Os 10 Melhores Filmes de 2019 | Vinicius Carlos Vieira


[dropcap]B[/dropcap]em vindos a 2020, mas ainda é hora de celebrarmos o que rolou em 2019, principalmente no cinema, que acabou sendo uma das grandes armas para enfrentar um cenário pesado, esquisito e meio de pernas para o ar. Quando nem a Terra mais era redonda, o cinema lutou pelo bom senso.

Melhor ainda, o cinema parece ter entendido mais uma vez a força que nunca deixou de ter. Seja para fazer pensar, seja para divertir. A grande saga da Marvel chegou ao fim depois de vinte e tantos filmes e mais de uma década, Vingadores: Ultimato não só se tornou um fenômeno pop, como ainda atropelou todos primeiros colocados da lista de maiores bilheterias da história. Mais de dois bilhões de dólares nas bilheterias e a certeza de que essa história está bem longe de acabar. Do outro lado, aquele do pessoal com capa, sua principal marca não esteve nas telas, mas com certeza ajudou a alavancar o visceral, violento e perturbador Coringa, fazendo com que o filmes estrelado pelo vilão se tornasse uma mania mundial.

Um ano que deu espaço para John Wick matar mais algumas centenas de vilões, mas queria mesmo é entender o que estava por trás das entrelinhas. Rambo estreou seu quinto filme e não teve medo de polemizar com toda questão de imigração que ocupou as manchetes dos Estados Unidos. Há quem tenha defendido, há quem tenha se ofendido, mas ninguém se permitiu ignorar. Entre os milhões de dólares das grandes produções, havia espaço para discutir o que estava fora das telas.

Olhar para trás é poder enxergar o quanto os cineastas tiveram a oportunidade de discutir o mundo aos seus redores, e o fizeram. Exterminador do Futuro: Destino Sombrio pode até ser esquecido, mas se esforçou para ser uma alegoria politizada e que deve ter irritado muita gente que não quer mais ouvir falar de empoderamento e igualdade.

Sim, ainda há gente lutando contra bandeiras que são levantadas com o intuito de fazer do mundo um lugar melhor. É justamento por elas existirem que o cinema está cada vez mais consciente de sua responsabilidade de enfrentar o século 21 com todos seus problemas e apreensões. Infelizmente muita gente ainda ignora isso, Star Wars preferiu dar um passo atrás e esquecer o que tinha sido construído, tudo isso para ganhar o afeto desses “cansados de igualdade”, enquanto o engenheiro disso tudo, Ria Johnson, que dirigiu o estonteante Os Últimos Jedi, deixou esse nono episódio de lado para construir uma obra que misturava, diversão, um assassinato misterioso, muitas reviravoltas e uma lição contra xenofobia, preconceito e mais um monte de imbecilidades que ainda estão presentes fora das telas.

Mas vamos ao que interessa. Dez filmes. Uma dezena de filmes que, por uma razão ou outra, merecem ser celebrados, lembrados, discutidos, revistos e sempre lembrados. Os dez melhores filmes de 2019 lançados nos cinemas do Brasil, tudo apenas em ordem alfabética, sem melhores nem piores, apenas cada um com uma razão específica para estar nessa lista final.

E até 2021!

Bacurau | “Bacurau” (Bra, 2019), dirigido por Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho

A dupla de diretores (e também roteiristas) não só criou uma alegoria violenta sobre o Brasil, como criou uma mistura da crueza de John Carpenter, com a violência e o humor esquisitão de Quentin Tarantino. Bacurau é tenso, político, divertido e fantástico, já que não desperdiça a oportunidade de ainda ser uma ficção científica inteligente que, como o gênero pede, enxerga o mundo ao seu redor com um olhar crítico impressionante.

Dor e Glória | “Dolor y Gloria” (Esp/Fra, 2019), dirigido por Pedro Almodóvar

É incrível ver um gênio do cinema trabalhando. Não existe nada fora do lugar nesse drama sensível que tem cara de autobiográfico e uma leveza e humanidade que são apaixonantes. Almodóvar ainda dá um jeito inteligente e perspicaz de fazer com que seu espectador esteja vendo algo tão mais complexo, mas de um jeito sutil e leve. Em uma carreira cheia de clássicos, Dor e Glória com certeza encontra um espaço entre os melhores filmes da carreira de Amodóvar.

Era Uma Vez em… Hollywood | “Onde Upon a Time… in Hollywood” (EUA, 2019), dirigido por Quentin Tarantino

O diretor de Pulp Fiction volta a uma história real, mas de seu jeito. Assim como fez em Bastardos Inglórios, seu único compromisso com a realidade é com aquela realidade que fica melhor em seu filme. E que realidade! Assim como o título diz, seu novo filme é uma fábula sobre o fim de uma Hollywood que foi marcada por uma tragédia, mas também pelo sorriso inocente de uma de suas grandes estrelas. Era Uma Vez em.. Hollywood é sobre o cinema, mas mais precisamente sobre aquele momento que transformou a Holywood de ontem, na Hollywood de hoje.

Fora de Série | “Booksmart” (EUA, 2019), dirigido por Olivia Wilde

Fazer uma comédia adolescente inteligente, engraçada, com atuações incríveis, um clima certo (leia aqui “sem gente fazendo qualquer tipo de escatologia!”) e ainda assim diferente de tudo que o cinema já produziu é uma possibilidade para poucos. Olivia Wilde, dirigindo seu primeiro longa faz isso tão bem que deve fazer com que seu filme ainda seja lembrado por um bom tempo quando se discutir as melhores comédias dos últimos tempos.

História de um Casamento | “Marriage Story” (EUA, 2019), dirigido por Noah Baumbach

Baumbach é um diretor acostumado a criar filmes humanos, portanto não é surpresa que seu novo filme atinja esse nível de humanidade e vontade de ser real. Mas o diretor não quer apertar o “rec” e deixar o filme acontecer, mais sim criar uma realidade meio ampliada, mas com os pés no chão e as lagrimas nos cantos dos olhos. Uma história emocionante, com uma direção descomunal e duas atuações que devem se tornar alguns dos melhores de Adam Driver e Scarlett Johansson.

Inocência Roubada | “Les Chatouilles” (Fra, 2018), dirigido por Adréa Besncond e Eric Métayer

Falar sobre um assunto tão pesado como pedofilia é sempre um problema, fazer isso enquanto domina a linguagem do cinema, envolvendo o espectador em um labirinto de impressões, devaneios, lirismo e o esforço para enfrentar as lutas e medos de quem teve sua infância roubada, é um presente. Um filme leve, emocionante e à flor da pele sobre um assunto pesado e incomodo. Uma experiência única.

O Irlandês | “The Irishman” (EUA, 2019), dirigido por Martin Scorsese

Ver Scorsese levar aos cinemas uma de suas maiores obras é algo único. Não existe nada fora do lugar nesse épico onde o tempo parece passar de um jeito só dele. Três horas e meia que parecem 90 minutos enquanto você tem a companhia de três dos maiores talentos da história do cinema (De Niro, Pesci e Pacino), com um diretor no ápice de suas capacidades e uma montadoras (Thelma Schonmaker) que mostra que o tempo é relativo.

Nós | “Us” (EUA, 2019), dirigido por Jordan Peele

Depois de Corra!, um sucesso que ruma para se tornar um clássico do gênero, Peele faz aquilo que quase ninguém esperaria: Um filme maior e ainda mais surpreendente. O que em Corra! era uma camada, aqui se torna uma experiência completa que tenta entender o mundo onde ele vive, com todas dores, preconceitos, ignorâncias e violências. Tudo isso mascarado por um terror meio esquisito, onde nada é o que parece e você pode até achar que está entrando em um filme de zumbis. Sim, tudo isso e com consciência social.

Parasita | “Gisaengchung” (Cor, 2019), escrito por Bong Joon Ho

Bong Joon Ho vem acumulando uma das melhores e mais impressionantes carreiras do cinema mundial. De Memórias de um Assassino até O Hospedeiro, passando por Mother, Expresso do Amanhã e Okja, o diretor coreano vem transitando por vários gêneros e possibilidades de contar uma história. Mas em Parasita ele faz isso de modo ainda mais sutil e complexo, cheio de surpresas e entrelaçado com uma crítica social pertinente e obrigatória, que esfrega na cara do espectador a dor das diferenças sociais e mergulha por uma história que se permite ser uma farsa delirantemente violenta e poderosa. É impossível acabar de ver Parasita e não trazer ele com você por mais um bom tempo.

Rocketman | “Rocketman” (EUA, 2019), dirigido por Dexter Fletcher

Esqueça a ideia monótona de Bohemian Rhapsody, uma verdadeira cinebiografia de um rockstar precisa ser explosiva, dinâmica, fantasiosa, com o som lá no alto, canções no volume máximo e a impressão de que você está conhecendo realmente o Elton John que deveria, que os fãs amam e que o público irá se apaixonar. Para ver, cantar junto, dançar e entender como esse garoto tímido se tornou uma das maiores estrelas da música mundial.

Menções Honrosas (que não entraram no top 10 por muito pouco!)

Entre Facas e Segredos, O Mal Não Espera a Noite: Midsommar, Anos 90, Coringa, Ford vs. Ferrari, Cafarnaum, Negócios de Família, Toy Story 4, Predadores Assassinos, Vox Lux: O Preço da Fama, Suspiria: A Dança do Medo, Indústria Americana, Diga Quem Sou Eu, A Mula e Climax

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