10 Segundos Para Vencer Filme

10 Segundos Para Vencer | Perde nos pontos


[dropcap]D[/dropcap]o mesmo jeito que em certo momento de 10 Segundos Para Vencer você espectador é lembrado que, no boxe, “10 segundos é a diferença entre a glória e o esquecimento”, no cinema, alguns minutos podem fazer a mesma diferença. Justamente por isso, a cinebiografia de Éder Jofre não será lembrada muito tempo depois que você sair da sala de cinema.

Antes de qualquer coisa, 10 Segundos Para Vencer é um filme visualmente lindo, um trabalho inspirado do diretor José Alvarenga Jr., que andou trabalhando na TV em séries como Supermax e Força-Tarefa, ambas que já abriam espaço para uma estética menos estática. Com isso 10 Segundos… irá conquistar muita gente pelo visual.

Desde a abertura até os momentos em que a câmera de Alvarenga invade o ringue com Jofre e o diretor tem a possibilidade de usar um número empolgante de planos e cortes, criando um ritmo que combina bem com a violência e a sutileza do esporte. Alvarenga não está interessado na visceralidade de um Touro Indomável e nem no desfile técnico de Creed, mas fez bem seu papel em um terreno que tantos diretores acabam se atrapalhando.

De qualquer jeito, é justamente a pouca quantidade de momentos onde Alvarenga consegue usar suas habilidades que acaba depondo contra seu trabalho. Mesmo lindo, 10 Segundos… perde demais o ritmo.

O roteiro escrito por Thomas Stavros e Patrícia Andrade não esconde a predileção por ir a busca do personagem Éder Jofre e não do pugilista. O filme então finca suas garras nos dramas da infância, no irmão doente, no legado de boxistas da família e, é claro, na relação com o pai e treinador, Kid Jofre (que é vivido por Osmar Prado e faz tão bem para o filme como a direção de Alvarenga).

Éder Jofre é vivido por Daniel Oliveira com o mesmo esforço que ele sempre apresenta em seus trabalhos, mas quando, principalmente na segunda metade do filme, 10 Segundos… não sabe muito bem para onde ir e patina na falta de um conflito mais interessante, sobra pouco para Oliveira (ou Prado) fazer.

10 Segundos Para Vencer Crítica

Talvez o começo empolgante, em que você acompanha o começo da carreira, e a boa e velha jornada do “underdog” conquistando a fama nos ringues, tenha um ápice eficiente demais com sua primeira luta “na América”. O que vem depois é uma série de acontecimentos sonolentos que servem apenas para tentar afundar sua carreira para, enfim, podermos acompanhar uma reviravolta.

Não que isso, por si só, já não seja um problema, já que absolutamente todos filmes sobre boxe tenham essa estrutura, a diferença aqui são os obstáculos dessa jornada. Sem um antagonista à altura de Jofre e sem a vontade de “dar uma distorcidinha” na história para colocar esse peso no pai, 10 Segundos… fica então muito tempo contando a história de alguém que você não está interessado. No escuro da sala, todos querem o pugilista, não o cara amargurado por alguma falha que o roteiro não consegue deixar muito clara.

Jofre não vai fundo nesse poço como Jake LaMotta e nem é tão “vagabundo” como Rocky Balboa, suas motivações acabam sendo simples demais, assim como suas aflições não são fortes o suficiente para “conquistar” seus espectadores.

De qualquer jeito, com os grandes trabalhos de Daniel Oliveira, Osmar Prado e José Alvarenga Jr., 10 Segundos Para Vencer até consegue levantar antes do final da contagem, mas perde nos pontos.


“10 Segundos Para Vencer” (Bra, 2018), escrito por Thomas Stavros e Patrícia Andrade,  dirigido por José Alvarenga Jr., com Daniel Oliveira, Osmar Prado, Sandra Corveloni e Keli Freitas.


Trailer – 10 Segundos Para Vencer

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