American Pie: O Reencontro

Olhar para American Pie: O Reencontro é o mesmo que olhar para a filmagem do saco de plástico voando em Beleza Americana sem o contexto do filme (lembrei dele, pois fazia anos que não via Mena Suvari, que também estrelou o ganhador do Oscar, fazendo algo no cinema), já que, de modo pragmático e prático, o quarto filme da série (esqueçam todas aquelas continuações direto para DVD em que um parente do Stifler é o protagonista) é apenas isso que se vê e espera (ou você enxergou muito mais coisa no saco de plástico?).

Para os fãs dá série, um prato cheio onde o espectador poderá reencontrar os velhos personagens, saber como estão suas vidas doze anos depois do primeiro (já que até os outros dois parecem ser ignorados) e dar algumas risadas sem muita empolgação. Para quem não é fã, mais um monte de piadas envolvendo pênis, vaginas, secreções etc.

Sem a vontade do primeiro de ser uma comédia adolescente onde, mesmo com um punhado de lições de moral, o mais importante era dar risada da péssima vida sexual desses quatro amigos, com direito a ejaculações precoces via webcam e mais um monte de outras divertidas atrocidades sexuais (azar da torta), esse último filme é apenas um recorte mal feito de lições de como ser adulto.

Nele, os quatro amigos agora voltam à cidade natal para uma reunião da “turma de 99” da escola. Cada um deles com suas vidas e problemas de adultos e que, mesmo tentando fugir deles durante esse fim de semana, acabam descobrindo as respostas para suas perguntas durante esse encontro. E o desespero em educar é tão grande que até Stifler (Sean Willian Scott), praticamente um anexo do quarteto, acaba recebendo sua lição e termina o filme como um “homem melhor”.

Talvez os fãs de American Pie não queiram um Stifler melhor, talvez eles queiram mesmo é apenas o bom e velho, valentão e ultrajante Stifler, assim como, muito provavelmente, irão ao cinema em busca de um monte de piadas mais ultrajantes ainda sobre sexo, e nesse sentido talvez …O Reencontro esqueça desses fãs.

Por sorte, na maioria do tempo Stifler ainda é um poço de podridão, e tenha lá seus momentos engraçados, assim como, pela primeira vez nos quatro filmes da série, o engraçadíssimo Eugene Levy, pai do protagonista, ganhe muito mais espaço, um espaço merecido e que, talvez, seja a melhor coisa do filme, já que tudo que sai de sua boca parece ganhar um humor muito maior, coisa para poucos comediantes do cinema atual conseguem fazer.

Infelizmente, tanto para fãs quanto para “não fãs”, American Pie: O Reencontro se priva completamente de qualquer inteligência para que certas piadas rasteiras deem certo, e nem percebe que em alguns momentos começa a deixar de fazer sentido (ou até gastar tempo explicando as mesmas, como no caso da piada envolvendo Ricky Martin e do namorado da personagem de Shannon Elizabeth), o que impede de seguir mesmo o fiapo de roteiro que tem em mãos.

Mas sobre tudo isso (e defendo a categoria), o pior de tudo (e mais difícil) talvez seja mesmo ter que analisar um filme como American Pie: O Reencontro. De um lado, os fãs da série, do outro todos aqueles que odiaram toda conotação sexual do primeiro, ambos os lados sedentos a espera das palavras (ou do sangue) do jornalismo especializado. Mas pensem bem o sofrimento de ter que achar significado, tanto técnico quanto narrativo, em … O Reencontro? Pelo menos o saco de papel fazia sentido dentro do filme.


American Reuniun(EUA, 2012) escrito por Adam Herz e Jon Hurwitz, dirigido porJon Hurwitz e Hayden Scholssberg , com Jason Biggs, Alyson Hanning, Chris Klein, Thomas Ian Nocholas, Sean William Scott, Eddie Kaye Thomas, Eugene Levy, Tara Reid e Mena Suvari.


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