400 Contra 1

Idem (Bra, 2010) escrito por Victor Navas, dirigido por Caco Souza, com Daniel Oliveira, Daniela Escobar, Fabrício Boliveira, Branca Messina, Lui Mendes, Jonathan Azevedo e Jefferson Brasil

por Vinicius Carlos Vieira

“400 contra 1” está ai para ser visto em seus trailers e cartazes já a um bom tempo e não se acanhou de estrear em uma semana onde todos olhares iriam para “A origem” e “Meu Malvado Favorito”, por sorte, já que a estreia na direção de Caco Souza (que vem da publicidade e de alguns curta-metragens) não acerta em absolutamente nada e seria melhor se conseguisse se esconder até sair de cartaz.

À começar por um texto explicativo que logo de cara se esquiva de qualquer responsabilidade com o cenário real e seus acontecimentos verídicos, a produção se perde em alguns equívocos óbvios e acaba deixando de contar uma história que tinha tudo para ser interessante.

Nela, um grupo de assaltantes à banco do Rio de Janeiro no começo dos anos 70 vive encarcerado no mesmo Presídio de Ilha Grande onde os presos políticos da Ditadura Militar cumpriam suas penas. É dessa mistura que nasce o famoso e temido “Comando Vermelho”, famoso nos anos 80. O que acontece, é que, mesmo esse sendo a sinopse do filme, pouco dela acaba sendo realmente aproveitado dentro do filme, o que decepciona e fará muita gente sair do cinema reclamando de toda confusão que o filme se torna.

Em um tentativa mal-feita de fazer o filme se dividir em linhas temporais distintas, em pouco tempo “400 Contra 1” acaba perdido na própria linha do tempo. Em uma total falta de tato de sua montagem, o filme primeiro se divide em duas épocas para continuar fazendo isso de forma exponencial até ver sua trama se passando em três ou quatro anos diferentes, que não se ligam por assuntos e parecem estarem ali só para criar um nó desnecessário, já que a história funcionaria exatamente do mesmo jeito se seguisse uma ordem cronológica e mantivesse uma âncora temporal nos anos 80, em seu presente.

Bem verdade que esse “vai e vem” não deixa o filme confuso, e muito menos complicado, já que a história tem pouco para ser contada, mas o que fica é um impressão de falta de linearidade forçada e sem função narrativa. Mas talvez, com uma trama mais interessante isso tudo até ganhasse força, mas como ela tem pouquíssimo a desenvolver, durante todo tempo nada parece sair do lugar, ainda mais quando não percebe o quanto repete tudo que está acontecendo.

Se logo de cara o off do personagem principal repete exatamente tudo que já foi dito em um texto explicativo antes do início do filme, o que vem depois são um monte de personagens repetindo que “são bandidos”, “ladrões de banco”, “que estão contra o sistema”, “que querem ir embora daquele lugar”, “o quanto mandam na cadeia” e “que os presos políticos não prestam” (assim como o “pessoal do jacaré”), junte tudo isso a ainda nenhuma motivação para suas ações e você vai ganhar um filme onde o espectador não tem ninguém para torcer.

E talvez seja esse o maior defeito de “400 Contra 1”, essa falta de identificação de seus personagens com o espectador, que diante disso, acaba gastando seus 90 e poucos minutos sentado naquela sala escura sem ter o que fazer a não ser esperar o filme acabar. E não só por todos ali serem bandidos, mas sim pelo próprio filme se esquecer de botá-los de algum jeito que o lado de cá da tela se sinta a vontade com eles, e não com seus “nem 30 anos de idade e já mais de dez de cadeia”, uma espécie de glorificação exagerada, que parece tão desesperada que, em nenhum momento deixa nem seus personagens fazerem nada senão “movidos” por algum senso “doentio” de justiça.

Tudo isso fica pior ainda quando temperado com um off burocrático e sem emoção que se arrasta pelo filme contando apenas tudo aquilo que o roteiro não conseguiu colocar em linhas de diálogos, que também acabam sendo rasteiras e meramente ilustrativas, já que pouco fazem para desenvolver nada. Ainda mais quando parecem compostas apenas por frases de efeito (duvidoso) e bravatas cheias de testosterona.

E mesmo com um Daniel Oliveira sempre seguro e determinado a criar um personagem tridimensional (mas com pouquíssimo material para explorar), “400 Contra 1” se equivoca tanto que quase esquece de dar razão ao título, nem percebendo que talvez pudesse até ser ela que salvasse o filme, já que faria o filme ganhar em ritmo e, quem sabe, não o deixasse se perder nesse enorme marasmo em que ele parece se perder.

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1 Comentário. Deixe novo

  • Vinicius disse:Sem qereur ser chato, mas ja sendo Ambos e so para duas pessoas. Jude Law, Johnny Depp e Colin Farrel, ambos

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