A Arte da Autodefesa | Esquisito… sombrio mesmo


Em algum lugar de A Arte da Autodefesa talvez você vá dar risada, talvez não. Não é surpresa que você se até se espante com o caminho que ele toma, muito menos será uma surpresa se você descubrir que o filme não era aquilo que você imaginava. Na verdade, é difícil falar qualquer coisa de A Arte da Autodefesa.

O filme é simplesmente esquisito. Começa com o jeitão de uma daquelas comédias independentes americanas onde a paleta de cores tende ao marrom e o protagonista segue o mesmo ânimo. Nesse caso, Jesse Eisenberg vivendo o contador Casey, “loser” padrão e que deve ter alguma porcentagem de transtorno de desenvolvimento.

Diferentemente dos perdedores padrão de Eisenberg (que cada vez mais parece só conseguir fazer essa construção de personagem), seu Casey vai realmente além do apenas não lidar bem com o social, e isso só fica pior graças às péssimas opções do ator, que prefere mergulhar em um estereótipo que beira o ofensivo e criar uma espécie de “autista clichê” quando lhe convém. Ao invés de atrelar a situação à tridimensionalidade do personagem, pega o atalho e saca uma espécie de “carta do transtorno” quando precisa que seu personagem reaja como um completo idiota em certas ocasiões. Ao mesmo tempo que, convenientemente, se livra de tudo isso para que a trama corra para onde ela precisa ir.

E onde ela precisa ir é um lugar sinistro. Sombrio mesmo.

O filme é escrito e dirigido por Riley Sterns e acompanha Casey depois que ele é espancado na rua por um grupo de motoqueiros misteriosos. Vivendo nessa espécie de stresse pós-traumático, o protagonista primeiro vai comprar um revolver, mas enquanto espera seu porte de arma sair, acaba descobrindo que a solução seja uma aula de caratê.

Enquanto o atendente da loja de armas parece ser um folheto anti-armas, mas sempre com um sorriso de vendedor no canto dos lábios, talvez você comece a desconfiar que Sterns pretende provar um ponto de vista através do cinismo. Mas o clima é tão sutil que é difícil captar o timming, assim como não seria surpresa se o próprio te dissesse que nada ali era para ter graça.

A acidez desse humor mórbido vai crescendo a cada passo que Casey dá dentro dessa academia de caratê com um dono esquisitão, sensei (Alessandro Nivola), e que aos poucos vai levando Casey para uma espécie de Clube da Luta misógino, homoafetivo e violento. Não tem a mesma profundidade nem crítica social do grupo de machos bravos criados por Chuck Palahniuk, mas ainda assim serve para Sterns deixar suas impressões, principalmente sobre esse “ódio clássico” ao feminino. Mas novamente, o diretor leva tão a sério as situações que é fácil perder as piadas (boas), enquanto o protagonista chega mais perto da verdade por trás de umas famigeradas “aulas noturnas” do Sensei.

O fim disso tudo envolve um “soco com o pé”, um Dachsund, corpos cremados, um golpe de caratê mortal e a impressão de que você não entendeu absolutamente nada das intenções do filme de Riley Sterns. Muito menos se era para você dar risada, ficar chocado ou, quem sabe, pensar em praticar caratê.


“The Art of Self-Defense” (EUA, 2018), escrito e dirigido por Riley Stearns, com Jesse Eisenberg, Alessandro Nivola, Imogen Poots, Steve Terada e David Zellner


Trailer do Filme – A Arte da Autodefesa

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1 Comentário. Deixe novo

  • Resumindo, um lixo!!! Não perca seu tempo como eu perdi o meu.
    Pior, se aproveitando de uma arte marcial tão linda!

    Cenas totalmente pesadas e sem noção.

    E dessa forma que a Netflix vai falir, com mais um lixo.

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