiscos infantis de alguns monstros e uma história de amor brega, já que o protagonista disso tudo aí é o único cara sem transar no bunker que agora serve de casa para ele e um grupo de outros sobreviventes. Amor e Monstros é só isso mesmo, mas faz tudo com tanto carinho e capricho, que talvez mereça uma conferida para quem quer um filme com um visual bacana e uma aventura que funciona na maior parte do tempo.

O filme chega diretamente à Netflix, mas com certeza tinha todas as possibilidades de fazer um pequeno sucesso nos cinemas. Dylan O´Brien (que já correu por aí no apocalipse em Maze Runner) vive Joel, o tal sobrevivente que decide sair do bunker onde vive e percorrer mais de 130 quilómetros pela superfície dos Estados Unidos para encontrar a colônia onde vive Aimee (Jessica Henwick), seu grande amor pré-fim do mundo. O que poderia atrapalhar essa viagem é a presença de um número incontável de bichos e insetos que foram transformados pelos resquícios das bombas atômicas lançadas pela humanidade para destruir um asteroide que vinha na direção do planeta.

Tudo bem, a história escrita por Brian Duffield e Matthew Robinson parece uma bobagem, e é, mas é uma bobagem bem-feita e que tem todas intenções no lugar. Aquele apocalipse parece fazer sentido dentro de toda mitologia que eles tentam criar, isso auxiliado ainda por um ritmo interessante que consegue ir contando essa história em pílulas enquanto Joel vai por aí tentando sobreviver.

É lógico também que seria impossível contar com qualquer tipo de camada a mais no romance dos dois personagens, então o que eles fazem é, exatamente, quebrar a expectativa enquanto permitem que Joel use tudo que aprendeu durante o filme para uma última aventura enquanto tenta conquistar sem antigo amor. Enquanto Joseph Campbell ficaria orgulhos onde estiver, Amor e Monstros faz aquilo que se propõe e irá, com certeza, agradar seu público. Afinal, ninguém irá dar o play em um filme com esse nome esperando algo mais do que só isso mesmo.

Por isso, quando cito “só isso mesmo” é como um elogio. A direção de Michael Matthews funciona, a ação é bem desenvolvida e as cenas tem o ritmo correto, fora isso, o visual das criaturas convence e tem exatamente aquele visual citado no primeiro parágrafo, como se fugisse de uma mutação clássica e estivesse mais no campo da imaginação de uma criança mesmo. E mais uma vez, isso é um elogio, já que não levar o visual a sério e optar pelo exagero é grande parte da diversão.

É lógico que, mesmo simpático e divertido, Amor e Monstros derrapa em um segundo ato um pouco longo demais onde Joel demora demais para passar pela grande provação desse segmente, mas ainda assim fica aquela impressão de estar junto com ele descobrindo um pouco mais sobre aquele mundo.

Mas como amarra tudo bem no final das contas, deixa uma mensagem de esperança e sabe que está o tempo todo em um filme com um visual caprichado, mas sem se levar muito a sério e contar com um bom humor leve e acertado. Amor e Monstros cumpre exatamente tudo aquilo que promete: um romance com algumas criaturas nojentas, tudo amarrado em uma aventura divertida.


“Love and Monsters” (EUA, 2020); escrito por Brian Duffield e Matthew Robinson; dirigido por Michael Matthews; com Dylan O´Brien, Jessica Henwick, Michael Rooker, Ariana Greenblatt e Dan Ewing


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