Oscar: Melhor Curta-Metragem de Animação

Das cinco obras indicadas à categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação no Oscar deste ano, duas não estão disponíveis no Brasil ou na internet: A História de um Urso, de Gabriel Osorio e Daniel Castro, e Prologue, de Richard Williams. Nos voltemos, então, aos outros três: o adorável Os Heróis de Sanjay, de Sanjay Patel; o tocante We Can’t Live Without Cosmos, de Konstantin Bronzit; e a obra-prima World of Tomorrow, de Don Hertzfeldt.

Exibido antes de O Bom Dinossauro, Os Heróis de Sanjay é inspirado nas experiências de seu próprio diretor, Sanjay Patel. Importante ao se estabelecer como o primeiro curta-metragem da Pixar sem um protagonista humano que seja caucasiano, o curta retrata o desejo do protagonista de curtir seu desenho animado preferido, enquanto seu pai espera que o garoto junte-se a ele na hora da oração. Percebendo a decepção do pai, Sanjay finalmente une-se ao rito mas, enquanto logo se distrai novamente pensando nos super-heróis do desenho, começa a juntar os dois elementos em sua imaginação: um trio de deuses hindus, assim, viram heróis prontos a batalhar o antagonista — com a ajuda imprescindível, claro, de Sanjay. Essa “luta de interesses” é claramente parte importante da criação de Patel enquanto adulto e cineasta, e essa familiaridade permeia a narrativa, fazendo deste um filme adorável e divertido.

We Can’t Live Without Cosmos também usa de uma imaginação extensa para contar sua história. No curta russo, acompanhamos dois astronautas que, em uma base espacial, se preparam para sua primeira missão. Melhores amigos — e fascinados pelo espaço — desde a infância, um acontecimento faz os astronautas se separarem e, desolado, o que permanece na base começa a se afastar cada vez mais de si mesmo. Retratando temas pesados e assustadores de forma delicada, o curta é muito eficiente em envolver o espectador nos sentimentos dos personagens centrais, investindo em um ritmo singelo, mas também ágil, e constrói a dinâmica entre os astronautas de forma natural.

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Mas, este ano, não tem para ninguém: é praticamente impossível que World of Tomorrow não leve a estatueta dourada para casa — e o prêmio não poderia ser mais merecido. Em apenas 16 minutos, o curta de Don Hertzfeldt traz mais informações do que muitos longas-metragens, desenvolvendo um universo inteiro dentro desse tempo. A animação nos apresenta a Emily Prime, uma garotinha de quatro anos que, certo dia, recebe uma mensagem de Emily, um futuro clone seu, que retém suas memórias em um processo que busca alcançar a vida eterna para os seres humanos.

Através de uma viagem no tempo, a Emily do futuro leva a Emily do presente por uma jornada entre suas lembranças, apresentando a garota aos estranhos romances, desgostos e experiências que ela mesma, um dia, viverá. Passando por monstros dentro de potes a cadáveres caindo do céu como estrelas cadentes, World of Tomorrow utiliza um humor extremamente negro e algumas das premissas básicas da ficção científica (viagem no tempo e no espaço, clonagem, a busca pela vida eterna) para falar sobre possibilidades, arrependimentos e esperanças.

Uma obra-prima inigualável a seus concorrentes, World of Tomorrow não tem dificuldades em se estabelecer como melhor curta-metragem do ano (e como um dos melhores filmes do ano), mas Os Heróis de Sanjay e We Can’t Live Without Cosmos também possuem méritos que merecem ser conferidos.

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