A Espuma dos Dias

O diretor francês Michel Gondry, mais conhecido pelo jovem clássico Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004), retorna ao cinema de seu país após alguns tropeços na terra do tio Sam. Dono de um estilo peculiar, que beira o surreal, Gondry a-espuma-dos-dias-postersempre traz um visual único a seus longos e com seu mais novo trabalho, A Espuma dos Dias, não poderia ser diferente.

O longa conta a história de Colin (Romain Duris), um jovem rico que adora passar seu tempo com seu melhor amigo, Chick (Gad Elmaleh), e degustar a comida de seu cozinheiro, Nicolas (Omar Sy). Porém, quando Chick lhe diz que está apaixonado por uma garota que acaba de conhecer, Colin se decide que também precisa conhecer alguém. Então os dois vão juntos a um festa e lá Colin conhece Chloe (Audrey Tautou), por quem se apaixona e com a qual logo casa. Mas é durante sua romântica lua-de-mel que Chloe adoece e o agravamento de suas condições acaba mudando a vida de todos.

Dando asas a sua imaginação, Gondry emprega aqui os artifícios visuais mais extravagantes de sua filmografia, talvez comparáveis apenas ao seu Sonhando Acordado (2006). Contando com uma trama bem simples, é no visual rebuscado e nas atuações que o filme se destaca e cria uma identidade própria e única.

Em relação ao visual, o diretor trabalha com tudo que se vê na tela para criar algum tipo de sensação específica no espectador. Desde o emprego de cores fortes – tanto na fotografia, quanto no figurino – que traz uma Paris não apenas romântica, mas envolta em uma ar de saudosismo (remetente aos anos 70) até os exageros visuais e estilísticos – como quando o cozinheiro Chick joga toda a louça no lixo após todos terminarem de comer, quando todos dançam com pernas absurdamente longas ou ainda quando o casal, durante o casamento, caminha pela igreja como se estivesse dentro d’água, demonstrando sua incontrolável felicidade. Cheio desses momentos mágicos – e cartunescos -, A Espuma dos Dias desenha em seu primeiro ato uma atmosfera positiva e radiante do que é viver feliz.

Para enfatizar mais ainda o que o diretor traz à tela com sua mente brilhante, o longa ainda apresenta um elenco invejável, contando com ótima atuação de seu protagonista, Romain Duris, com mais um belo trabalho da sempre eficiente Audrey Tautou e de engraçadíssimas e bem-vindas participações dos comediantes Gad Elmaleh e Omar Sy. Sy, no entanto, merece destaque especial. Sempre incrivelmente carismático, o astro de Intocáveis (2012) é um daqueles atores que com sua simples presença já consegue mudar o clima de uma cena.

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Mas apesar de toda a inventividade e talento presentes no longa, seu ponto fraco, a história, acaba custando um alto preço ao projeto como um todo. No terceiro ato, com o avanço da doença de Chloe, o longa toma ares sombrios e tem sua palheta de cores completamente alterada para tons de cinza. Embora está mudança seja inteligente e bem empregada, a excessivamente longa duração da etapa final da projeção acaba tornando o filme arrastado e trocando o choque da mudança visual por um desfecho melancolicamente aborrecido.

Mesmo que desaponte em alguns aspectos, A Espuma dos Dias não deixa de ser uma volta a boa forma por parte de Michel Gondry e, esperemos, que traga muitos outros trabalhos geniais com ele.


L’écume des jours  (2013), escrito por Luc Bossi, dirigido por Michel Gonrdy, com Romain Duris, Audrey Tautou, Gad Elmaleh, Omar Sy, Aissa Maiga e Charlotte Lebon.


Trailer do filme A Espuma dos Dias

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