Rifle Filme

Rifle | Um grande exercício de futilidade


Rifle poderia ser chamado de exercício de futilidade, mas quem faz exercício tem o objetivo de melhorar. E não é isso que vemos no filme. Nele há altos e baixos que poderiam sugerir alguma linha de pensamento. O espectador anseia por significado. Mas no final fica claro que tudo não passa de uma grande bobagem.

A história se passa no sul do Brasil, onde uma região pecuarista decadente está sendo comprada por grandes produtores de soja (aqui na história, folcloricamente apenas um comprador). Não é segredo que a maior parte da soja produzida no país é exportada. Assim como a carne. Então podemos dizer que há um empate técnico de interesses.

Mas nada disso é discutido no filme. A maioria dos dados sobre o tema você irá ter que trazer de casa. A história em si é uma tentativa de romantizar e justificar a bandidagem. O ritmo com que a história é imposta, principalmente no começo, é de fazer dormir. Tudo gira lentamente no dia-a-dia da fazenda, e logo o tempo não importa mais, mas a causalidade. Há ladrões de carne espalhados pela região que fazem o que quiser com os moradores e suas reses. Aparentemente ninguém tem sequer um rifle nas residências para proteção.

E é ironicamente a causalidade (o remorso de ter que sair da região) e um rifle que faz com que um jovem (Dione Avila De Oliveira) comece a praticar violência a distância contra veículos na estrada. Dessa forma o equipamento que serve para proteção é utilizado para descontar a raiva adolescente contra os mecanismos da realidade.

Rifle Crítica

Os atores do filme se tornam personagens. Seus nomes próprios são usados como os nomes dos personagens, e acreditamos que eles são pessoas reais. Tudo isso vai sendo entendido através de diálogos quase incompreensíveis dos nativos, que falam com sotaque em cima de um design de som pavoroso. Não é possível entender muito com essas falas, mas o pior é não conseguir entender a história pela narrativa, que é preguiçosa a ponto de não conseguir estruturar o que pretende, ou é algo tão aberto que chega a ser covarde suas conclusões. Escolha uma das duas opções. Tanto faz. O filme não fica melhor por causa disso.

Na verdade, fica pior. Este é um ótimo exemplo de como há um certo movimento no cinema brasileiro que está usando como clichê os cortes secos, a falta de trilha, o lugar-comum das discussões sociais vazias ou sem muito preparo. São crias de trabalhos muito mais ambiciosos, como Aquarius e Que Horas Ela Volta?, mas essas crias tentam discutir as mesmas questões dando murro em ponta de faca. Ou, no caso, atirando com um rifle na beira da estrada.


“Rifle” (Bra/Ale, 2016), escrito por Davi Pretto, Richard Tavares, dirigido por Davi Pretto, com Dione Avila De Oliveira, Evaristo Pimentel Goularte, Francisco Fabrício Dutra dos Santos, Sofia Ferreira, Andressa Nogueira Goularte


Trailer – Rifle

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