Talvez Uma História de Amor Filme

Talvez Uma História de Amor | Um romance aconchegante


[dropcap]F[/dropcap]ilme brasileiro baseado em um livro francês, mas com jeitinho de produção hollywoodiana, Talvez Uma História de Amor é um romance simpático e envolvente. Beneficiado por um ritmo dinâmico e por uma premissa original explorada com moderada ambição e estilo, o longa acerta também no desenvolvimento de seu protagonista e dos personagens que ele encontra pelo caminho.

Virgílio (Mateus Solano) trabalha em uma das maiores agências publicitárias de São Paulo. Ele acaba de receber uma promoção, que recusa – ele não quer saber de nada que vá alterar a rotina que ele construiu cuidadosamente para si mesmo, cuja lista de afazeres inclui acordar exatamente às 7:14 da manhã e jantar ovo e torradas todas as noites. Até que ele escuta uma mensagem deixada em sua secretária eletrônica: é Clara, ligando para terminar de vez o relacionamento dos dois. O problema é que Virgílio não faz ideia de quem seja Clara, mesmo que todos os seus amigos pareçam saber que eles estavam juntos. Ele, então, passa a procurar pistas que o levem até essa mulher misteriosa que, do nada, virou a vida dele de cabeça para baixo.

Ao longo dessa jornada, Virgílio depara-se com ex-namoradas, amigas e excêntricos estranhos, que se tornam, de uma forma ou de outra, envolvidos na busca do protagonista pela pessoa que pode ser o amor de sua vida. E, afinal, o que levou Clara a terminar tudo? Quem havia visto os dois juntos declara que eles eram claramente feitos um para o outro e que estavam muito felizes. Virgílio, introspectivo e solitário, mal consegue imaginar-se em um relacionamento desses.

A caracterização do protagonista, aliás, é um dos pontos altos de Talvez Uma História de Amor. Sem entregar-se a exageros ou a muletas de interpretação, Mateus Solano constrói Virgílio não apenas por meio de seu jeito metódico e certinho, mas também com os gestos nervosos e a hesitação em olhar nos olhos de outra pessoa que estabelecem sua personalidade introvertida e ansiosa. Aos poucos, Virgílio vai não apenas envolvendo-se com Clara, mas também abrindo-se à possibilidade desse amor que parecia fazê-los tão felizes.

Enquanto isso, Bianca Camparato, Paulo Vilhena, Dani Calabresa, Jacqueline Sato, Elisa Lucinda, Totia Meireles e outros rostos familiares colorem a busca de Virgílio e a São Paulo pela qual o protagonista se aventura na busca por Clara. A personagem de Meireles, que vive a terapeuta de Virgílio, é a responsável por explicar o que houve com ele: uma amnésia momentânea ocasionada pela dor da separação, que fez com que ele apagasse da mente toda e qualquer memória relacionada a Clara. Isso nos leva a uma belíssima cena em que, em seu apartamento iluminado apenas por uma lanterna, Virgílio, pela primeira vez, lembra-se de alguns fragmentos de sua vida com a amada.

Talvez Uma História de Amor Crítica

O diretor Rodrigo Bernardo e o roteirista Leo Dan, que adaptou o livro homônimo do francês Martin Page, conduzem a trama de maneira dinâmica até uma conclusão que, acertadamente, estabelece como pivô do término algo que representa uma possibilidade de conciliação a partir do arco dramático percorrido por Virgílio até então. Quando finalmente conhecemos Clara, mesmo com pouco tempo de tela, Thaila Ayala rapidamente a estabelece como uma mulher decidida e interessante – e os momentos que ela divide com Solano são repletos de carinho e de química.

Portanto, é uma pena que não possamos construir um retrato mais concreto dela antes de conhecê-la de fato. Ouvimos com frequência sobre como ela e Virgílio são compatíveis, mas não recebemos informação alguma sobre ela enquanto indivíduo e, portanto, embarcamos no romance apenas pelo ponto de vista dele. É claro que isso é consequência direta da trama, mas teria sido interessante ter mais referências nesse sentido enquanto acompanhamos Virgílio voltando a se apaixonar por ela.

De qualquer forma, Talvez Uma História de Amor é uma produção louvável na forma com que estabelece um estilo visual caloroso e um ritmo ágil e, principalmente, na maneira com que estabelece a evolução de Virgílio conforme ele decide, com cada vez mais certeza, entregar-se ao que Clara representa e a batalhar para chegar ao fim dessa história. Assim, o resultado é um romance aconchegante e leve em sua originalidade e carisma.


“Talvez Uma História de Amor” (BR, 2018), escrito por Leo Dan, à partir do livro de Martin Page, dirigido por Rodrigo Bernardo, com Mateus Solano, Thaila Ayala, Bianca Comparato, Totia Meireles, Elisa Lucinda, Nathalia Dill, Dani Calabresa, Paulo Vilhena, Jacqueline Sato, Marco Luque e Juliana Didone.


Trailer – Talvez Uma História de Amor

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