Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros


Erra feio quem acha que uma história sobre o famoso (senão o maior) presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, e seu passado como caçador de vampiros não teria como fazer sentido. Erra também quem acha que o resultado disso nas telas do cinema não possa ser no mínimo bacana. O problema então esta no resultado, não na ideia de Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros.

É lógico que o 16° governante americano não foi um caçador de vampiros (espero!), mas é inegável o quanto a ideia de Seth Grahame-Smith, que escreveu o livro e adaptou-o ao cinema, é divertida (assim como a de seu primeiro livro, que também está virando filme, Orgulho e Preconceito e Zumbis). Do cinismo da ideia à prepotência de mexer nesse mito (com uma precisão histórica bem interessante, é preciso lembrar), tudo poderia funcionar, se ninguém tentasse te convencer daquilo.

Resumindo: falta humor em Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros. Não humor do riso e da sketch, mas o de se levar menos á sério. Esquecendo completamente que o título do filme já afastaria qualquer um do cinema que pudesse sair da sessão reclamando da veracidade do filme, Grahame-Smith permite que seu roteiro, em certo ponto, se sabote, deixe todo e qualquer vampiro de lado e se esforce demais em focar na figura de barba e cartola que tanto ficou conhecida. Ninguém no cinema está ali para ver um presidente, mas sim um caçador de vampiros.

Não é mentira que tudo que precede a chegada de Lincoln à presidência dos Estados Unidos sirva para preparar o espectador para a chegada da Guerra Civil que o país travou na década de sessenta do século XIX e que, obviamente, aqui (filme) recebe uma ajudinha vampiresca do lado do sul, mas a discrepância entre o ritmo de antes e depois do personagem se transformar naquele personagem da nota de cinco dólares é grande demais para permitir que o filme funcione.

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros se sustenta sobre pilares frágeis demais para que, sem esse ritmo, o espectador continue interessado. É quase ofensivo para o espectador ter que engolir algumas ¿pequenas¿ coincidências que movem o filme em um primeiro instante, como a presença desse outro ¿caçador¿ (vivido por uma cada vez menos esforçado Dominic Cooper, repetindo um único personagem em todos seus filmes depois de Dublê do Diabo). Nesse ponto, não existe o menor esforço para tornar isso natural e minimamente novo, além de ainda se permitir uma quantidade irritante de flashbacks que esfregam na cara do espectador acontecimentos que ocorreram alguns poucos minutos atrás (e que continuam ocorrendo até o final do filme). Fora isso, ninguém no cinema se surpreenderá com absolutamente nada que acontecer após esse encontro (com a sequência de treinamento, as frases de biscoito da sorte que deixariam o Morpheus orgulhoso etc.).

O interessante é que, logo depois disso, mesmo que por um segundo apenas, o filme decola e funciona. Mas só por um segundo mesmo.

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros Filme

Por um momento, o espectador vê o título do filme fazer jus àquilo que está na tela, e melhor, pode se divertir com uma tonelada de referências que se formam em volta dessa figura (vivido por um preguiçoso Benjamin Walker que só entra no personagem através de uma prótese no nariz) enquanto ele caça vampiros em uma cidadezinha, forma sua real consciência política, conhece seus aliados e até enfrenta o grande vilão de sua história (vivido pelo pasteurizado Rufus Sewel). É lógico que a mão pesada do russo Timur Bekmambetov (de O Procurado) não deixa que o filme flua fora da ação, mas quando precisa, ela está lá, cheia de slow motion, CGI e estilo. Pelo menos o suficiente para divertir quem for em busca de um pouco de descompromisso.

É a mania de grandeza que estraga Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, que exagera em busca dessa nação de ¿criaturas da noite¿ (que aqui caminham durante o dia com a ajuda de um filtro solar… bom, pelo menos elas não brilham), dessa enorme sequência sobre um trem em uma ponte em chamas e até dessa Washington em construção que permitem que o próprio Abe Lincoln seja mais presidente do que caçador de vampiros. O que não é que ninguém no cinema quer ver.


Abraham Lincoln: Vampire Hunter (EUA, 2012) escrito por Seth Grahame-Smith, dirigido por Timur Bekmambetov, comBenjamin Walker, Dominic Cooper, Anthony Mackie, Mary Elizabeth Winstead, Rufus Sewell e Marton Csokas.


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2 Comentários. Deixe novo

  • Vinicius Carlos Vieira
    21/09/2012 19:31

    “Orgulho e Preconceito Zumbi” está meio estagnado na pré produção, e dúvido que nesse caso “entendam a piada” (que é um premissa absurdamente mais inteligente que essa do Abraham Lincoln).

  • É melhor esperar “Orgulho e Preconceito e Zumbis”

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