A Caverna | Fuja dessa armadilha


A Caverna não deveria ter esse título, no original “Time Trap” estaria mais perto de “Armadilha do Tempo”, mas realmente, o filme poderia apenas ser batizado de “Armadilha”, já que muita gente vai cair nela.

A ideia do roteiro chama a atenção: um professor que some depois de entrar em uma caverna e alguns dos seus estudantes que entram nela em sua busca, mas acabam descobrindo que o tempo ali dentro não funciona do jeito que esperavam. A Caverna é então um filme sobre viagem no tempo, mas infelizmente você não poderá voltar no tempo para “desver” esse desastre.

A impressão é de uma ideia que começa boa, mas vai indo… indo… indo, até um ponto onde a volta é impossível e a única possibilidade é seguir até aquele lugar onde as boas ideias se transformam em bobagens sem sentido.

Essa bobagem é dirigida pelo próprio roteirista Mark Dennis em parceria com Ben Foster e o trabalho da dupla não só beira o amadorismo, como é difícil imaginar quem teria a cara de pau de lançar um troço desses nos cinemas. Realmente o filme não fez muito sucesso em lugar nenhum, passou por um monte de festivais, sumiu, voltou para algumas estreias em circuito reduzido, sumiu novamente, surgiu no final do ano passado “on demand” e agora aparece na Netflix como destaque entre os lançamentos. Mas acredite, é tudo uma armadilha.

Talvez ninguém demore muito para descobrir isso, já que logo de cara o tal do professor descobre essa caverna, avista dentro dela um cowboy congelado pelo tempo em seu interior e, motivado pela inumana ausência de curiosidade, dá as costas e vai para casa, “amanhã eu volto”.

E se o cowboy te parece estranho, se prepare que tudo fica ainda mais excêntrico. Estamos falando de fonte da juventude, hippies, conquistadores espanhóis, apocalipse, gente alta do futuro, ETs, Marte e neandertais (não necessariamente nessa ordem). Esses últimos ainda são a motivação de uma cena de luta que faz os sopapos dos Trapalhões parecerem saídos de um filme do John Wick.

Na verdade (e aqui alguns spoilers!), sustentar a trama nessa ideia de que o tempo dentro da caverna passa mais lentamente é até uma boa premissa (a “trivia” do IMDB fala em algo como 5.400 anos passados até o final da história… vou acreditar neles, pois não contei), mas o roteiro de Mark Dennis parece não saber onde ir. E essa impressão de simplesmente ir em frente enfiando soluções estapafúrdias e reviravoltas sem sentido enquanto o dinheiro do orçamento não permite que nada seja feito com efeitos especiais minimamente interessantes, o que chega a soar de mal gosto de tão tosco (que casa perfeitamente bem com o elenco de atores amadores desempregados).

Não estamos falando de um “deus ex machina” para fechar a trama, mas sim punhado deles para, praticamente, cada sequência.

Esqueça a “caverna” do título original. Esqueça o “tempo” do original. Foque na “armadilha” e fuja desse desastre, afinal, seu tempo vale muito mais do que esse desastre.


“Time Trap” (EUA, 2017); escrito por Mark Dennis; dirigido por Mark Dennis e Ben Foster; com Andrew Wilson, Cassidy Gifford, Brianne Howey, Reilley McClendon, Olivia Draguicevich e Max Wright


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