A Boa Esposa | Uma farsa bonitinha para todos públicos


A Boa Esposa é uma farsa bonitinha em formato comercial sobre um causo que ocorreu na última resistência do patriarcado, lá em maio de 1968, na fronteira entre França e Alemanha, onde se faz chucrute, mas se fala francês. O mundo só melhorou ou piorou desde então, dependendo de quem responde.

Estamos na boa companhia de Juliette Binoche, Yolande Moreau, Noémie Lvovsky e Edouard Baer. A dupla Binoche e Moreau são respectivamente a esposa e a irmã do chefe de família Robert Van der Beck (François Berléand), que comanda uma escola de donas de casa em uma época em que as famílias não-ricas colocavam as moças para aprender a serem esposas em vez de fazer um curso na faculdade.

Porém, esta já é uma idéia ultrapassada na época de olharmos para as expressões das únicas 18 jovens inscritas esse ano. O número caiu quase pela metade comparado com o ano anterior, e não há nenhuma realmente empolgada com este curso. Cada uma possui interesses diversos, o que quer dizer que há um romance lésbico no meio, e objetivos distintos, nem que seja sair da casa dos pais.

Isso não impede a empolgação da matriarca da casa, uma Juliette Binoche tão autocentrada no seu papel de esposa e educadora que não consegue sair de seu personagem quando inevitavelmente as coisas começam a sair dos trilhos: revoltas avançam na capital francesa e ela redescobre um antigo amor perdido.

Já Yolande Moreau (você deve lembrar dela nem que seja de Amelie Poulain) faz aqui uma de suas personagens mais carismáticas, mesmo que reduzida a monossílabos no roteiro. Ela ensinando as meninas a cozinhar um coelho é um dos poucos prazeres do filme desprovidos de ideologia política e encanta de imediato.

Apesar de comédia, A Boa Esposa possui em seu fundo um tom melancólico e talvez saudosista, de uma época em que os problemas da sociedade eram óbvios e sabia-se o que fazer, não havendo cortina de fumaça e cientificistas dizendo o que devemos acreditar. É fácil de entender porque o filme termina em um número musical. O difícil é se levantar após a dança.


“La Bonne Épouse” (Fra/Bel, 2020), escrito por Martin Provost e Séverine Werba, dirigido por Martin Provost, com Juliette Binoche, Yolande Moreau e Noémie Lvovsky.


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