Pânico na Neve

Por Vinicius Carlos Vieira em 01 de Outubro de 2010

Se o terror é feito de idéias criativas para colocar seus personagens em risco de morte, “Pânico na Neve” sairia muito, mas muito a frente mesmo, da grande maioria dos filmes do gênero. Porém, a verdade é que, se as idéias são o pontapé inicial, são os outros dois terços de filme que fazem dele o que ele é, e nesse ponto “Pânico na Neve” derrapa (para não perder o trocadilho)

Na trama, escrita e dirigida por Adam Green, um “especialista” no gênero, vindo de um punhado de curtas e filmes bem menores que esse, um trio de jovens, em um fim de semana de esqui, acabam conseguindo subir uma ultima vez a montanha, por um teleférico, afim de um derradeira descida antes de irem embora. O problema surge quando, por desleixo de um funcionário, os três acabam sendo esquecidos em uma das cadeirinhas quando tudo é desligado.

Mesmo que grande parte do filme até funcione graças a essa premissa, já que Green consegue passar bem a aflição da situação por si só, o caldo desanda justamente quando a trama começa a perceber que não tem um filme de pouco mais de quarenta minutos, sendo obrigado então a dilatar um conflito que não sobrevive sem o ritmo, já que é, em tese, um filme de terror.

Enquanto por um lado a dinâmica entre os três personagens carregaria bem a narrativa, isso acaba só acontecendo até certo ponto, exatamente quando o gênero mais precisa desse “apoio moral”. Em uma ausência total de qualquer tipo de sutileza Green começa a prever todas ações do roteiro e acaba pouco se importando o quanto tudo aquilo vai fazer sentido ou não diante das ações dos personagens, desacreditando-os totalmente. Não só por começar o filme acompanhando as engrenagens do teleférico e esfregando na cara de todos que ali “ele é o vilão”, mas criando uma dinâmica quase sem função narrativa entre os três.

Em certo momento um deles reclama do snowboard e em outro, o amigo diz que seu maior medo seria ser devorado por algum animal, assim como a namorada de um deles faz questão de ser totalmente inexperiente em todos os assuntos ligados a neve. O resultado disso tudo, são lobos, um snowboard frustrado (vergonhosamente sentado sobre a prancha) e, bom, ela vai sofrer muito com o gelo, mas a ironia da situação faz seu papel no fim das contas.

Por mais que tudo possa parecer spoiler, infelizmente o espectador, do mais ao menos experiente, vai pescar tudo isso logo de cara, sem o mínimo esforço. Assim como, provavelmente, vai ver esfregado em sua cara até a ordem de mortes e sacrifícios, tornando tudo ao redor da trama, dos personagens e do andamento, uma experiência obvia e sem graça.

Diante de todo desastre, pelo menos o nome de Green se salva, um pouco, diante de sua preocupação com o clima muito mais do que com o terror visual, seu filme é repleto de barulhos de ossos rasgando carne, pelo som do cabo de aço se rompendo, do vento assobiando e de relances do defunto enterrado na neve, muito mais que de vislumbres do gore da situação toda. É bom lembrar que isso tudo só não salva o filme (além de ocupar uma parte muito pequena da trama) em razão do mesmo Green se perder em um melodrama meloso, com direito a lembranças tristes da infância, pequenos cachorrinhos abandonados e decepções amorosas, acompanhados de uma trilha sonoro instrumental horrorosa que não deixa o filme chegar a absolutamente lugar nenhum.

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Frozen (EUA, 2010) escrito e dirigido por Adam Green, com Emma Ball, Shawn Ashmore e Kevin Zegers

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1 Comentário. Deixe novo

  • Ruim. A História é até comovente, com bastante isolamento dos três ‘aventureiros’, mas o enredo mal envolve 5 pessoas do começo ao fim!
    São uns cinco momentos de suspenses e olha lá…
    Sem comparação, perdi sei lá quanto tempo e dinheiro pra colabora…Estou decepcionado com esse.’
    Na melhor das intenções Pessoal,nem percam tempo.Qualquer outro é melhor
    SEM INDICAÇÕES ¨ –

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