Sonho de Cassandra Filme

O Sonho de Cassandra | Saudade do outro Allen

É mais que possível sair de uma sessão de O Sonho de Cassandra e desconfiar que aquilo ali não foi feito pelo paranoico cineasta novaiorquino Woody Allen. Com uma trama chata e carregada de redundância, esse terceiro filme de sua fase “europeia”, só provoca um sentimento: o de saudades.

Na trama passada na Inglaterra, Collin Farrel e Ewan McGregor são irmãos que, entre um e outro problema, se viram, sempre se ajudando em tudo que precisar, até que um deles se mete em uma enrascada um pouco maior, com ambos tendo que pedir ajuda para o bem sucedido tio vivido por Tom Wilkinson, mas que acabam tendo que fazer um favor para ele, um que pode por tudo a perder.

A começar pela trama, que não cria expectativa nenhuma, se arrasta o tempo inteiro e acaba falhando em uma desfecho pouco impressionante e nada inspirado, todo resto do filme é uma chatisse sem tamanho. A impressão que se tem é de um roteiro preguiçoso que, por não se sustentar em suas reviravoltas fica enchendo a história de pistas a serem buscadas no fim de cada ato do filme. Na primeira parte do filme, o Tio Howard fica sendo citando incessantemente, já ficando mais que claro que é ele que, sendo o centro das esperanças de todos, se tornará o pesadelo de todo mundo quando chegar.

O roteiro de Allen se perde ainda mais tentando, a cada momento do filme, mostrar alguma coisa que parecesse relevante para a trama, mas que no final das contas não serve para nada, a não ser para desenvolver um ou outro personagem, e o pior, que em geral ficam em um plano a anos de distancia dos dois protagonistas, com isso servindo só para encher o filme de possibilidades. Mas que, infelizmente, não as usa nenhuma no fim sem graça.

E falando nos protagonistas, mesmo nas mão do diretor, que sempre arrancou boas atuações, parecem não se achar dentro dos personagens. A verdade é que Farrel não passa nem longe de bancar o irmão inseguro que pode por tudo a perder, deixando de longe uma fragilidade necessária, já do outro lado McGregor se encaixa melhor, mas acaba não conseguindo atingir a força necessária que a trama pede. Talvez uma inversão dos papeis tivesse sido uma solução simples e mais acertada.

Felizmente, Woody Allen ainda tem seus momento de Woody Allen, e mesmo se escorando demais na trilha sonora instrumental de Phillip Glass, cria uma ótima sequencia de suspense, além de alguns diálogos entre os irmãos que provocam aquela risada pelo canto da boca, onde as pessoas no cinema parecem não ter coragem de rir, característica de seus filmes.

Infelizmente esses momento são muito pequenos e não ocupam tempo suficiente para fazer o filme valer a penas por elas, fazendo de “Sonho de Cassandra” mais um daqueles filmes de Woody Allen a serem esquecidos em sua vasta filmografia.


Cassandra´s Dreams (EUA/GB/FR,2007) escrito e dirigido por Woody Allen, com Collin Farrel, Ewan McGregor e Tom Wilkinson


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